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domingo, 16 de outubro de 2011

O "MURINHO DE LAMPIÃO" - Poço Redondo-SE

Por: Rangel Alves da Costa

PRAÇA LAMPIÃO -Município de Poço Redondo/SE

Quem pretender conhecer Poço Redondo/SE não pode deixar de conhecer também a Praça Lampião, situada bem ao lado da rodovia estadual que corta a cidade e dá acesso ao vizinho município de Canindé do São Francisco.


Em 1988, o então prefeito

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Alcino Alves Costa, um apaixonado pela história do cangaço e pela figura do Capitão Virgulino, o Lampião, resolveu homenageá-lo dando nome a uma pequena praça recém reconstruída. O que seria uma homenagem virou uma verdadeira celeuma, com pessoas a favor e contra o tributo. Para uns, por ter sido um bandido que havia aterrorizado por muito tempo a região, não merecia nenhuma lembrança na praça. Já outros, na defesa do heroísmo do rei dos cangaceiros, achavam justa a homenagem e até apontavam que aquilo também seria um modo de atrair turistas.
Verdade é que a solução do problema não foi pacífica, envolvendo mais tarde até o Ministério Público estadual no conflito. Contudo, tais fatos são relatados pelo professor e historiador Fernando Sá em dissertação intitulada "O Cangaço nas Batalhas da Memória", conforme a seguir transcrito:
"Dentro das comemorações do cinquentenário de morte de Lampião, houve um abaixo-assinado para a legalização da praça, com cerca de 300 assinaturas. Liderados por Raimundo E. Cavalcanti e Manoel Dionízio da Cruz, militantes do movimento popular e sindical preocupados em resgatar a memória do cangaço, o documento foi encaminhado à Câmara de Vereadores. Após sua aprovação, a praça foi inaugurada em julho de 1988, com a presença do então prefeito da cidade, Alcino Alves Costa, sendo, então, batizada pela população da cidade como “murinho de Lampião”.



NO DETALHE, LOGO ACIMA, FOTO DE UMA DAS RUAS DE POÇO REDONDO/SE

Segundo Raimundo Eliete Cavalcanti, “o Murinho era tão disputado que a população assumiu como sendo (...) um espaço importante da cidade”. Portanto, tornou-se um “lugar de memória” do município .
Campo de disputa em torno da memória do cangaço em Poço Redondo, a Praça Lampião, em 1993, teve sua existência questionada pelo então prefeito Ivan Rodrigues Rosa, sob o argumento de que ela lembrava o nome de um bandido e que não era digna da cidade. Articulado com o juiz de Direito, Pedro Alcântara, o prefeito da cidade convocou um grupo de vaqueiros para uma filmagem da TV Sergipe, retransmissora da TV Globo, no sentido de receber apoio para a derrubada da Praça.
Como forma de se contrapor a esta iniciativa, Manoel Dionízio da Cruz e Raimundo E. Cavalcanti organizaram uma exposição de documentos nacionais e locais, com o intuito de demonstrar a importância do cangaço para a cidade. Com o apoio de estudantes, professores e da comunidade de Poço Redondo, Dionízio enfrentou um debate acalorado com o juiz de Direito, Pedro Alcântara, e o líder político local, Durval Rodrigues Rosa, pai do então prefeito da cidade. Durante a polêmica, Dionízio argumentou que a Praça só seria derrubada se houvesse um plebiscito na cidade.


NO DETALHE, FOTO DA PREFEITURA DE POÇO REDONDO

Vencidos pela mobilização popular em torno da importância do cangaço para a cidade, explicitada pela presença na cultura local de grupos de teatro, de xaxado, além do Centro de Cultura Popular Zé de Julião, os opositores ao monumento realizaram ainda depredações ao monumento. Contudo, ficou mantida a homenagem da cidade a Lampião.


Em 1998, na gestão do prefeito Enoque do Salvador foi reinaugurada, toda reformada, a Praça Lampião".
A Praça de Eventos é outro local que merece visitação, principalmente nas datas que marcam o calendário festivo do município: Festa da Padroeira Nossa Senhora da Conceição, com festas dançantes nos dias 13 a 15 de agosto, e a Emancipação Política do Município, celebrada no dia 23 de novembro. Desse modo, inaugurada em agosto de 1997, a praça foi construída para sediar as festas promovidas pela administração municipal. O espaço tem aproximadamente 1500 m2. É composto por um palco, um camarim e um bar que funciona nos dias em que acontecem os eventos. Conta com uma área descoberta, em frente ao palco, iluminada por refletores, onde se concentram os espectadores.
A memória cultural do município, principalmente em anos mais recentes, vem sendo objeto de grande preocupação de determinados setores da população. Neste sentido, os jovens do município fundaram o Centro Cultural Raízes Nordestinas e o Grupo de Xaxado na Pisada de Lampião, ambos em intensificando cada vez mais suas atividades.
O grupo de xaxado já se apresentou em diversas localidades nordestinas, e até em outras regiões, recebendo também convites para apresentações no exterior. Sobre tais aspectos assim disserta o professor e historiador Fernando Sá:
"Do ponto de vista da influência do fenômeno na esfera cultural, as iniciativas memoriais incentivaram às atividades folclóricas já existentes em torno do tema do cangaço, como foi o caso da criação do Grupo de Xaxado “Na Pisada de Lampião” de Poço Redondo. Sua proposta é desenvolver interessante trabalho de valorização da cultura popular vinculado ao cangaço, com um auto teatral que divulga a memória de Lampião. Em um dos seus cantos, pode se ouvir a exaltação da valentia e a simpatia com os pobres, tal como proposto pelo padre Eraldo em suas missas do Cangaço:
“Quanta saudade invadiu meu coração, ao lembrar de Virgulino cabra macho Lampião/ Foi cangaceiro cabra macho justiceiro correu o sertão inteiro com seu bando a arrepiar/ (...) Roubava os ricos para dar de comer os pobres sertanejos lá do norte que o povo consagrou .
(Fernando Sá, "Santos e Demônios: Religiosidade Popular e a Memória do Cangaço no Sertão do Rio São Francisco")".


