Por Jerdivan
Nóbrega de Araújo
Até a primeira
metade da década de 1960, o saneamento ainda não havia chegado a Pombal. A água
consumida pela população era vendida pelos chamados aguadores, que colhiam
a água no Piancó, e saiam pelas ruas com seus jumentos carregando ancoretas de
borracha, que vazavam deixando um rastro d'água pelo caminho.
De nome lembro dos aguadores Zé Capitula, Pedro Jáques, Zé de Godor e dona
Porcina. Outros tivemos, é claro.
Foi um tempo que a água era abundante e não havia a consciência de cuidar do
Rio: as matas ciliares foram devastadas e o areal que demarcava as suas margens
usado sem piedade na construção civil, e os esgotos de toda a cidade vomitam no
leito do Piancó.
Conheci muita gente que sobreviveu e sustentou a família com o peixe que abundava no nosso nilo: eu mesmo pesquei naquelas águas.
Hoje o Rio é fio de esgoto a agonizar, e como numa volta ao passado, os
vendedores de água começam a cruzar as ruas a distribuir o que ainda insistimos
em chamar de ÁGUA.
Jerdivan
Nóbrega de Araújo
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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