Por Manoel Belarmino
Ali, ao lado
da capela de Santo Antônio do Curralinho, em Poço Redondo, estava a casa de
Maria da Invenção, filha de Maria do Rosário, a grande matriarca dos Soares do
Maranduba. Maria da invenção, herdou a liderança e o poderio do território do
Maranduba. Esse poderio territorial, o Grande Maranduba, que começava na Risada
e se estendia pelo Rancho Velho, Lagoa da Vila, Volta da Caída, Capela,
Aroeiras, Sítio dos Soares, Santo Antônio, Alto Bonito, As Capoeiras, e chegando
ao Curralinho, na beira do Rio São Francisco com o seu casarão ali ao lado da
capelinha de Santo Antônio.
Maria da
Invenção, a filha de Maria do Rosário (a "Mãe Rosara" dos Soares),
passava temporadas no Curralinho, nas festas, e de onde partia em grandes é
demoradas viagens para Propriá e Penedo, e também de onde saída em longas
caminhas em Romaria para o Juazeiro do Norte do Padre Cicero.
Os filhos de
Maria da Invenção, em 1932, dois anos depois da chegada de Lampião a Sergipe,
já eram todos coiteiros dos cangaceiros, acoitando-os em suas fazendas do
território da "Mãe Rosara", o grande Maranduba.
Um dia depois
do sangrento combate do Maranduba, que deixou o chão dos Soares empapado de
sangue, a vegetação queimada pelo fogo da pólvora das armas das volantes e dos
cangaceiros, as tropas das volantes rumaram para o Curralinho na intenção de
descansar, socorrer os feridos e por ser mais fácil, pelo rio, o acesso aos
transportes.
Liberato de
Carvalho, um dos comandantes das volantes, chegando ao Curralinho, soube que os
Soares eram coiteiros dos cangaceirose e decidiu mandar prender todos os filhos
de Maria da Invenção que estavam no Curralinho e na Fazenda Capoeiras. Lê
Soares, Francisco, Luiz e outros, foram presos e levados de canoas para o
quartel em Canindé.
Antônio
Soares, que estava no coito de Lampião, no Maranduba, naquele dia 9 de janeiro,
com seu burro de carga transportando água, queijo, bebidas e outros alimentos (dizem
que também balas), quando escutou os primeiros disparos dos cangaceiros e volantes,
desabou no oco do mundo. Antônio Soares nunca tinha visto um estouro de balas
daquele tamanho. Ficou tonto. Correu tanto, que foi parar nas Capeiras, na
beira do rio, perto de Curralinho. No mesmo dia, atravessou o rio. Em Alagoas,
juntou-se aos romeiros de Nossa Senhora das Candeias e só se assossegou quando
chegou ao Juazeiro e se confessou com o Padre Cicero. Contou tudo ao seu Padim.
E ali ficou até o dia da morte do seu Padim do Juazeiro.
Em setembro de
1934, depois da morte do padre Cícero, Antônio Soares retornou para o Maranduba
e foi procurar a sua família nas capoeiras. A família Soares nem imaginava que
Antônio Soares tivesse vivo.
Voltando às
prisões dos filhos de Maria da Invenção. Quando a líder dos Soares soube que
todos os seus filhos que estavam ali no Curralinho e nas Capoeiras foram
presos, teve que fazer, de forma dramática, e que não era do seu feitio,
procurar o comandante das volantes que estava arranhado na casa de Totonho
Lameu ali mesmo no Curralinho e ajoelhar-se aos pés do comandante Liberato de
Carvalho para pedir que não matasse os seus filhos. Na noite daquele mesmo dia
10 de janeiro de 1932, todos os Soares que estavam presos no quartel de Canindé
foram soltos.
Mais tarde,
três de netas de Maria da Invenção entram no Cangaço. Foram elas: as duas irmãs
Adelaide e Rosinha e a tia das duas, Áurea. Áurea era filha de Tonho
Soares(Tonho Nicácio), primo irmão do Antônio Soares que estava no momento do
combate do Maranduba, e Rosinha e Adelaide eram filhas de Lê Soares.
O casarão dos
Soares no Curralinho já não existe mais com a arquitetura original. Ali hoje é
a casa do empresário Oderman de Poço Redondo.
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