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sexta-feira, 22 de julho de 2016

GUERRA DE CANUDOS – A BATALHA DO FIM DO MUNDO!

Comentário do pesquisador do cangaço Luiz Serra

Comentário sobre um capítulo do livro O Sertão Anárquico de Lampião.

Em Canudos, o Beato Conselheiro arrastou para lá quase 40 mil indigentes pelo sertão agrestino, vinham caminhando em transe de rezas e ladainhas!

Assim nasceu a Vila do Belo Monte.

Aquém do morro da Favela, instalaram-se em miríades de pequenos casebres de taipa. A Igreja foi erigida junto à casa sagrada de Antônio Vicente Mendes Maciel, o líder carismático e 'assombroso', Antônio Conselheiro.

Para assuntos de guerra, foi criada uma força de guerrilha de jagunços, liderada pelo temível Pajeú, que era pernambucano, como tal seria Virgulino Lampião.

Advieram os conflitos e duas campanhas de tropas policiais tentaram abafar a ira dos fanáticos, como diziam destes.

As primeiras dezenas de mortos de policiais e milicianos do governo da Bahia e do Exército se confirmavam!

O Governo então fez enviar um forte contingente de forças federais, que saiu da Bahia, inclusive levando um canhão alemão Krupp, que ia sendo arrastado por uma parelha de bois. No comando, um herói da Guerra do Paraguai, o coronel Moreira César, apelidado de “o corta-cabeças!”

O sertão agreste, dia a dia, ia solapando os ânimos dos soldados!

Até que se deu o recontro: os guerrilheiros de Pajeú, invisíveis nas matas e atrás de pedras, munidos de bacamartes boca-de-sino, municiado com chifre de novilho, acertavam os soldados que, atingidos, alguns morriam em agonia sobre os cavalos !

Um dos que acabou tombando foi o coronel Moreira César, que, mesmo usando um colete de aço, acabou milimetricamente varado pelo disparo em local sem proteção! Afirmou-se que o próprio Pajeú foi quem acertou o mítico comandante das tropas !

O responsável por substituir Moreira César no comando da tropa foi o coronel Tamarindo, mas a tropa desarvorada, pelos seguidos e rápidos ataques dos jagunços de Pajeú, inicia uma desabalada carreira, sertão afora! Debandada geral!

Foi daí que o coronel Tamarindo soltou a famosa frase naquele ardor crítico da batalha: “ É tempo de murici, cada um cuida de si!”.

Também o coronel Tamarindo seria morto e degolado pelos sequazes do Conselheiro!

Essa batalha dos sertões, entre o Brasil real e o Brasil virtual, no dizer de Ariano Suassuna, parecia não acabar!

Meses após, naquele fatídico ano de 1897, uma gigantesca tropa foi enviada pelo governo federal, do Rio de Janeiro, comandada pelo ministro da Guerra, marechal Bitencourt, que promoveria o cerco para além do rio Vaza-Barris, e aconteceria o massacre denunciado por Euclides da Cunha n’Os Sertões!

 Consequência da guerra do fim do mundo: o mais sangrento conflito armado de nossa História, com maior número de baixas: 25 mil mortos, entre 5 mil militares, enviados pela República, e 20 mil jagunços sertanejos!

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