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terça-feira, 5 de julho de 2016

É ROJÃO FIDERÁ

Por Clerisvaldo B. Chagas, 5 de julho de 2016 - Crônica 1.545

Pois foi, meu amigo! Na Fernandes Lima “a bocada é quente”, diz o taxista. Corredor de trânsito mais importante de Maceió é lugar onde acontecem as coisas. Mas quem foi Fernandes Lima? Lima foi governador de Alagoas no início da década de vinte. Certa vez adoeceu e passou seis meses afastado do cargo. Foi substituído nesse período pelo ex-intendente de Santana, padre Capitulino. Este aproveitou o aconchego da cadeira e promoveu a vila de Santana do Ipanema à cidade. Para complementar, Capitulino era filho de Piaçabuçu e veio a falecer já afastado da política, na Igreja de São Benedito, em Maceió, logo após a missa celebrada por ele.


Voltando a Fernandes Lima, tudo parecia tranquilo quando ouvimos pelo menos um tiro no meio do trânsito. Os passageiros do ônibus ficaram apavorados e muitos quiseram se estirar no piso do veículo. Da cadeira da frente, vimos um cabra escorregar da moto e se esparramar no asfalto. O motorista do ônibus grita: “é ladrão! É ladrão!” Mesmo assim não botou o busão por cima do bandido. O cabra, visivelmente apavorado, levantou-se da pista, conseguiu erguer a moto e a saiu empurrando por uns vinte metros. “óóó!...” exclamavam os passageiros. E o motorista repetia: “é ladrão, é ladrão”, mas nada fazia. O cabra da moto conseguiu montar, ainda de capacete branco, retornou um pouco e desembocou em rua transversal. Quem dera o tiro? Logo passou o carro da polícia, mas ninguém sabia para onde. Uma velhinha falou: “Devia matar essas pestes tudinho, ora já se viu!”.

Cada passageiro teve o direito de falar o que bem quis na linguagem bonita nordestina de revolta. Antes de descer do bichão ainda ouvimos um aposentado de bigode e chapeuzinho tipo “venha cá meu co...”, dizer como se a coisa não tivesse mais jeito no país: “É parada fiderá”...


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