Por: Laura de Melo e Sousa
Apesar de não
ter acompanhado de perto os passos que levaram, nos últimos tempos, à
regulamentação da profissão de
historiador, só a posso saudar com entusiasmo, pois o debate já se encontrava
na pauta das nossas reivindicações quando, nos anos 1970, entrei na
universidade.
Hoje, após 33 anos de atividade universitária, sou uma professora veterana, que
tive a sorte de acompanhar trajetórias brilhantes, contribuindo à formação de
quadros no nosso país. Mas antes, quando comecei minha vida profissional, e
durante muito tempo, fui unicamente pesquisadora, vivendo de bolsas até
conseguir contratação no Departamento de História da USP. Naqueles tempos,
e desde estudante, sentia-me historiadora, e por não ser professora acabava me
vendo às voltas com uma espécie de crise de identidade.
Não concordo com as vozes que levantam dúvidas quanto às vantagens da
regulamentação, alegando que restringirá a atuação dos que não são
historiadores. Ninguém jamais deixará de reconhecer em pessoas como
Alberto da Costa e Silva o notório saber do melhor dos historiadores, o que
contudo não impede que haja procedimentos que garantam aos profissionais da
história o exercício da sua profissão. Não se nega o estatuto profissional a
médicos nem a engenheiros. Por que negá-lo ao historiador?
Talvez porque, no fundo, paire a dúvida quanto à especificidade do nosso campo
de conhecimento, a história sendo vista como assunto meio indistinto, no qual
toda pessoa medianamente instruída pode meter sua colher. Cabe a nós,
historiadores, deixarmos claro que nossa formação é complexa, morosa e
sofisticada. Motivos estes que, junto a tantos outros, justificam
plenamente que hoje possamos nos reconhecer e ser reconhecidos como
historiadores.
Ufa! Até que
enfim!
Laura de Mello
e Souza.
Professora
Titular da USP e Historiadora.
Pesquisadora
do CNPq na área de História desde 1992.
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Extraído do blog "Saiba História"
do professor e pesquisador Adinalzir Pereira Lamego
http://saibahistoria.blogspot.com.br
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