Por Antonio Corrêa Sobrinho
Com o
desfazimento, pelo governo do estado de Sergipe, medida publicada em primeira
página no jornal situacionista “Estado de Sergipe”, da volante organizada e
comandada pelo fazendeiro e marchante Antônio Pereira da Conceição, mais
conhecido por Antônio de Chiquinho, o homem que, auxiliado por companheiros, no
dia 07 de junho de 1936, na fazenda Lagoa Nova, situada no povoado Alagadiço,
do município de Frei Paulo, à época, chamado de São Paulo, pôs fim à vida do
famoso e cruel cangaceiro José Baiano e de três comparsas seus, Chico Peste,
Denudado e Acilino, todos das hostes de Virgulino Lampião, o jornal de oposição
“Correio de Aracaju” apresentou de imediato suas críticas à atitude do governo
do Estado de extinguir a volante de Alagadiço, bem como, de desarmar exatamente
a pessoa que, naquela região e naquele momento, depois do que fizera, com
Lampião vivíssimo, em livre-conduto pelo território e ávido por vingança, mais
precisava estar armado e municiado, para se proteger e à sua família - Antônio
de Chiquinho.
É certo que a verdade, principalmente das coisas passadas, é local de difícil acesso, às vezes nem mesmo estradas temos para nela chegarmos. Digo isso para dizer que não tenho uma verdade formada sobre este gesto do governador Eronides de Carvalho, de acabar com a volante e desarmar os seus componentes, estes que fizeram o que a sua polícia tinha obrigação de fazê-lo, porém, foram por estas e outras atitudes deste governante, médico e capitão do Exército, político experiente, mas de uma família tida como protetora de Virgulino Ferreira, que Sergipe sempre foi considerado o estado nordestino do cangaço que menos combateu o rei do cangaço, para não dizer condescendente com este.
Deem uma lida nas matérias e do protesto de Antônio de Chiquinho, e tirem suas conclusões.
“CORREIO DE
ARACAJU – 04/08/1937
A VOLANTE DE
ALAGADIÇO FOI DISPENSADA
ANTÔNIO DE
CHIQUINHO E SEUS HEROICOS COMPANHEIROS DE FAÇANHA CONTRA JOSÉ BAIANO FORAM
DESARMADOS
A iniquidade que se acaba de praticar com
Antônio de Chiquinho e seus bravos companheiros de façanha contra José baiano e
seu perigoso grupo, brada aos céus! Antônio e seus companheiros residem no
povoado Alagadiço onde vivem ilhados pelo banditismo que infesta a zona
paulistana do Estado.
A vida desses sertanejos que se constituíram inimigos de Lampião e seus
comparsas corre grave risco nessa hora que o governo toma suas armas. O senhor
governador não se inculpará do que vir a acontecer no Alagadiço ou nas pessoas
desses rapazes destemidos que puseram termo à existência cheia de perversidade
de José Baiano e seu famigerado grupo.
Chamamos à atenção do Eronides de Carvalho, pedindo a Sua Excelência que
reflita no seu gesto precipitado, tomando as armas desses humildes e ordeiros
cidadãos visados pelo façanhudo bandoleiros que intranquilizam o nosso Estado.
Não compreendemos a atitude de Sua Excelência. Lemos todos os dias na imprensa
paga que em Sergipe se combate o banditismo com interesse e sem
desfalecimentos, mas na realidade não é isso que se vê. O caso da volante de
Alagadiço bem define a nossa situação.
Então, onde o estímulo para outras façanhas como a de Antônio de Chiquinha,
citado até na mensagem de 1936? Quem imitará o gesto do denodado sertanejo,
vendo que ele e seus companheiros foram abandonados e desarmados pelo poder
público? Cabe ao Dr. Governador ponderar no seu ato para que ninguém tenha o
direito de dizer que em Sergipe não se quer combater o banditismo.
CONTINUA...
Fonte: facebook
Página: Antônio Corrêa Sobrinho
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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