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Milhares de
olhos curiosos receberam, na Bahia, dois terríveis facínoras do bando de “Lampião”
“Volta Seca”
faz declarações de verdadeiro fanático.
BAHIA, 24 (A.
B.) – A chegada dos bandoleiros, entre eles “Volta Seca", célebre matador
de gente, aprisionado nas caatingas, estava sendo ansiosamente esperado em
todas as estações da E. F. Norte Baiano.
De Alagoinhas para o sul um grande número de curiosos se apinhavam nas gares para conhecer os famigerados companheiros de “Lampião". Em Periperi, estação próxima a esta capital, quando o comboio parou uma onda popular calculada em mais de 2.000 pessoas se precipitou sobre os carros de 2ª classe, onde vinha a escolta com os bandidos. O tenente Azevedo conseguiu a custo romper a massa de curiosos. Fez desembarcar os presos que saltaram, amarrados ombro a ombro, debaixo de uma formidável vaia das mocinhas e crianças. Em seguida, foram metidos no carro-forte da polícia e conduzidos à Casa de Detenção desta capital.
BAHIA, 24 (A.
B.) – Um vespertino publica uma entrevista com o jovem bandoleiro Antônio dos
Santos, vulgo “Volta Seca”, que chegou anteontem, no “comboio dos bandidos”, a
esta capital.
“Volta Seca” declarou não ter mais de 16 anos. Entrou para o grupo de “Lampião" aos 12 anos. Vivia em Sergipe, como vendedor de doces, quando “Lampião” o convidou para trabalhar em sua companhia. Ordenou-lhe que mudasse de nome. E agora ia se chamar “Volta Seca”. Deu-lhe um fuzil para matar macaco (gente de polícia). E desde isso começou vida nova.
“Volta Seca” declarou que “Lampião” é muito respeitador de mulheres. Essa história de mandar a noiva tirar o vestido é mentira. A seguir prosseguiu:
- “Lampião” é um chefe muito direito. Não nos paga ordenado, mas quando a gente precisa de dinheiro ele dá sem a menor reclamação. O que ele exige é que se mate macacos nos combates.
Alguém perguntou a “Volta Seca” por que ele gostava de Sergipe.
- Ah! – Respondeu ele sorrindo. Ali ninguém faz mal a “Lampião”. Ali ninguém nos faz mal. Nem a polícia. Somos camaradas. Muita gente boa é amiga de “Lampião”. Mandam-lhe dinheiro e até munição.
Jornal O GLOBO
– 24/03/1932
Fonte:
facebook
Página:
Antônio Corrêa
Sobrinho
Grupo:
Lampião,
Cangaço e Nordeste
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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