Por Antonio Morais
O grupo se
divide para confundir as volantes. Contou-nos Antonio de Amélia: Todos os
elementos do grupo estavam reunidos. Lampião, tendo ao seu lado a companheira
inseparável Maria Bonita, começou a distribuir ordens. Precisava demorar, por
muito tempo, naquele acampamento, para repouso, depois de longas caminhadas e
reiterados encontros com as volantes policiais e de ataques a indefesas cidades
nordestinas.
Chamando
Suspeita, um dos seus fieis comandados, ordenou que fosse à cidade de Mata
Grande. E prosseguiu o rei do cangaço:
- Receba umas encomendas de Sebastião e
depois, da Mata Grande mate Alfredo Curim, Zé Horácio da Ipueira e faça 6 ou 7
mortes na família dos Bentos, que é para ficarmos aqui despreocupados. De lá, viaje para onde quiser, que passe fora uns 15 dias a um mês”.
Alegando
Suspeita, que os cangaceiros do seu grupo precisavam arrumar certas coisas.
Lampião
autorizou que retirasse elementos de outros grupos. Foi aí que Fortaleza, que
era do grupo de Luiz Pedro, Medalha, que sempre acompanhava o chefe, e
Limoeiro, que pertencia a outro, passaram a compor o pessoal de Suspeita, para
o cumprimento daquelas ordens. Ao mesmo grupo nos incorporamos. Isto é, eu,
Sebastião e Antonio Tiago. Mais tarde, quando estávamos de passagem pelo município
de Santana, Zeca, irmão de Sebastião e Alfredo, seu primo, se reuniram a nós,
após as necessárias apresentações.
Em diferentes
direções outros grupos saíram. Seguindo as ordens do capitão Virgolino,
diversos grupos seguiram em diferentes direções, com o mesmo objetivo de
desviar a atenção das volantes e facilitar a permanência de Lampião, naquele
local. Um deles, disse-nos Antonio de Amélia, se dirigiu a Matinha de Águas
Brancas, terra da famosa baronesa, cujas joias foram roubadas por Lampião, no
início de sua carreira.
Cangaceiros
deram para desconfiar. Acampados no meio da mata, Suspeita e sua gente
aproveitaram a presença de Zeca, primo de Sebastião, que era bom rabequista,
pára, ao lado de uma fogueira, dançarem e beberem durante toda a noite.
Antonio de Amélia
prossegue na sua narração:
- Aproveitando os cabras entretidos na dança, chamei
Sebastião e disse para ele: vamos ter um pouquinho de cuidado com os cabras.
Parece que eles estão um pouquinho desconfiados. Chamei depois o meu compadre
Antonio Tiago e combinamos: o primeiro tiro será dado por mim em Fortaleza.
Compadre Antonio cuida de Limoeiro e Sebastião de Suspeita. Aguardaremos com
cuidado a melhor oportunidade. Neste momento pude observar que Suspeita e
Fortaleza se isolaram do grupo e, todos equipados, se dirigiam a um riacho nas
proximidades do lugar de nosso acampamento. Foi aí que Sebastião se dirigiu até
o local onde os dois se achavam e perguntou:
- O que está
havendo com você Suspeita que está triste e capionga?
Ao que
Suspeita exclamou:
- Nada não,
companheiro! Quem anda nessa vida precisa ter todo cuidado. Precisa confiar
desconfiando.
Sebastião
retrucou:
- Então está
desconfiando de mim que tudo tenho feito por vocês e gosto de você e do
Capitão? Neste caso não mande mais me chamar para coisa nenhuma. - Disse e saiu para
perto da fogueira.
Diante da
reação de Sebastião tudo voltou ao normal no acampamento, mesmo porque
advertir - disse Antonio de Amélia - para cessar a dança e o barulho da rabeca,
pois dada a pequena distância daquele local para a estrada, poderiam ser
surpreendidos por alguma volante.
Andanças e
Lembranças.
CONTINUA...
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