Por Antonio Corrêa Sobrinho
Penso que foi
em 2006 ou 2007, não tenho certeza, mas já vai praticamente uma década.
Lembro-me bem, eu estava na casa de meus pais, Gilda e Felinto, na rua
Pernambuco, nº 814, do meu querido bairro Siqueira Campos, da minha amada
Aracaju, linda capital do meu adorado Sergipe (permitam-me estas declarações de
amor), e ao atravessar para o outro lado da rua, com vários livros nas mãos,
para guardá-los no bagageiro do meu carro, eis que ouço alguém dizer, em tom
elevado, mais ou menos assim: “Se for jogar fora, me dê, eu fico com eles!”.
Procurei visualizar o autor e logo vi, ao acena-lo para mim, tratar-se do novo
vizinho, quase de parede, de meus pais, em direção ao qual me dirigi para
conhecê-lo. Já ali nos demoramos em apresentações e conversações. Tínhamos
tantas coisas em comum, que já nos conhecíamos, apenas não tínhamos ainda nos
encontrado.
O primeiro da esquerda é o escritor Archimedes Marques e o da direita é o escritor João de Sousa Lima
O da esquerda é o escritor João de Sousa Lima e o da direita é o escritor Dr. Archimedes Marques
Refiro-me a
José Clenaldo, baiano de Paulo Afonso, casado, pai de três filhos, há anos
radicado em Sergipe, agora em Aracaju vindo da cidade de Lagarto, burgo de Kiko
Monteiro, Joel Silveira, Silvo Romero, Ranulfo Prata, Diego Costa. Clenaldo,
que logo vi ser um autêntico cultor da cultura nordestina - da música, da
literatura, do folclore, da gente, do cangaço, além de um apaixonado pela
radiofonia. O amigo que, pela expressão que traz do verdadeiro sertanejo,
terminou por reacender em mim o gosto pelos fatos e acontecimentos marcantes da
história do interland nordestino, ele que, inclusive, me levou a coligir em
livro os artigos publicados pelos jornais sergipanos, a respeito do "rei
do cangaço", logo após o trágico passamento, eu que vivia restrito ao mister
profissional e, como curioso, já que não me considero um pesquisador, à
inventariar a obra do grande jornalista sergipano, o capelense Zozimo Lima.
Lembro que, certa feita, cheguei pra Clenaldo e disse: Encontrei no “Correio de
Aracaju” um texto muito bonito, lírico, lavra do famoso poeta sergipano, Freire
Ribeiro, intitulado “O amor infeliz de Maria Bonita”, e vi o quanto ele ficou
entusiasmado, no seu jeito expansivo, empolgado e alegre de ser. Daí para a
frente, gradualmente, fui reunindo os textos trazidos pelos nossos jornais, de
1938 a 1940, atualizando-os, digitalizando-os e, no final, em 2008,
transformei-os em livro. Portanto, se nós, eu e Clenaldo, não tivéssemos nos
encontrado e construído esta amizade, o livro “O fim de Virgulino Lampião – o que
disseram os jornais sergipanos”, com toda a certeza, não teria sido publicado;
livro a quem a este eu dedico, na sua primeira página, da mesma forma que o
faço em relação a um outro prezado amigo, Fernando Eurico Abreu, este também
colega de trabalho, que de igual forma me incentivou a trazer estes textos ao
público leitor.
O da esquerda é o pesquisador e colecionador do cangaço Dr. Ivanildo Alves da Silveira
Idem
De modo que
senti hoje, a necessidade de, aqui, apresentar ao meu amigo José Clenaldo os
meus efusivos agradecimentos, ele que, em boa parte, e sem o querer, me fez
voltar às coisas do nosso sertão, sertão da minha estima. Ao mesmo tempo que o
homenageio, com algumas das suas fotografias, que um dia ele, a pedido meu,
repassou-me com a permissão de eu as publicar nos grupos de estudo do Cangaço,
no Facebook.
Clique no link abaixo para ver mais fotos:
https://www.facebook.com/groups/lampiaocangacoenordeste/permalink/603295213212760/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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