Por José
Romero Araújo Cardoso
Geógrafo de formação acadêmica, naturalista por convicção, professor Antônio
Campos e Silva escreveu a quatro mãos com o renomado pesquisador potiguar
Jerônimo Vingt-un Rosado Maia clássicos da literatura científica, a exemplo do
enfoque memorável ao francês Louis Jacques Brunet.
Ser humano magistral, de origem humilde, nascido no adusto Seridó
norte-riograndense, em Currais Novos, Antônio Campos notabilizou-se pelo amor
às letras, pelo contato direto com as ciências naturais, com a geografia, com a
paleontologia e uma infinidade de interesses que o imortalizaram como um grande
estudioso, sobretudo das condições apresentadas pelo semiárido nordestino.
O trágico acidente que lhe ceifou a vida, ocorrido na década de setenta do
século passado, entre Felipe Guerra e Apodi, apagou um talento indescritível.
Vingt-un Rosado lamentou até seu encantamento a perda do grande amigo, do
notável cientista de inteligência privilegiada que foi desprezado nas plagas da
capital potiguar, mas que teve seus méritos reconhecidos na terra da liberdade,
sagrada terra de Santa Luzia do Mossoró.
Foi de Vingt-un Rosado a solicitação para que a Antônio Campos se
tornasse patrono da avenida universitária, a qual divide no sentido
norte-sul a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) da
Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA).
Com certeza absoluta, Vingt-un Rosado e Antônio Campos e Silva aprovariam a
decisão louvável da Prefeitura Municipal de Mossoró de implementar a
arborização da avenida universitária. Os dois saudosos cientistas foram
intransigentes defensores da preservação da flora e da fauna do semiárido.
Foram dois ecologistas que contribuíram de forma significativa para o estudo do
meio ambiente do sertão nordestino, incluindo neste as árvores e os animais.
Plantas nativas das caatingas sertanejas estão sendo fincadas no capeamento
sedimentar que recobre o calcário jandaíra, ambos presentes na avenida
professor Antônio Campos, cumprindo-se dessa forma diretrizes contidas no Plano
Diretor do Município de Mossoró.
Mossoró se destaca pelas condições climáticas peculiares ao semiárido, com
intensas insolação e evaporação, razão pela qual reflorestar áreas urbanas com
espécies nativas das caatingas significa enfatizar bases ecológicas que
permitirão melhor convivência do homem sertanejo com as características
adversas apresentadas pela região na qual o município está inserido.
Formar pontos de satisfação que no futuro se responsabilizarão pela estruturação
de melhores condições a quem se destina à Universidade do Estado do Rio Grande
do Norte e aos núcleos habitacionais situados a leste é decisão que merece
todos os aplausos.
Mas
não basta apenas contemplar as mudas plantadas na avenida professor Antônio
Campos e Silva. Cabe a cada um de nós zelar pela integridade dos exemplares
nativos da nossa flora tão ameaçada de extinção. Vigilância e amor aos nossos
irmãos vegetais são condições sine qua non para o sucesso desse belo exemplo de
amor à natureza
O meio ambiente agradece, pois, assim, haverá melhoria significativa das
condições de vida de um povo sofrido pela inclemência das condições ambientais
extremamente severas que vem sendo deterioradas pela antropização cada vez mais
crescente, a qual gera impactos formidáveis que precisam ser revertidos
enquanto ainda há tempo.
José Romero
Araújo Cardoso. Professor-adjunto IV do Departamento de Geografia da Faculdade
de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do Estado do Rio Grande do
Norte. Mestre em Desenvolvimento e Meio Ambiente.
Enviado pelo professor e pesquisador cangaço: José Romero Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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