Por Helton Araújo
Apesar de não
fazer pesquisa de campo, graças as mídias sociais do canal Cangaço Eterno, eu
tenho sempre a oportunidade de conhecer pessoas pelo Brasil todo e assim, por
vezes nos chegam informações relevantes de pessoas com ligação ao cangaço.
Hoje falarei
sobre mais um personagem que ficou oculto em meio a história desse fenômeno
social que até hoje mexe com nosso imaginário.
Otávio Alves
da Mota nasceu em Itabi-SE, no dia 14 de setembro de 1914 e antes de se
aventurar na luta contra os cangaceiros era um simples lavrador, que vivia do
suor de seu digno trabalho.
Assim como
outros tantos, as circunstâncias que os sertanejos da época eram submetidos o
fez ter de escolher um lado na guerra entre cangaceiros e volantes.
Os motivos
para esse homem decidir encarar um desafio tão árduo não foram poucos. Lampião
e seu bando atearam fogo no armazém da família da sua então noiva, além do
mais, o bando de Mariano extorquiu o pai de Otávio, o mesmo foi molestado e
humilhado pelo bando do feroz cangaceiro, além de seus familiares terem animais
mortos pelo bando desse mesmo cangaceiro.
Otávio no ano
de 1932 entrou para volante como soldado contratado, além de também ter
trabalhado como rastejador. Atuou de início com o Cabo Nicolau (que seria
assassinado anos depois), em seguida com o tenente Zé Rufino e por último com o
tenente João Bezerra.
Em suas lutas
e sofrimentos em perseguição aos cangaceiros, o destino cuidou de colocar em
seu caminho um antigo desafeto, o afamado cangaceiro Mariano. Como bem sabemos
na região do Cangaleixo em 10 de outubro de 1936, Mariano, Pai Velho e Pavão
foram mortos e decapitados pela volante de Zé Rufino, onde em tal ocasião
trabalhava o soldado Otávio.
Além desse
fato, Otávio esteve presente nas mortes dos cangaceiros Serra Branca, Eleonara
e Ameaço. Onde integrava a volante de João Bezerra, ele também aparece na foto
das entregas dos cangaceiros, onde se fazem presentes junto com os volantes,
Pancada, Maria Jovina, Cobra Verde, Vinte e Cinco, entre outros cangaceiros.
Já o ápice de
sua luta contra o cangaceirismo, foi na famosa ação na grota do Angico em 28 de
julho de 1938, onde foram mortos Lampião, Maria Bonita e mais 9 cangaceiros,
sendo uma testemunha ocular de um dos fatos mais famosos da história do
cangaço. Neste mesmo ano de 1938, o soldado Otávio encerrou suas atividades
como volante.
Um fato
curioso sobre o soldado Otávio é que ele era muito amigo de Antônio de Jacó, o
Mané Velho e também de Pedro de Cândido, famoso coiteiro de Lampião.
Com o dinheiro
que recebeu por seus atos naquele fatídico dia, rumou com sua esposa Eutália
Gomes da Mota para o interior de São Paulo onde comprou uma chácara e passou a
trabalhar com suínos. Depois disso se mudou para Xambrê no estado do Paraná,
onde trabalhava como administrador de uma grande fazenda.
Já idoso e
acometido por alguns problemas de saúde, um de seus filhos o levou para morar
consigo na capital de São Paulo, onde o mesmo veio a falecer meses depois, aos
96 anos por falência múltipla de órgãos, no ano de 2010.
O soldado
Otávio foi mais um entre tantos que viveu e presenciou as terríveis situações
que o cangaço oferecia naquela época. Deixou boas informações para seus
familiares, que em breve vos apresentarei em postagens e em uma live com seu
neto Osmar.
Agradeço pelas
fotos e informações ao amigo Osmar Pedroso , neto do soldado Otávio Alves da
Mota.
Se quiser ver todas as fotos, clique neste link.
https://www.facebook.com/groups/471177556686759
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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