Capítulo do seu Livro:

POÇO REDONDO:
ASPECTOS SOBRE O REFÚGIO DO SOL (Terceira viagem)

Rangel Alves da Costa é Poeta e cronista
e-mail: rangel_adv1@hotmail.com
blograngel-sertao.blogspot.com


FONTE DA MATÉRIA:
Blog Lampião aceso (Kiko)

Um abraço a todos
IVANILDO SILVEIRA

Um comentário:

  1. Anônimo16:43:00

    CONVERSA ENTRE “VERIADORES”

    - Zoio Furado de Barreiras – Colegua veriador Cangaia, eu to é muito preocupado num sabe. Oia nois era 9 veriador, Já mandaro 3 pro espaço.
    - Veriador Cangaia – Colegua Zoio Furado, oi eu fiquei balançado pra mim juntar com os cabra da oposição. Graças a Deus que num deu certo porque se não eu tava lascado. Num ia ficar nem minha cangaia pra contar a histora.
    - Veriador Pato Roco – Qué, qué, qué. To morrendo de rir com voceis. Qué, qué, qué.
    - Veriador Ruinzinho de Totonho – Presidente num brinque com coisa seria. Os minino tão certo. Vou cochichar baxinho. Quando to na estrada chega sinto um frio na viria so de pensar que argúem pode me da uma pistolada.
    - Vereador Gangorra – Vixe acho que esse friosinho na viria é mijo.
    - Pato Roco – Qué, qué, qué, qué. Acho que vou me cagar de tanto rir.
    - Veriador Papagaio – Oia eu to revortado. Executaro meu amigoirmão. To com saudade dele.
    - Ruinzinho de Totonho – Dixero que a puliça ta atraiz dos matador. Mais mataro o veriador Adilson e até hoje ninguém sabe ninguém viu. O povo diz que o veriador Valgone foi atrupelado cum moto e tudo por um caminhão carregado de lenha. Inté agora ninguém da nutiça do caminhão e a lenha o dono ta isperando inté agora.
    - Gangorra – A nossa justiça é fraca e devagar demais. Acho que o delegado Dr. Maurilio Araujo vai ficar na historia de Pedro Alexandre.
    - Zoio Furado – Pruque?
    - Gangorra – Porque ele vai botar as mão nos criminoso.
    - Veriador Chapolin – Sei não, aqui pra nois e se ele concluir que tem o dedo de gente de Pedro Alexandre?
    - Papagaio - Pera lá. De Pedro Alexandre não. Pode ate ser de alguém de mora em Pedro Alexandre mais é de outra cidade. Mafioso de fora é o que num falta aqui.
    - Cangaia – Feche o bico Papagaio pra num ficar com o bico mais torto do que já é.
    - Papagaio – Seja quem for esses fi do cabrunco vai pagar caro por isso.
    - Gangorra – Se todo mundo tivesse corage nois ia ajudar Dr. Maurilio apurar quem praticou esse crime bárbaro.
    - Ruinzinho de Totonho – Cale a boca Gangorra tu ta ficando doido é? Tu quer interrar nois vivo?
    - Chapolin – Quem poderá nos salvar? Meus edil amigo já falei com meu irmão Beto na Carreira, o rei dos cavalo, ele vai dar um dedo de prosa com o chefe da Fazenda Pedro Alexandre.
    - Zoio Furado – Agora sim agente fica mais aliviado.
    - Gangorra – Já falei pra voceis, cuidado com as palavra. Esse negocio de viado pode dar zebra.
    - Chapolin – Ou pato.
    - Pato Roco – Me tire dessa lagoa de merda. Pato é pato viado é bicha.
    - Gangorra – No caso de certa pessoa é bichooooona mesmo kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
    - Pato Roco – Vamo mudar de assunto. Oia vem ai um projetinho pra nois votar. O prato do dia vai ser propininha. E eu to morrendo de fome, qué, qué, qué, qué, qué.
    - Gangorra – Voce só quer milho pro seu bico né Pato?
    - Cangaia – Qui milho qui nada nois quer cume umas oncinha né Pato?
    - Pato – Oncinha eu to acustumado a cumer. Eu quero agora é aquele peixão que tem na nota de cem real, qué, qué, qué, qué..
    - Ruinzinho de Totonho – Oia o mió é nois dize ao pratão que nois nem pricisa votá. Pru mim já ta aprovado e sacramentado. E eu quero ir pra boca da iscopeta?
    - Papagaio – O viriador Pinoquio é um cara de pal. Anda dizendo por ai que foi ele que mandou passar as maquina na BR235. Fi da peste que mente.
    - Gangorra – Vamo falar baixo que ele é macumbeiro. Ele sacrifica os animal pra botar nas encruzilhada..
    - Papagaio – Ôxen, intão ele sacrifique o bicho qui veve la na casa dele.
    - Gangorra – Ali não bicho é uma bichooooooooona. Kkkkkkkkk.
    - Pato Roco – Voceis já prosiaro dimais agora vamo abri a ceção.
    - Zoio Furado – Oxen já num ta abrida, dona Barbara já num abriu as porta.
    - Pato Roco – Qué, qué, qué, qué, qué....................

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