Delmiro
Gouveia Augusto da Cruz Gouveia, filho do cearense Delmiro Porfírio de Farias e
da pernambucana Leonila Flora da Cruz Gouveia, nasceu em 5 de junho de 1863, na
Fazenda Boa Vista, localizada no município de Ipú, no Ceará.
Com o
falecimento de seu pai na Guerra do Paraguai, Delmiro Gouveia foi morar em
Pernambuco, estabelecendo-se na cidade de Goiana, no ano de 1868, e em Recife,
a partir do ano de 1872.
Em 1878, com a
morte de sua mãe, Delmiro Gouveia iniciou a sua vida profissional como condutor
e bilheteiro do bonde que fazia o trajeto entre Apipucos e Recife.
Posteriormente, em 1881, passou a trabalhar como despachante em um armazém de
algodão.
Em 1883,
casado com Anunciada Cândida, filha do tabelião da cidade pernambucana de
Pesqueira, Delmiro Gouveia resolveu ingressar no comércio de couros de cabra e
bode.
Veja fachada em 1917
Logo obteve
sucesso com a nova profissão, passando a incomodar os seus concorrentes com a
prática de preços baixos e com uma forte influência no mercado, sendo,
inclusive, intermediador de negociações entre comerciantes locais e empresas de
exportação.
Em 1892,
Delmiro Gouveia passou a atuar como gerente da filial de um curtume americano,
onde outrora foi empregado.
Em 1898, tendo
como referência à Feira Internacional de Chicago realizada em 1893, Delmiro
Gouveia inaugurou o Mercado do Derby, no centro de Recife, que era um moderno
centro de comércio, serviços e lazer, edificado em uma área de 129 metros de
comprimento, com hotel, velódromo, pavilhão de diversões e 264 boxes para a
comercialização de produtos.
Em 1899,
Delmiro Gouveia assumiu a direção da Usina Beltrão e passou a ter conflitos
políticos, envolvendo-se, inclusive, com a filha bastarda do governador de
Pernambuco, Sigismundo Gonçalves, um de seus opositores.
Na eleição do
ano de 1899, embora não tenha sido candidato, Delmiro Gouveia percorreu o
interior de Pernambuco em campanha eleitoral, acirrando ainda mais a oposição
que fazia a um poderoso grupo situacionista, então liderado pelo
vice-presidente da República Rosa e Silva, que exerceu o controle da política
em Pernambuco de 1896 a 1911.
No dia 2 de
janeiro de 1900, o Mercado do Derby foi criminosamente incendiado, dando ensejo
a uma nova fase na vida do empreendedor, que passou a ter como cenário o estado
de Alagoas.
E este novo
momento começou no povoado da Pedra, localizado no sertão alagoano, em uma
estratégica área de fronteira com os estados de Pernambuco, Sergipe e Bahia. Na
época, a estrutura da região era muito precária, sem abastecimento de água e
com a presença, apenas, de uma estação da Ferrovia de Paulo Afonso e de algumas
casas de taipa.
Já separado de
sua esposa, que resolveu retornar a casa dos pais, Delmiro Gouveia passou a
viver com a filha do governador de Pernambuco, Carmela Eulina do Amaral Gusmão,
união que resultou no nascimento dos filhos Noêmia, em 1904, Noé, em 1905, e
Maria Augusta, em 1907.
Em 1903,
Delmiro Gouveia adquiriu a Fazenda da Pedra, no sertão de Alagoas, e reiniciou
a sua vida profissional, novamente atuando no comércio de couros de cabra e
bode.
Usina
de Angiquinho atualmente, casa de força e embaixo a casa do ferreiro.
Assim como
ocorreu em Pernambuco, seu novo empreendimento em Alagoas prosperou,
transformando significativamente a região e criando um novo centro comercial de
couros. Em 1909, Delmiro Gouveia já tinha refeito a sua fortuna, retomando a
liderança nos negócios.
Seus
adversários políticos chegaram a questionar, em Recife, a probidade de seus
empreendimentos, o que deu ensejo à seguinte resposta de Delmiro Gouveia:
“Si elles
tivessem no sangue, nos nervos, nas faces, vergonha, e no organismo alguma
coisa de energia e sentimento, deviam orgulhar-se de haver um homem do povo,
pobre porém trabalhador, capaz de mostrar-lhes com exemplos que quem lucta pela
vida com honradez, actividade e perseverança, póde conseguir uma posição na
sociedade e, em vez de andarem pelas ruas, cafés, trens e esquinas
empregando-se na maledicência, podiam dedicar-se ao trabalho proveitoso, que
nobilita o homem e dá-lhe sempre o direito de confundir seus inimigos
gratuitos”
Delmiro
Gouveia, diante do potencial energético da Cachoeira de Paulo Afonso, iniciou a
construção da primeira usina hidrelétrica do Brasil. Em 1913, após dois anos de
trabalho, a Usina de Angiquinho foi inaugurada.
Delmiro
Gouveia também viabilizou a construção de uma vila operária, escolas, estradas
e o fornecimento gratuito de água e energia para a região do Povoado da Pedra.
Em 1914,
Delmiro Gouveia construiu uma fábrica – a Fábrica da Pedra – para a produção de
fios e linhas de costura, que utilizava a energia da Usina de Angiquinho e
empregava 2.000 operários brasileiros. A fábrica tornou-se referência na época,
passando a comercializar seus produtos no Brasil e a exportar para o Peru e o
Chile.
Vista
da usina de Angiquinho, primeira usina hidroelétrica do nordeste
Toda a
ascensão de Delmiro Gouveia, que não só trazia benefícios para ele, como também
para a população local, passou a ser uma ameaça para o “coronéis” da região.
A poderosa
fábrica inglesa Machine Cottons que também produzia fios e linhas de costura,
passou a pressionar o irredutível Delmiro Gouveia em busca da aquisição de sua
fábrica.
No dia 10 de
outubro de 1917, às 20h30, Delmiro Gouveia, é morto em frente ao seu chalé,
perto da Fábrica da Pedra, crime este, até hoje sem elucidação do mesmo.
Fonte:
facebook
Página: Coronel Delmiro Gouveia
Página: Coronel Delmiro Gouveia
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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