Por: Olivia de Souza
Adriano Marcena
Historiador por formação, Adriano Marcena é o que podemos chamar de um verdadeiro "escavador cultural". A partir de uma necessidade observada nas escolas, onde detectou uma carência de conhecimento sobre a história, comportamento e os costumes que permeiam o universo simbólico pernambucano, Marcena debruçou-se durante 11 anos em pesquisas e viagens, que resultaram no calhamaço de mais de mil páginas chamado Dicionário da Diversidade Cultural Pernambucana (Cel Editora), lançado em 2010.
A temática regional do livro agora ganha projeção nacional durante o São Paulo Fashion Week (SPFW), que acontece de 19 a 24 deste mês, no prédio da Bienal, no Parque de Ibirapuera, em São Paulo. O escritor teve trechos de sua obra espalhados pelas páginas da revista Mag!, publicação do evento que este ano homenageia o estado de Pernambuco, sendo um dos entrevistados da edição. No próximo sábado (21), Marcena participa de uma noite de autógrafos que vai servir como lançamento nacional de sua obra.
O Dicionário esmiúça desde termos “banais” como carro-de-boi ou coloral, a expressões e gírias populares utilizadas em futebol, culinária, fauna, flora, datas comemorativas, personalidades importantes, geografia, entre outros. Partindo do significado do termo, Marcena realiza um verdadeiro estudo de contexto, costumes e comportamento, traçando um verdadeiro raio-x de Pernambuco. “A ideia era fazer um livro que contemplasse esses elementos da cultura pernambucana, agora também numa perspectiva histórica e antropológica. Que explicasse um pouco da nossa trajetória cultural. Em termos de facilitar a consulta, eu pensei num dicionário”, explica o escritor.
Depois do reconhecimento por unanimidade através do Conselho Estadual de Cultura e do Conselho de Educação, o livro obteve repercussão muito boa dentro das universidades e no exterior. A novidade este ano é o lançamento da edição escolar que vai servir como ferramenta para os professores dentro da sala de aula. “Depois disso começo a adaptação para a versão mini”, revela.
Quebrando barreiras - Inicialmente surpreso pelo contato inusitado com a organização da SPFW, Marcena conta que ficou feliz com o resultado do trabalho. “Meu livro acabou servindo de base para a produção da revista, que soube traduzir bem o que viria a ser esse sentimento nosso de pernambucanidade”, comenta. Apesar de termos regionais como “saia de xita” ou “sandália de couro” estarem aparentemente distante da moda cosmopolita nos holofotes da SPFW, Marcena diz que a aproximação entre esses dois “mundos” se faz necessária.
“Eles foram muito atenciosos porque se detiveram na questão cultural. Termina sendo um abrir de portas, porque nós, de certa maneira, ainda temos um complexo de vira lata muito grande, quando é necessário ir lá pra fora para sermos legitimados aqui dentro. Precisamos olhar para nós mesmos como uma contribuição. Acredito que o livro veio para quebrar essa lógica perversa, porque ele fala de nós daqui de dentro enquanto construção cultural”, conclui.
Olívia de Souza
Foto: Paulo Uchôa/LeiaJá Imagens
Cariri Cngaço
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário