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terça-feira, 25 de maio de 2021

A PASSAGEM DE CORISCO POR CAFARNAUM

Como hoje comemora-se o fim definitivo do cangaço, com a morte de Corisco e a prisão de Dadá, nessa referida data de hoje. Vou publicar esse texto do meu amigo Leandro Barreto, em sua narração, ele nos conta com precisão todos os acontecimentos ocorridos, Leandro Barreto é um escritor e historiador da cidade de Cafarnaum-Bahia, cidade essa, onde partes dos fatos aconteceram.

A PASSAGEM DE CORISCO POR CAFARNAUM

CAFARNAUM faz parte da fase final do cangaço, por aqui o último cabra de Lampião passou vivo e retornou moribundo na carroceria de um caminhão, quando criança eu ouvi vários relatos de Zé de Cazuza e meu avô Tavinho que foram testemunhas oculares deste evento, que presenciaram Dadá praguejando, cuspindo e desafiando pessoas a sua volta que debochavam de sua situação e de seu Corisco. Existem vários documentários no YouTube que atestam meu relato além de diversos livros publicados. Meu intuito é certificar e fazer com quê Cafarnaum seja oficialmente inserido no roteiro do cangaço.

Neste 25 de maio fazem 81 anos que o Diabo Louro passou em Cafarnaum moribundo com sua companheira Dadá.

Cristino Gomes Cleto o Corisco foi um dos mais valentes e cruéis cangaceiros do famoso bando do Capitão Virgulino ou Lampião, e por uma ironia do destino passou morto em cima da carroceria do caminho de Zé Cláudio pelo então arraial de Cafarnaum em 25 de maio de 1940. Zé Cláudio era um caminhoneiro natural de Miguel Calmon, mas, que vivia transportando carga para Cafarnaum entre as décadas de 1940 a 1960.

Vamos ao inicio de tudo: Corisco juntamente com sua companheira Sérgia (Dadá), após anos de combates pelo sertão nordestino, decidem abandonar o cangaço com a anistia dada pelo governo de Getúlio Vargas, eles rumaram com destino à cidade de Bom Jesus da Lapa. Chegando no dia 23 de maio de 1940 a um lugar denominado de fazenda Pacheco (cidade de Barro Alto - BA) propriedade de José Pacheco, ali onde Corisco, Dadá e Zefinha pedem pousadas ao dono da fazenda que os instala numa casa de farinhas

O tenente Zé Rufino, que já vinha no encalço do cangaceiro há anos e sabendo da grande quantia de dinheiro e ouro que Corisco carregava, chega à cidade de Miguel Calmon e junta vários soldados para capturar Corisco. Entre os soldados: José Rocha (Zé Roxão), Mulungu, Maninho Caraibeiro, Gervásio Silva, além do motorista José Cláudio, que era o único que rodava para as caatingas naquele tempo e conhecia muito bem as estradas do sertão.

Corisco pede a José Antônio, filho de José Pacheco, que faça algumas compras para eles em Barro Alto e, na volta eles iniciariam a viagem com destino a Bom Jesus da Lapa.

No dia 25 de maio de 1940, o tenente Zé Rufino chega a Barro Alto, e começa a intimar a todos que estavam no povoado e quando José Antônio já estava de saída para a fazenda Pacheco, o tenente Zé Rufino o aborda e pergunta se ele tinha visto pessoas com as características de Corisco e Dadá pelas redondezas, de imediato ele responde que essas pessoas procuradas estão arranchadas na fazenda de propriedade de sua familia. Zé Rufino obriga-o a subir no caminhão de Zé Cláudio, e ruma no sentido da fazenda Pacheco. Assim que chegam à fazenda, eles fazem um cerco para evitar a escapada de Corisco. Dadá aproximou-se da janela e viu os soldados atrás das cercas, alertou Corisco da presença dos policiais. Ele e Dadá tentam escapar pela porta dos fundos, mas, os soldados estavam bem armados com metralhadoras e fuzis que de imediato abriram fogo para cima do casal de cangaceiros. Dadá logo foi alvejada por uma bala de fuzil e caiu gritando e chamando por Corisco, que voltou e também tombou baleado com vários tiros de metralhadora. Ainda mostrou resistência, mas, no retorno em cima do caminhão não aguentou os ferimentos vindo a falecer. Morreu um dos últimos cabos-de-guerra de Lampião. Dadá com a pera destruida pelo projétil veio em todo o trajeto de até cidade Miguel Calmon praguejando contra todos os curiosos que tentavam olhar o corpo de Corisco moribundo.

Chegando ao arraial de Capharnaum, fizeram uma breve parada na porta do estabelecimento comercial de Paulino Nascimento, onde fizeram um lanche, atraindo com suas presenças uma multidão de curiosos. A população atônita não acreditava estar diante do Diabo Louro (apelido dado a Corisco pelo próprio Lampião). Em cima do caminhão estava Dadá, baleada ao lado do cadáver de Corisco, cuspia e xingava todos os curiosos que encostavam na carroceria. Chegando a cidade de Miguel Calmon, médicos amputaram a perna direita de Dada, enquanto o corpo de Corisco era enterrado no cemitério daquela cidade. Após cinco dias do sepultamento de Corisco, policiais voltam a Miguel Calmon, onde exumaram o cadáver e arrancam-lhe a cabeça e o braço direito, para exporem no instituto Nina Rodrigues de Salvador - BA. Dadá, por sua vez casou se novamente em Salvador, onde faleceu em 07 de fevereiro de 1994, vitima de Câncer. E está foi à passagem do famigerado cangaceiro Corisco pelas terras de Cafarnaum.

*Dados contidos no livro CAFARNAUM, nossa história, 2013, Leandro Barreto.

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