Do livro O Canto do Acauã de Marilourdes Ferraz.
"Regressando do assalto em Água Branca, Lampião entrou de surpresa em Nazaré. Era a primeira vez que o fazia desde a sua saída para Alagoas em outubro de 1919. Estava confiante no acordo de paz que propusera aos nazarenos através de "Sinhô" Pereira. De qualquer modo, os moradores do povoado estavam temerosos por se acharem desprovidos de armas e munições caso os bandoleiros quisessem efetuar vingança; todos sabiam o quanto Lampião era rancoroso e extremamente vingativo.
Mas os bandoleiros não molestaram a ninguém, pois vinham bastante eufóricos pelos resultados obtidos no roubo de Água Branca. E neste ponto incidia o aspecto constrangedor e também comprometedor daquela visita. Manuel Flor relembrou aquele dia: "Dançaram muito a 'Mulher Rendeira', acompanhada do xaxado, que pela primeira vez presenciei, bem ritmado, em perfeita harmonia com a música. Tenho dúvidas se essa modalidade de dança foi criação do grupo de Lampião ou de Sebastião Pereira porque os principais dançarinos eram Baliza, Vereda, Mão-de-Grelha e outros veteranos de Sebastião.
A dança foi realizada à tarde, sob uma quixabeira que à época existia no centro do povoado e a cuja sombra se realizava a feira. Foi um espetáculo que nos empolgou ver todos aqueles homens, chapéu de couro na cabeça, dançando e cantando:
"Olé mulé rendêra
Olê, muié rendá
Tu mí insina a faze renda
Qui eu ti insino a namorá
Olé mulé rendêra
Olê, muié rendá
Choro por mim não fica
Só si eu não vê chorá
As piquena vai no bolso
As maió vai no borná".*
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franpelima@bol.com.br
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