ISABELA BARREIROS/ATUALIZADO POR PAMELA MALVA PUBLICADO EM 26/02/2021
Aquela parecia ser apenas uma manhã comum na próspera cidade romana de Pompeia. Nas primeiras horas do dia, as ruas vazias sugeriam que a maioria dos habitantes ainda estava dormindo, após uma noite agitada nos ginásios, assistindo à luta dos gladiadores.
Com suas portas abertas, comerciantes acompanhavam o lento caminhar dos senhores, que, na madrugada anterior, beberam mais vinho do que conseguiam se lembrar. O problema é que aquele dia 24 de agosto do ano 79 d.C. não seria como outro qualquer.
De reprente, sem que as pessoas soubessem o que estava acontecendo, o ar de Pompeia tonrou-se impossível de inalar. A temperatura cresceu e a terra pareceu tremer. Do alto do Monte Vesúvio, a lava, as cinzas e inúmeras pedras-pomes compunham um cenário letal, impossível de evitar, que, em pouco tempo, iria destruir a cidade.
Todas as construções foram cercadas pelo material vulcânico, que deixou milhares de vítimas para trás. Como recordação daquele trágico dia, os destroços da antiga Pompeia foram eternizados nas ruas da cidade, criando um melancólico sítio arqueológico.
Um homem e seu escravo
Durante anos, pesquisadores e arqueólogos investigaram os vestígios de Pompeia e descobriram histórias das pessoas que viveram na cidade antes de eupção do Vesúvio. Muitas dessas pesquisas revelaram informações curiosas sobre os habitantes da região.
Esse foi o caso de uma expedição realizada em novembro de 2020. Na ocasião, o diretor do parque arqueológico de Pompeia, Massimo Osanna, divulgou a descoberta de dois restos mortais muito bem conservados, que surpreenderam os pesquisadores.
Eternizados da mesma forma que grande parte dos moradores de Pompeia naquele fatídico dia, tratam-se de um homem rico e seu escravo, conforme divulgado por inúmeros portais, incluindo a BBC News e o The Guardian.
Uma descoberta impressionante
A hipótese proposta pelos pesquisadores é de que os dois homens aparentemente conseguiram escapar da queda inicial de cinzas. Ainda assim, eles provavelmente morreram atingidos por uma enorme explosão vulcânica que ocorreu no dia seguinte.
Seus restos foram encontrados em um local cuja estrutura parece com a de um estábulo, onde ainda foram identificados três cavalos, em 2017. Para Osanna, os dois homens "talvez estivessem procurando refúgio" da lava da erupção "quando foram arrastados".
Análises importantes foram realizadas nos dois corpos, com o intuito de entender quem eram aquelas pessoas. A partir do exame dos ossos do crânio, os pesquisadores chegaram à conclusão de que uma das vítimas era um jovem entre 18 e 25 anos, enquanto o outro tinha entre 30 a 40 anos.
Origens e classes sociais
Análises mais profundas também trouxeram pistas sobre quem eram os dois homens. Os osso do habitante mais novo, por exemplo, revelaram uma coluna vertebral com discos comprimidos, provavelmente danificada por fortes trabalhos manuais, o que poderia sugerir que ele vivia seus dias como um servo.
Outras pistas no corpo do jovem também são indícios de sua suposta classe social, como as vestimentas que ele usava naquele dia. Segundo os pesquisadores, cuja teoria foi reverberada pelo The Guardian, ele trajava uma túnica plissada, feita de lã.
Enquanto isso, o outro indivíduo possuía uma estrutura óssea robusta, principalmente na região do peito. E, diferente de seu servo, além da túnica, o senhor parecia usar um manto sobre seu ombro esquerdo, sugerindo uma classe social mais elevada.
Moldes para pesquisa
Para que os restos mortais pudessem ser propriamente analisados, os pesquisadores os submeteram a uma técnica específica de preservação. Eles removeram os ossos das vítimas e digitalizaram os vazios por dentro das cinzas, que endureceram com o tempo.
Depois disso, os espaços ocos foram preenchidos por gesso. A partir daí, os cientistas puderam criar um molde dos corpos dos dois homens. Foi por meio desses modelos, inclusive, que os pesquisadores conseguiram identificar os tecidos dos trajes da época.
Pouco depois do achado, Osanna explicou que os dois homens morreram “por choque térmico, como também demonstrado por seus pés e mãos cerrados". Para o diretor, a descoberta foi “verdadeiramente excepcional”, além de "um testemunho incrível e extraordinário" do momento em que a erupção atingiu Pompeia.
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