Por Amós Oliveira
Na crônica “Casa das Lâmpadas” que dá título a um de seus livros, David Leite faz um belo resgate, quase poético, do antigo estabelecimento e aproveita para um passeio igualmente lírico pela Rua Cel. Gurgel. No final, dá a deixa para outros discorrerem sobre o tema. É o que vamos tentar fazer, não do mesmo jeito, mas com o mesmo espírito.
Havia empresas mossoroenses com filial na própria Capital Federal, o Rio de Janeiro, desde a década de 1940 ou antes. É o caso das firmas Alfredo Fernandes & Cia, com escritório na conhecida Rua da Alfândega, e S/A Mercantil Tertuliano Fernandes. Ambas eram beneficiadoras e comercializadoras de algodão e tiveram grande representatividade entre as empresas nacionais do ramo. Essa última ainda representava localmente a Panair do Brasil, braço da norte-americana Panam e uma das mais importantes companhias de transporte aéreo que atuavam no Brasil.
Os anúncios divulgados nos meios de comunicação na década de 40 do século passado distinguiam pelo menos duas fábricas de bebidas na cidade. Curiosamente, pelo menos uma delas propagava a produção de vinhos finos quando, de fato, fabricava produtos à base de frutas regionais, o que, como é sabido, não incluía a uva. Por outro lado, produziam-se aguardentes, entre as quais a afamada (segundo o fabricante) “Aguenta o Tombo”. A marca tinha um nome sugestivo, contendo em si explícita mensagem, comparável aos avisos que posteriormente tornaram-se obrigatoriamente estampados nos rótulos de cigarros, a respeito dos riscos associados ao uso ou consumo do produto. Anúncios desses produtos e estabelecimentos estão nas páginas do jornal “O Mossoroense” da época.
Reflexo da expansão da economia e, ao mesmo tempo, motor dessa expansão, a cidade contava com vários estabelecimentos bancários, dois deles de origem local, o Banco de Mossoró e a Casa Bancária S. Gurgel. Além disso, empresas mossoroenses de outros ramos atuavam também como correspondentes do Banco do Brasil em municípios menores, principalmente da região oeste do Rio Grande do Norte. A cidade era servida, ainda nos anos 40, por transporte aéreo de duas das maiores companhias brasileiras de aviação, a já citada Panair do Brasil e a Cruzeiro do Sul, que foi depois incorporada pela Varig, todas hoje desaparecidas. A presença desses estabelecimentos na cena empresarial naquele momento é um indicador de uma cidade que conjugava bem a simplicidade com uma ímpar visão de progresso. Inspiração que se oferece às gerações atuais e futuras.
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