Com lançamento
nacional marcado para o dia 15 de dezembro, no Mercado da Boa Vista, no Recife,
o livro aborda o encontro dos paladares indígena e europeu a partir da farinha
de mandioca durante a invasão holandesa ao Nordeste brasileiro.
A farinha de
mandioca, enraizada no universo gustativo e simbólico dos povos indígenas muito
antes da chegada dos europeus, possivelmente foi um dos elementos que serviu
para facilitar suas conversões ao cristianismo ibérico. Para isso, foi preciso
que alguns catequistas modificassem a matéria-prima mor do corpo de Cristo,
confeccionada com farinha de trigo europeia, e passasse a preparar hóstias à
base de farinha de mandioca.
Esse é um dos
tópicos do livro Mexendo o Pirão: importância sociocultural da farinha de
mandioca no Brasil holandês (1637-1646), de Adriano Marcena, historiador de
formação, que será lançado 15 de dezembro (sábado), às 10h, no Mercado da Boa
Vista, centro do Recife.
Com prefácio
do renomado antropólogo Raul Lody e orelha assinada pelo historiador e
arqueólogo Plínio Victor, Mexendo o Pirão, de Adriano Marcena, nos oferta
importante obra não apenas sobre os aspectos da História da alimentação no
Nordeste brasileiro, mas e, principalmente, sobre o que somos enquanto sujeitos
históricos e simbólicos a partir do que levamos à boca. A publicação
recebeu incentivo do Funcultura, Secretaria de Cultura e Governo do Estado
de Pernambuco.
Serviço:
Lançamento
Título:
Mexendo o Pirão: importância sociocultural da farinha de mandioca no Brasil
holandês (1637-1646)
Tema: História
da alimentação
Páginas: 160
Local de
lançamento: Mercado da Boa Vista – Recife-PE
Data: 15 de Dezembro de 2012 (sábado)
Horário: 10h
Preço do
livro: R$ 20,00
Historiador
por formação, Adriano Marcena é o que podemos chamar de um verdadeiro
"escavador cultural". A partir de uma necessidade observada nas
escolas, onde detectou uma carência de conhecimento sobre a história,
comportamento e os costumes que permeiam o universo simbólico pernambucano,
Marcena debruçou-se durante 11 anos em pesquisas e viagens, que resultaram no
calhamaço de mais de mil páginas chamado Dicionário da Diversidade Cultural
Pernambucana (Cel Editora), lançado em 2010.
A temática
regional do livro agora ganha projeção nacional durante o São Paulo Fashion
Week (SPFW), que acontece de 19 a 24 deste mês, no prédio da Bienal, no Parque
de Ibirapuera, em São Paulo. O escritor teve trechos de sua obra espalhados
pelas páginas da revista Mag!, publicação do evento que este ano homenageia o
estado de Pernambuco, sendo um dos entrevistados da edição. No próximo sábado
(21), Marcena participa de uma noite de autógrafos que vai servir como lançamento
nacional de sua obra.
O Dicionário
esmiúça desde termos “banais” como carro-de-boi ou coloral, a expressões e
gírias populares utilizadas em futebol, culinária, fauna, flora, datas
comemorativas, personalidades importantes, geografia, entre outros. Partindo do
significado do termo, Marcena realiza um verdadeiro estudo de contexto,
costumes e comportamento, traçando um verdadeiro raio-x de Pernambuco. “A ideia
era fazer um livro que contemplasse esses elementos da cultura pernambucana,
agora também numa perspectiva histórica e antropológica. Que explicasse um
pouco da nossa trajetória cultural. Em termos de facilitar a consulta, eu
pensei num dicionário”, explica o escritor.
Depois do
reconhecimento por unanimidade através do Conselho Estadual de Cultura e do
Conselho de Educação, o livro obteve repercussão muito boa dentro das
universidades e no exterior. A novidade este ano é o lançamento da edição
escolar que vai servir como ferramenta para os professores dentro da sala de
aula. “Depois disso começo a adaptação para a versão mini”, revela.
Quebrando
barreiras - Inicialmente surpreso pelo contato inusitado com a organização da
SPFW, Marcena conta que ficou feliz com o resultado do trabalho. “Meu livro
acabou servindo de base para a produção da revista, que soube traduzir bem o
que viria a ser esse sentimento nosso de pernambucanidade”, comenta. Apesar de
termos regionais como “saia de xita” ou “sandália de couro” estarem
aparentemente distante da moda cosmopolita nos holofotes da SPFW, Marcena diz que
a aproximação entre esses dois “mundos” se faz necessária.
“Eles foram
muito atenciosos porque se detiveram na questão cultural. Termina sendo um
abrir de portas, porque nós, de certa maneira, ainda temos um complexo de vira
lata muito grande, quando é necessário ir lá pra fora para sermos legitimados
aqui dentro. Precisamos olhar para nós mesmos como uma contribuição. Acredito
que o livro veio para quebrar essa lógica perversa, porque ele fala de nós
daqui de dentro enquanto construção cultural”, conclui.
Enviado pelo autor:
Adriano Marcena
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Prezado José Mendes, obrigado pela divulgação de Mexendo o Pirão.
ResponderExcluirFraterno abraço,
Adriano Marcena.