Por Lira Neto
editor do Sábado
Ao mesmo tempo
em que tirava dividendos da mística em torno de Padre Cícero Romão Batista de
Juazeiro, Floro Bartolomeu não hesitava em manter a força incontrolável de
religiosidade popular sob controle. Por esse motivo é que ele, em 1923, chega a
declarar pena de morte a um touro, o “Boi mansinho”, que havia sido dado de
presente ao beato José Lourenço pelo Padre Cícero.
Beato José Lourenço
Pelo simples
fato de ter pertencido a Padre Cícero, o touro teria virado objeto de adoração.
Havia até mesmo quem acreditasse que o animal era “fazedor de milagres”. Por
isso, espalhou-se a notícia de que gente do povo bebia a urina e comia as fezes
do bicho, que supostamente teriam poderes mágicos de curar todos os males.
Floro Bartolomeu e Padre Cícero
Floro Bartolomeu
teria ordenado então a prisão de Lourenço e o sacrifício do animal em praça
pública. Como todos os episódios que cercam Floro Bartolomeu, esta história é recheada
de versões contraditórias. Uns dizem que a carne foi vendida normalmente no
matadouro público, outros que o povo a rejeitou por ela ser de um animal
sagrado, e outros ainda afirmam que o próprio José Lourenço teria sido obrigado
a comê-la diante de seus seguidores.
Uma coisa,
pelo menos, é certa: o mesmo José Lourenço, pouco tempo depois, protagonizava
um dos mais marcantes episódios da história cearense do início do século; a
formação da comunidade do Caldeirão.
Lira Neto
Fonte: Sábado O Povo
Fortaleza: 09 de março de 96
Ano: 2
Número: 90
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira
Digitado e ilustrado por José Mendes Pereira
Este jornal foi a mim presenteado pelo pesquisador do cangaço e membro da SBEC- Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço Francisco das Chagas do Nascimento (Chagas Nascimento).
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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