Pedro Popoff era até ontem um menino e aparece agora no ato, com outra fisionomia. Se antes era chamado de Pedrinho, agora não mais, pois é um baita Pedro, diria mesmo, Pedrão. Um cordelista como poucos e aqui pegando um texto de surpresa e o interpretando magistralmente no Calçadão da Batista:
Deus e o Diabo contra o Mal Maior
(autoria: Amanda Helena e Cátia Machado)
Essa história que lhe conto
De um diabo atrapaiado
Conseguiu expulsão do céu
Do inferno foi enxotado
Margoso num tinha amigo
Fez Deus perder paciência
Do Tinhoso era inimigo
Criatura desdenhada
Na Terra fez moradia
Bom era em fazer ruindade
E o fez com galhardia
Deu pra si uma missão
Dar fim na alegria humana
Da mais alegre nação
Proseando com um sujeito
Ouviu falar de um lugar
De belezas sem igual
Que tinha um povo sofrido
Cordel, baião, carnaval
Onde a figura margosa
Espalharia seu mal
Sendo só ressentimento
Resolveu firmar-se rei
Ser Mito era seu alento.
Garrou na beira da estrada
Cavalo solto que viu
No lombo do pangaré
Rumou destino ao Brasil
Era cabra muito tosco
De tudo fazia chacota
Pra gente triste, era Mito
Pros felizes, um idiota
E arranjou seguidores
Que pras suas intempéries
Eram fiés batedores
Por anos, pra lá e pra cá
Foi parar no interior
Do estado que era mai rico
Do adormecido Brasil
Foi onde ele encontrou
Mais que fiel escudeira
Rosinha, o seu amor
Rosinha era bonitinha
Mas como dizia a vó
Por fora bela viola
Rosinha era de dar dó
Por dentro, pão bolorento
Que se encantou com Margoso
Montada no seu jumento
Diabo foi tê com Deus
Reclamar o seu papel
Que se era pra sê ruim
O que seria do pobre
Vendo junto os dois tinhoso
Cabrita Rosinha Suína
E o Diabo Margoso
Era Morte das sofrida
Era guerra da vacina
Era tanta inguinorânça
Vestindo Sabedoria
Que já nem o sábio ria
Com tanta desgraça junta
E o povo não entendia
Deus, sem graça, remendou
Nas fala do Capiroto
Precisô se desculpá
Assumiu a distração
E propondo solução
Pra cabá com esses dois
Mió é nóis si juntá
O golpe tava tramado
Si juntaro dos dois lado
Deus e o Diabo de cá
Margoso e Rosinha lá
Si enfrentaro em votação
Queria a de papel
Mas isso deixaro não
Resgataro dos rincão
Onde o sol nasce quadrado
Um homi qui vem do povo
Se dizia injustiçado
Que dará o veredito
Confirmado em eleição
Se vem de Deus ou do Cão
Rosinha garra Margoso
Que era diabo dos Bão
A luta foi coisa feia
Com Deus não se brinca não
Mintira atrás de mintira
Tentando se acreditar
Inté se desmascará
Caíro, os dois, sem sustento
Tombando do pangaré
E do pobre do jumento.
Perdero até o seu rumo
Com as perna dando nó
Nas terras do outro um
Onde quadrado é o Sol
O povo voltou sorrir
Alegria sem igual
Festejando pelas ruas
Cordel, baião, carnaval
O povo cuida do povo
Que ninguém vá duvidá
Dessa desgraça de novo
E assim, voltou o normal
Mas tanto que consertá
E o Diabo, já festeiro
Voltou a atrapaiá
Mas nosso povo, com fé
E sendo Deus brasileiro
Tinha pra quem rezá e aonde se agarrá
OBS.: As fotos são minha e de Eric Schmitt.
HPA, pela transcrição - Bauru SP, domingo, 15 de agosto de 2021.
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