Por José
Mendes Pereira
Site Danka Maia
Caro amigo e
irmão Raimundo Feliciano:
Há meses que
eu nada escrevo sobre a antiga “Casa de Menores Mário Negócio”, mas hoje,
resolvi voltar ao tempo, aliás, ao ano de 1965, quando esta instituição deixou
de ser “Casa de Menores Mário Negócio”, para ser registrada com o nome de
“Instituto Mário Negócio”, ligado ao “SAM – Serviço de Assistência ao Menor”,
que posteriormente, passou para “FEBEM”.
Site Tribuna do Norte
Quero apenas
lembrar do amigo José Lira (Zé Lira) com menos de 12 anos, que chegou na instituição,
neste mesmo ano de 1965, vindo de Natal para Mossoró, na grande passeata política, que fez o então governador Aluízio Alves, tentando angariar votos para
eleger o seu candidato ao governo do Estado do Rio Grande do Norte o Monsenhor Walfredo Gurgel, tendo sido eleito e iniciando o seu mandato no dia 1º. de janeiro de 1966 a 15 de março de 1971.
Site Substantivo Plural
O Zé Lira que ninguém
soube o “porquê” de sua saída de Natal para Mossoró, aqui, tinha como
residência, embaixo da escada de concreto do prédio do "Cine Cid", onde funcionava a Rádio Tapuio de Mossoró, e que foi
encontrado por populares, e assim que o juizado de menores tomou conhecimento
daquela criança sem pais e sem familiares, levou-a para ser protegida pela
instituição, que lá, nós também éramos internos.
Lembro o dia
em que o Zé Lira chegou àquela instituição, estava mais parecido com um animal, do que com uma criança, de tão sujo, com o rosto caracterizando ferrugens, sem
chinelo, camisa toda cheia de buracos e imunda, calção velho e rasgado, o
cabelo enorme e bastante arrepiado.
Fui eu encarregado de cortar o seu cabelo, apesar que eu não era funcionário de lá, e sim, interno, mas como o profissional deste trabalho, o Pascoal havia viajado para Natal, fui incumbido pela diretora Ana Salem de Miranda (dona Caboclinha), para cortar aquele enorme cabelo, com uma tesoura cega e uma uma máquina antiga, e depois, passei a navalha, que apenas, passeava sobre o couro grosso da cabeça daquela criança.
Acho que ele nunca mais havia
tomado banho, pelo tamanho da sujeira, e cheio de piolhos em toda a sua madeixa,
calculava-se sem errar, os meses sem banhar o seu corpo.
Apesar de não
ter familiares o Zé Lira foi protegido pela instituição, e o encaminhou para a
indústria, passando a aprender a atividade gráfica, deixando-o capacitado para
esta atividade.
Acredito que
você nunca mais teve contato com ele, igualmente eu, nunca mais o vi, mas tenho
conhecimento que, ele anda meio adoentado, e reside lá para as bandas do Alto
do Xerém. Assim como nós já visitamos aos domingos alguns amigos, vamos marcar um dia para tentarmos encontrá-lo lá por aquele bairro, ou adquiriremos informações sobre a sua residência com Railton Melo ou Jorge de dona Maria de Lourdes para fazermos uma visita ao nosso irmão José Lira.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Segundo Jorge Braz e Railton Melo que são gráficos e que viveram aquela época conosco ali na instituição informaram-me que o José Lira já está com Deus. Grande mano de instituição.
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