Por José Romero de Araújo Cardoso
Responsável pelo despertar da identidade nordestina em incontáveis seres
humanos espalhados Brasil a fora, sem esquecer também no exterior, não apenas
no Nordeste Brasileiro, o legado de Luiz Gonzaga vem se avivando com o passar
do tempo, pois imorredouro em razão da forma brilhante como o grande Deus de
amor e de bondade definiu seu processo de construção, a arte do eterno Rei do
Baião encanta multidões, principalmente por causa da beleza e da relevância em
valorizar e cultuar nossa região em sua forma holística, bem como de forma
enfática engrandecer a cultura e as tradições do valente povo nordestino.
Advogado, escritor, jornalista, radialista e poeta popular, de dotes pungentes,
raros, raríssimos, inigualáveis, singulares na expressão plena e absoluta,
Francisco Alves Cardoso guarda incólume sob sete chaves a grande paixão pela
sublime arte gonzagueana, influenciado notoriamente pela inconfundível relação
telúrica que atrela pessoas de bom gosto musical ao fascínio despertado pela
magistral poesia matuta que caracteriza a sublime herança cultural do saudoso
sanfoneiro do Riacho da Brígida.
A importância das experiências magnificas observadas em Exu (Estado de
Pernambuco) e em São João do Rio do Peixe (Estado da Paraíba) no que diz
respeito à preservação da memória e do legado de Luiz Gonzaga foram bem
estruturadas em versos pelo renomado articulador cultural paraibano, pois cada
estrofe revela chama flamejante do amor supremo às tradições regionais que o
Parque Asa Branca e o Parque O Rei do Baião resguardam em seus domínios
benditos, mostrando às gerações presentes e futuras a grandeza de um dos
maiores nordestinos de todos os tempos.
O Parque Asa Branca, localizado na cidade natal do Rei do Baião, teve sua
estrutura milimetricamente pensada e efetivada pelo próprio Luiz Gonzaga, pois
bem sabia seu lugar na história. Nos confins das trilhas sinuosas da chapada do
Araripe em solo pernambucano, chão sagrado no qual o filho de Santana e
Januário veio ao mundo, tendo deixado firme suas pegadas e boa parte de suas
lutas, da permanência dos seus costumes, cultura, valores e tradições,
notabiliza-se o encanto de sua idealização fenomenal em prol do reconhecimento
de um povo que precisa de referência para se reconhecer dentro dos próprios
prognósticos que definem a dimensão exata do conceito de nação enquanto elo
aglutinador dos sentimentos e dos ideais de uma gente forte e altiva.
O Parque O Reio do Baião, localizado na comunidade São Francisco, a cinco
quilômetros da cidade de São João do Rio do Peixe, localizado às margens do
riacho Grotão, vem se transformando em referência quanto à proposta de
preservar bases da arte gonzagueana, caracterizando-se pelas nuances paraibanas
contidas no locus em que se personificam as raízes do culto ao mito que elevou
o nordeste a patamares nunca antes alcançados.
A interação entre os dois Parques é tão forte que sobrinhos de gonzagão,
Joaquim Gonzaga e Piloto, estiveram presentes em 15 de agosto de 2015 quando da
entrega de prêmios referentes aos festivais realizados no Parque Cultural O Rei
do Baião.
Fruto da perseverança e da obstinação de Francisco Alves Cardoso, o Parque O
Rei do Baião se intercala em seus objetivos com seu congênere pernambucano,
implementando momentos antológicos como o o FESMUZA, CONPOZAGÃO e o concurso
Lembrança do Ídolo, o qual em 2015 enfocou Rosil Cavalcanti, celebre compositor
pernambucano radicado no Estado da Paraíba, o qual elegeu Campina Grande como
relicário sagrado, autor de inúmeras canções interpretadas por Luiz Gonzaga, a
exemplo de Tropeiros da Borborema e Aquarela Nordestina.
A importância do Parque Cultural O Rei do Baião torna-se tão proeminente que a
atenção de figuras de destaque, como Dr. Onaldo Queiroga e Dr. Kydelmir Dantas,
elegeram o espaço sagrado de culto às tradições nordestinas como imprescindível
e indispensável às suas presenças, sendo acolhidos como filhos diletos.
Despertado na ênfase ao reconhecimento enquanto nordestino através da arte de
Luiz Gonzaga, rendo homenagens aos dois ambientes marcados pela notável
proposta de perpetuação do que nos transmite a essência das canções que ele e
inúmeros parceiros compuseram ao longo de sua brilhante história marcada pelo
amor ao nordeste e sua gente.
José Romero
Araújo Cardoso. Geógrafo. Escritor. Professor-Adjunto IV do Departamento de
Geografia da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade do
Estado do Rio Grande do Norte.
FONTE: CARDOSO,
José Romero Araújo. Prefácio. In: CARDOSO, Francisco Alves. O Encontro dos
Parques: Parque Cultural O Rei do Baião – Parque Asa Branca. Cajazeiras –
PB: S.e., s.d. P. 05-07.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário