Por Zózimo Lima
Depois que
desceu na Ponte, de 220 palmos de comprimento e 61 de largura, sendo uma parte
de alvenaria, de 65 palmos, e outra de madeira, de 135, D. Pedro II e a
Imperatriz, naquele distante 11 de janeiro de 1860, acompanhados de seu séquito
rumaram para Palácio, escoltados pelo presidente da província, Dr. Manuel da
Cunha Galvão, todo mesuras e salamaleques.
A nova capital, dentro de mangues e lagoas, onde apareciam cajueiros nos pontos mais altos, com apenas cinco anos de existência, por isso que o palácio era um casarão de aspecto sombrio, sendo necessário fazer-se uma puxada com galeria e mais dois quartos para hospedar alguns áulicos da comitiva que não era pequena, inclusive oficiais de Marinha.
Depois do protocolar beija-mão, com uma pequena saudação pronunciada pelo Dr. Guilherme Rabelo, foram distribuídos alguns copos de cajuada. O Imperador estava expansivo e mostrou desejo de conhecer a biblioteca palaciana. Torceu a cara quando viu que a maioria dos livros era de Paulo de Kock, jocoso escritor francês na época muito divulgado.
À noite, depois de devorar com apetite as curimãs de São Cristóvão, houve quadrilhas em que se exibiram alguns oficiais de Marinha, o Comandante da Polícia, Voltaire Carapeba e alguns comendadores barbados com as respectivas esposas de saia balão, papelotes nos cabelos e muita fita no corpinho atacado por constringentes barbatanas dos espartilhos.
Cansado, enfadado, depois de dar ordens aos comandantes do “Rio Apa”, “Pirajá” e “Itajaí”, que dormiriam a bordo, recolheu, com a Imperatriz, aos aposentos, envolvidos numa onda de carapanãs que furavam os mosquiteiros.
Na manhã do dia 12, às 6 horas, já de pé, recebeu a impertinente visita do vice-cônsul português Horácio Urpia, no que era sucedido pelo vice-cônsul da França e Uruguai José Narboni, negociantes de quinquilharias, ambos de fardão.
Depois do café com bolo, requeijão, ovos, banana frita e macaxeira, foi visitar as principais repartições públicas da nova capital.
Ao chegar à Alfândega, em casa de aluguel, mal alojada, consultou o relógio, que marcava 10 horas, e conferiu com o seu que estava em 9. Observou ao Inspetor daquela irregularidade. O Inspetor informou que a despeito daquela adiantada hora os funcionários cumpriam o período de serviço. O Imperador não gostou da explicação. Passou-lhe um carão em regra.
Aquele funcionário, acremente censurado, ao sair o Imperador, sem tomar qualquer purgante, minutos depois, fazia força, se espremia e gastava folhas de papel e capucos de milho para se limpar.
Outros episódios cômicos durante a estada do Imperador nesta província irei contar aos meus leitores, sem me afastar da verdade contida no noticiário da época.
Zozimo Lima
"Gazeta
de Sergipe" – 03/10/68
Fonte:
facebook
Página:
Antônio Corrêa Sobrinho
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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