Por Manoel Severo
Quem se
desloca de Barbalha para o município de Missão Velha, sentido sul/norte, vai
encontrar cerca de 4 km antes da entrada da cidade um entroncamento onde vamos
visualizar a placa: Carnaúba dos Vasques. Trata-se de um entroncamento entre a
CE e uma estrada vicinal, de terra batida, que também poderá nos
levar, por desvios e veredas, ao aeroporto de Juazeiro do Norte.
Entrando nessa
estrada, rodando cerca de 2 km, vamos encontrar um Casarão ímpar, não só pela
sua arquitetura de beleza incomum, mas e principalmente por toda a história e
tradição que guarda por trás de suas espessas paredes: O casarão
da Carnauba dos Vasques, de Quinco Vasques, viria a ser a morada do famoso
"bravo caririense" depois do desenrolar dos episódios de Lavras da
Mangabeira relatados na primeria parte desta postagem.
Casal Quinco Vasques, fonte: www.familiavasqueslandim.blogspot.com.br
Mas, retomando
o marcante episódio da invasão de Lavras por parte de Quinco Vasques, trazemos
o texto do pesquisador e escritor João Calixto Junior que nos narra a princípio
os desdobramentos de depoimento do bravo Quinco Vasques: "Em depoimento
realizado aos 13 de julho de 1910 ao Juiz Alfredo de Oliveira, em Lavras,
afirmava Joaquim Vasques Landim, o famigerado Quinco Vasques (o Bravo
Caririense), terem sido alguns aurorenses, os mandantes da tentativa de
deposição ao Coronel Gustavo Augusto Lima, de Lavras, um dos mais importantes
régulos do período coronelístico nordestino, filho da matrona Fideralina
Augusto Lima. Ocorreu este cerco aos 6 de abril de 1910, com a invasão de cerca
de 300 cangaceiros a fim de atear-lhe do poder lavrense."
E continua:
"Sobre Quinco Vasques, tratava-se de homem de descomunal bravura, natural
do sítio Santa Teresa, Missão Velha, e residente, então, na Serra de São Pedro,
sítio Bico de Arara, atual município de Caririaçu. Viveu ainda em Aurora, no
sítio Tipi, onde foi vaqueiro do casal Marica Macêdo e Cazuzinha, de quem era
primo legítimo. Alguns de seus filhos, da união com Maria da Luz de Jesus
(Marica), foram nascidos no sítio Tipi, a saber: Antônio Joaquim Vasques
Landim, nascido aos 6 de setembro de 1898, e Joanna Vasques Landim, nascida aos
22 de maio de 1900. Justifiquemos: “Aos cinco de agosto de mil e
novecentos, na matriz de Aurora, batizei solenemente a Joanna, nascida aos
vinte e dois de maio deste ano, filha legítima de Joaquim Vasques Landim e
Maria da Luz de Jesus, naturais de Missão Velha. Foram padrinhos José Antônio
de Macêdo e Joanna de Jesus Landim, casados. E para constar mandei fazer este
termo que assino. Pe Augusto Barbosa de Menezes” (Livro de Registro de Batismos
da Paróquia do Menino Deus de Aurora, 1897-1904, p. 112).
Dona Fideralina Augusto Lima de Lavras da Mangabeira
Do auto de
perguntas, informava o réu terem sido Manoel Gonçalves Ferreira, Antônio Leite
Teixeira Netto e Davi Saburá, os aurorenses mandantes do assalto ao coronel
Gustavo Augusto de Lavras: “Antônio Leite concorreu com um conto de réis
em dinheiro que lhe foi entregue por Joaquim Torquato, Manoel Gonçalves
Ferreira concorreu com duas cargas de balas de rifles, entregues pelo mesmo
Joaquim Torquato e Davi Saburá concorreu com um conto de réis em dinheiro,
também entregue por Joaquim Torquato”. Interrogou ainda o magistrado,
objetivando inteirar-se quanto ao maior número possível de suspeitos de participação
no complô para a derrubada do coronel Gustavo, um dos mandantes do ataque a
Aurora em 1908, aos seguintes: coronéis José Francisco Alves Teixeira e Antônio
Luis Alves Pequeno, do Crato, o doutor João Augusto Bezerra, clínico de Lavras,
assim como o seu irmão, o padre Vicente Augusto Bezerra, vigário em Aurora e o
também padre, o aurorense José Gonçalves Ferreira, Vigário em Várzea Alegre.
Indagado,
ainda, Quinco Vasques, sobre a interferência de outros suspeitos no ataque ao
coronel Gustavo, acrescenta nos laudos do interrogatório, o que segue: “(...)
além desses mandantes o influenciaram mais para este ataque, Joaquim Torquato,
José Torquato, Simplício Torquato, os filhos de Antônio Leite, Isaías e João,
assim como quase todos os deportados de Aurora (...)”. Sobre o objetivo do
ataque, informou: “era depor o coronel Gustavo e tomarem depois conta da
cidade, a fim de melhor ser facilitada a retomada de Aurora, da qual seria
novamente chefe, Antônio Leite (...)”.
Cel. Santana
intercedeu pela soltura de Quinco Vasques em Lavras
No entanto,
pouco se demorou Quinco Vasques em Lavras após ter sido preso e prestado
depoimento. Mal tomaram conhecimento de sua estada ali, mandões caririenses,
entre eles, Domingos Furtado e Antônio Santana, providenciaram-lhe a soltura.
(MACÊDO, Joaryvar. Um Bravo Caririense. Crato, 1964, p. 58).
Assim, nos valendo do amigo Calixto Junior, trouxemos mais um importante
capítulo da história de nosso Cariri cearense, tendo a grande felicidade de
trazer um pouco da história desse grande e bravo caririense, Joaquim Vasques
Landim, o Quinco Vasques, patriarca de tradicional família de nosso estado, aos
quais abraço a todos em nome de meus particulares amigos; cel. Cícero Vasques e
o deputado Vasques Landim.
Manoel Severo
Cariri Cangaço
Fontes de
Pesquisa:
Venda Grande
d'Aurora de João Calixto Junior;
Revista Itaytera em artigo de Joaryvar Macedo de 1964
Blog: http://familiavasqueslandim.blogspot.com.br/
Fotos: Família Vasques Landim
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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