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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Há 85 anos, Lampião chegava a Mossoró


Lampião só reconheceu ter sofrido uma única derrota em vida: em 13 de junho de 1927, quando foi posto para correr de Mossoró. "Foi quando se viu que ele não era invencível", afirma o pesquisador 

Kydelmir Dantas e Prof. Pereira

Kydelmir Dantas, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço - SBEC. Tanto que, após o episódio, o cangaceiro tomou um chá de sumiço. "Ele desaparece de qualquer registro histórico por um ano. Lampião também deixa de atuar nos Estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Só em 28 que se têm notícias dele, pelos lados do Raso da Catarina, na Bahia."

 
Lampião e seus cabras em Pombal - BA

A passagem de Virgulino Ferreira pela Capital do Oeste potiguar tornou-se capítulo obrigatório em qualquer obra sobre o tema. Pelo menos as que se prezem. Entre a enxurrada de publicações sobre o episódio, é possível apontar pelo menos quatro estudos obrigatórios. "O primeiro deles é "Lampião em Mossoró", de 1956, escrito pelo historiador Raimundo Nonato. 

Raimundo Nonato

Este é totalmente documental e até meio chato para quem não é pesquisador. Outras obras importantes são: "A Marcha de Lampião", de Raul Fernandes; "Nas Garras de Lampião - Diário do Coronel Gurgel, escrito por Antônio Gurgel, que foi refém do bando, e com notas e anexos do historiador 

Raimundo Soares de Brito

Raimundo Soares de Brito; e, por último, "Lampião e o Rio Grande do Norte - A História da Grande Jornada", do juiz Sérgio Augusto de Souza.

Sérgio Augusto de Souza Dantas

O ataque

que cita: "De acordo com esses estudos, da entrada de Lampião no território potiguar até o assalto a Mossoró, o bando gastou cerca de três dias. Da noite de 9 para 10 de junho, os cangaceiros entraram em território potiguar, por Luís Gomes. No dia 12, chegaram ao povoado de São Sebastião, hoje a cidade de Dix-sept Rosado. De lá, foi enviado um telegrama para Mossoró, avisando sobre a chegada do bandido. A cidade, que estava em festa, entrou em desespero. O prefeito organizou então um êxodo, montando as trincheiras para recepcionar os invasores (Souza).

"Esvaziar a cidade foi uma grande estratégia do prefeito Rodolfo Fernandes. Assim, quem ficou para o combate não ficou preocupado com a própria família, que estaria em casa", explica Kydelmir Dantas. O problema foi que o raiar do dia acabou com o ânimo de muitos combatentes, que abandonaram as trincheiras. "Caso o ataque tivesse sido no dia 12, certamente Lampião teria encontrado a cidade bem mais protegida. E a história poderia ser outra", conjectura.

No dia 13, ao chegar no Sítio Saco, é enviado o primeiro bilhete, pedindo 400 contos de réis para poupar a cidade. Com a negativa, vem o segundo bilhete ameaçador e a resposta: Lampião podia vir que o que tinha separado para ele era bala.

À tarde, por volta das 16h, começou o ataque. Lampião dividiu o bando em três grupos. Um atacou a casa do prefeito; outro a estação ferroviária; o terceiro rumou para o cemitério. Com a resistência armada, o bando recua cerca de uma hora após o início do conflito. Ficam para trás Colchete, morto, e Jararaca, ferido no peito. Este último foi preso no dia seguinte e morto e enterrado na madrugada do dia 19 de junho daquele ano. 

Posteriormente e virou elemento de culto por parte de alguns crédulos, da cidade e da outras regiões, sendo seu túmulo um dos mais visitados no Dia de Finados. Sobre este 'culto', ler "Jararaca - o cangaceiro que virou santo" de Fenelon Almeida (1978).



(*) atualizado por Kydelmir Dantas, em 04-12-2012.

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