Por Benedito Vasconcelos Mendes
O isolamento em que viviam os
habitantes das fazendas de criar gado de antigamente, em virtude delas
possuírem grandes áreas (latifúndios) e de suas sedes ficarem
distanciadas umas das outras, obrigava seus habitantes, em momento de perigo,
como em incêndio, inundação ou em outro tipo de tragédia, tentar pedir
socorro aos vizinhos por meio de rústicos e pouco eficientes apetrechos de
comunicação,
como buzina de chifre de boi (tipo de berrante de um só chifre),
búzio marinho, de tamanho grande, com um furo no ápice (centro), chocalho
grande de dois badalos, cachorra (peça triangular de aço ou ferro, em que um
dos lados do triângulo era mais curto, não encostando na base) e da eficiente
ronqueira, que nada mais era que um pequeno canhão rústico que operava na
posição vertical (pedaço de cano de aço ou ferro, de paredes
grossas, de fundo fechado com chapa de ferro soldada, com cerca de 30
centímetros de altura, no qual se colocava pólvora socada com bucha
(palha picada de carnaúba, algodão em pluma, papel, fibra de tucum ou de
agave), para dar tiro de festim.
A pólvora e a bucha eram socadas com um ferro
grosso, de diâmetro menor do que o do cano. Primeiramente, colocava-se uma
camada de pólvora, para ficar em contato com o exterior, através do orifício da
parede do artefato, pois a ronqueira tinha um orifício na parede junto à
base, onde se ateava fogo para detonar o tiro. O estampido do tiro de festim
era ouvido a quilômetros de distância. Este era o instrumento de comunicação
mais importante em momentos de aflição ou de pânico, para pedir socorro
aos vizinhos.
Durante a operação, a ronqueira ficava presa, na posição
vertical, a uma base de madeira grossa, para não se deslocar. O chocalho de
dois badalos, costumeiramente, ficava dependurado no portão de entrada da casa
grande e servia para o visitante, ao chegar, chamar as pessoas da casa. Nas
fazendas e vilas, a cachorra era também usada nas rústicas agroindústrias (casa
de farinha, engenho de rapadura, alambique de cachaça, usina de esmagamento de
frutos de oiticicas e outras), para chamar os trabalhadores para o almoço.
Informação do http://blogdomendesemendes.blogspot.com:
O Museu do Sertão na "Fazenda Rancho Verde" em Mossoró não pertence a nenhum órgão público, é de propriedade do seu criador professor Benedito Vasconcelos Mendes.
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