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sábado, 27 de julho de 2013

Beco da Igreja, Mossoró-RN.

Foto
Praça Vigário Antonio Joaquim, em 1952. Mossoró-RN.

Beco da Igreja: uma denominação simples e direta que indicava um logradouro ao lado da única igreja existente no local, pois caso houvesse outra, seria necessário haver um adjunto ao termo igreja, tipo assim: Beco da Igreja de Santo de Antonio.  Mas, por sua sintética expressão, este Beco da Igreja, antigo logradouro da cidade de Mossoró-RN, remonta a épocas distantes que correm em direção ao nascer da vila, no Século XVIII – o Século das Revoluções Mundiais -, quando a vila recém-nascida, ainda vivia embalada nos braços do Sargento-Mor Antonio de Souza Machado, no período em que havia somente um pequeno templo religioso. E que igreja era esta? A Igreja Matriz de Santa Luzia, que nos primórdios era a Capela de Santa Luzia, e, atual Catedral Diocesana, localizada no distrito 600, na zona central da cidade.

Hoje, este Beco, cuja face é voltada para a lateral norte da Catedral, é a Travessa Frei Antonio da Conceição. Homenagem ao Frade da Ordem Carmelita, oficiante do primeiro casamento realizado na Capela de Santa Luzia, em 06 de outubro de 1778. Foi um dos pioneiros da vida religiosa da sociedade mossoroense. Este clérigo residiu por muito anos na Fazenda Carmo, faleceu em idade avançada e foi sepultado nesta Capela,  em Mossoró-RN. Raimundo Soares de Brito, (1920-2012), na obra referenciada, não menciona a data da alteração desta nomenclatura urbana.

Sobre o aspecto histórico-social deste antigo espaço, Raimundo Nonato da Silva, na obra abaixo, relaciona principais destaques. E, com seu dizer simples e coloquial, este cronista nos relatou: “nesse ponto ficavam instalados alguns pequenos ramos de comércio, como cafés, barbearias, sapatarias, oficinas de remonte de chapéus, uma das quais de propriedade do velho Ismael”. Dorian Jorge Freire, (1934-2005), in Mário Negócio, Facebook,  descreve o perfil de um destes sapateiros do antigo Beco, o Seu Lindolfo, na rotina diária de sua oficina, que enquanto trabalhava arduamente recebia os fofoqueiros de plantão: "...Os outros frequentadores passavam dos 40 anos, beiravam os 50. Cada um interrompia seu caminho e ia dar um dedo de prosa na oficina, em sessões políticas presididas pela sabedoria do velho Lindolfo. Só seu Lindolfo não interrompia nada. A faina honesta e esmerada, ele a prosseguia, imperturbável. E se havia o que dizer - falava sempre o mais certo, o mais responsável, geralmente o mais inteligente - ele o fazia sem pressa, as palavras escorregando de seus lábios quase cerrados, que guardavam duas, três brochinhas que logo iriam sustentar um solado, revigorar uma costura, manter na linha um saldo Luis XV."

A parte do Beco, oposta à esquina com Rua Pe. João Urbano é voltada para o Mercado Público, e, havia um pequeno sobrado, em cujo térreo, havia vários cafés e bodegas – pequenas mercearias, coisa que a turma ai – ipod, iphone e ipad – desconhece. No pavimento superior do sobrado, funcionava a sede de uma banda de música. Como podemos perceber, este curto beco foi uma verdadeira central de entretenimento e comunicação para a comunidade.A imagem ilustrativa utilizada, de provável autoria de Manoelito Pereira, (1910-1980),  é possível identificar, à direita da Catedral, o pequeno Beco. Na esquina do Beco com a Rua Padre João Urbano, em 1925, começou a funcionar a primeira cooperativa de consumo de Mossoró, a qual era mantida pela  União de Artistas.  O pedreiro, Chico Teófilo, inclusive patrono de uma rua situada no Bairro Aeroporto, foi um dos gerentes desta cooperativa que tinha por objeto atender aos associados da entidade, vender gêneros e outras mercadorias, com valores a preço de custo e acrescidos de 10% destinados à cobertura das despesas de aluguel e manutenção do imóvel. As atividades da cooperativa foram encerradas, contudo o cronista não informou a data do seu fechamento.

Citarmos as fontes é respeitar quem pesquisou e dar credibilidade ao que escrevemos. Teléscope.

Fonte: 
http://blogdetelescope.blogspot.com.br/2013/07/beco-da-igreja-mossoro-rn.html

Enviado pelo pesquisador José Edilson de Albuquerque Guimarães Segundo

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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