Por Geraldo Júnior
Maria Gomes de
Oliveira “Maria de Déia” que ficou conhecida na história como Maria Bonita
conheceu o célebre cangaceiro Lampião no ano de 1929 e no ano seguinte decidiu
abandonar a vida simples e pacata que levava, para acompanhar o cangaceiro
pelas veredas incertas e sangrentas do cangaço. Ao tomar essa decisão Maria
imediatamente passou a ser vista como inimiga pública e a ser procurada pelas
“autoridades” constituídas da época e sua atitude causou dores e sofrimentos à
sua família que sofreu humilhações e torturas por parte das policias que
andavam no encalço de Lampião.
Maria tinha
consciência que mais cedo ou mais tarde seria morta ou capturada pelos inimigos
de seu companheiro e que nesse dia cairia sobre o casal toda a ira dos seus
desafetos, inclusive muitos deles com dívidas de sangue. Passou a viver uma
vida sofrida entre fugas e tiroteios.
Matar Lampião
era uma questão de honra para muitos daqueles que o perseguiam e Maria sabia
que quando esse dia chegasse passaria pelas mesmas tribulações que seu
companheiro. Por outro lado Lampião tinha a plena convicção que sua rendição e
entrega às autoridades seria a assinatura de sua sentença de morte, portanto
render-se estava fora de cogitação. Sem contar que uma possível prisão
significaria o fim de tudo aquilo que pelo qual lutou e conquistou durante seus
longos vinte anos de cangaço.
Em 28 de julho
de 1938 a Força Policial Volante alagoana sob o comando do Tenente João
Bezerra, auxiliado pelo Aspirante Francisco Ferreira de Melo e pelo Sargento
Aniceto Rodrigues da Silva, pôs fim ao reinado cangaceiro de Lampião que, sem
dar um único tiro, tombou sem vida ao lado de sua companheira Maria Bonita e
outros nove cangaceiros de seu bando.
Todos os
mortos na Grota do Angico (Sergipe) foram degolados e tiveram suas cabeças
expostas ao público durante o trajeto realizado entre Piranhas/AL até a capital
alagoana (Maceió).
No trajeto até
Maceió/AL algumas das cabeças dos mortos em Angico foram descartadas devido ao
avançado estado de decomposição/putrefação e as demais foram examinadas pelo
Dr. José Lages Filho do IML (Maceió/AL) e posteriormente enviadas para o Museu
do Instituto Médico Legal Dr. Nina Rodrigues em Salvador/BA, onde permaneceram
em exposição até o mês de fevereiro do ano de 1969, após trinta anos, seis
meses e nove dias expostas, quando um decreto presidencial autorizou as
famílias a fazerem o devido sepultamento dos restos mortais de seus entes.
As cabeças que
ficaram expostas no Museu passaram por um processo rústico de “mumificação” se
assim podemos classificar, causando devido a deterioração dos restos mortais
expostos, uma visão sinistra e macabra aos olhares curiosos dos visitantes do
Museu.
A imagem
abaixo é pertencente ao acervo do Professor Estácio de Lima (In memorian)
antigo Diretor do Instituto Médico Legal Nina Rodrigues e que foi a mim
gentilmente cedida pelo amigo/confrade Rubens Antonio (Salvador/BA)
é da cabeça de Maria Bonita, que a exemplo das demais, ficou exposta no museu.
Essa
fotografia retrata o triste fim de uma jovem baiana que pagou um preço alto por
sua “ousadia” e por ir contra os princípios éticos e morais de sua época, que
sem pestanejar seguiu ao lado do homem mais perigoso e procurado do Nordeste,
naquela época.
Muitos (as) de
vocês julgarão e condenarão a atitude de Maria, mas nenhum (a) será capaz de
atirar a primeira pedra, pois ninguém consegue dominar as vontades e desejos do
coração que carrega no peito... mesmo que isso custe a sua vida...
...e assim aconteceu
com Maria Gomes de Oliveira “Maria de Déia”... Maria Bonita do Capitão.
Geraldo
Antônio de Souza Júnior (Administrador do Grupo)
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