Seguidores

sábado, 27 de julho de 2013

Notas sobre a arborização da avenida professor Antônio Campos e Silva

Por José Romero Araújo Cardoso

Geógrafo de formação acadêmica, naturalista por convicção, professor Antônio Campos e Silva escreveu a quatro mãos com o renomado pesquisador potiguar Jerônimo Vingt-un Rosado Maia clássicos da literatura científica, a exemplo do enfoque memorável ao francês Louis Jacques Brunet.

Ser humano magistral, de origem humilde, nascido no adusto Seridó norte-riograndense, em Currais Novos, Antônio Campos notabilizou-se pelo amor às letras, pelo contato direto com as ciências naturais, com a geografia, com a paleontologia e uma infinidade de interesses que o imortalizaram como um grande estudioso, sobretudo das condições apresentadas pelo semiárido nordestino.

O trágico acidente que lhe ceifou a vida, ocorrido na década de setenta do século passado, entre Felipe Guerra e Apodi, apagou um talento indescritível. Vingt-un Rosado lamentou até seu encantamento a perda do grande amigo, do notável cientista de inteligência privilegiada que foi desprezado nas plagas da capital potiguar, mas que teve seus méritos reconhecidos na terra da liberdade, sagrada terra de Santa Luzia do Mossoró.
          
Foi de Vingt-un Rosado a solicitação para que a Antônio Campos se tornasse patrono da avenida universitária, a qual divide no sentido norte-sul a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).
          
Com certeza absoluta, Vingt-un Rosado e Antônio Campos e Silva aprovariam a decisão louvável da Prefeitura Municipal de Mossoró de implementar a arborização da avenida universitária. Os dois saudosos cientistas foram intransigentes defensores da preservação da flora e da fauna do semiárido. Foram dois ecologistas que contribuíram de forma significativa para o estudo do meio ambiente do sertão nordestino, incluindo neste as árvores e os animais.
         
Plantas nativas das caatingas sertanejas estão sendo fincadas no capeamento sedimentar que recobre o calcário jandaíra, ambos presentes na avenida professor Antônio Campos, cumprindo-se dessa forma diretrizes contidas no Plano Diretor do Município de Mossoró.
          
Mossoró se destaca pelas condições climáticas peculiares ao semiárido, com intensas insolação e evaporação, razão pela qual reflorestar áreas urbanas com espécies nativas das caatingas significa enfatizar bases ecológicas que permitirão melhor convivência do homem sertanejo com as características adversas apresentadas pela região na qual o município está inserido.
          
Formar pontos de satisfação que no futuro se responsabilizarão pela estruturação de melhores condições a quem se destina à Universidade do Estado do Rio Grande do Norte e aos núcleos habitacionais situados a leste é decisão que merece todos os aplausos.
          
Mas não basta apenas contemplar as mudas plantadas na avenida professor Antônio Campos e Silva. Cabe a cada um de nós zelar pela integridade dos exemplares nativos da nossa flora tão ameaçada de extinção. Vigilância e amor aos nossos irmãos vegetais são condições sine qua non para o sucesso desse belo exemplo de amor à natureza
          
O meio ambiente agradece, pois, assim, haverá melhoria significativa das condições de vida de um povo sofrido pela inclemência das condições ambientais extremamente severas que vem sendo deterioradas pela antropização cada vez mais crescente, a qual gera impactos formidáveis que precisam ser revertidos enquanto ainda há tempo.

José Romero Araújo Cardoso. Professor-adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.

Enviado pelo professor e pesquisador cangaço: José Romero Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário