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segunda-feira, 17 de julho de 2017

“APLAUDIR O MOSSORÓ CIDADE JUNINA”.

Por Auris Martins Prof. UERN. (Fonte: facebook pessoal em 02/07/2017.

MCJ é o mesmo que concordar com um pai de família que vai pro bar beber cachaça e deixa esposa e filhos em casa sem ter o que comer.

Os grandes lucram com o MCJ. Mas, o município de Mossoró agoniza por falta de incentivo aos micro e pequenos empresários, clama por empregos inexistentes, clama por desenvolvimento sustentável. Nosso município historicamente, o que não era pra ser, sempre pegou carona no ir e vir da economia nacional; e esta quando está em momentos de crise, aqui os efeitos são destrutivos.

Pedintes na rua fazia muito tempo que não víamos perambulando por aí. Hoje é só o que vemos, pessoas humilhadas sem fé e sem esperança, entregues ao "Deus dará".

A situação dos trabalhadores da saúde e educação, bem como condições dignas de trabalho só olhando para crer, um descaso a cada dia pior. Nas escolas municipais ninguém vê sequer segurança para alunos e professores. Recentemente houve um arrastão numa escola pública onde o terror lá imperou. Nas UPAs o pânico nos plantões noturnos é flagrante. O servidor público municipal sai de casa para trabalhar e não sabe sequer se vai voltar vivo para o seu lar.

A iluminação pública em Mossoró só vemos na conta de luz, na taxa que religiosamente pagamos. Os holofotes, as luzes, câmeras, e ação são só para o MCJ. Nos bairros mais periféricos, a escuridão impera, dando aos assaltantes as condições ideais para a prática dos seus crimes. A Avenida Presidente Dutra, o portão de entrada de quem vem da capital nos visitar, está completamente às escuras. O visitante deve dizer, "imagine na periferia da cidade". Quem vem de Fortaleza para Mossoró de imediato se depara com o breu total.

Os buracos nas ruas asfaltadas ou com paralelepípedos danificados depreciam os veículos dos contribuintes e nada é feito, e não adianta reclamar. Tirar dinheiro para consertar os veículos ninguém sabe de onde, mas é o que vemos como algo comum carros danificados por onde trafegamos.

No âmbito da segurança pública melhor não falar, mas tenho que falar também. Pois, se o foco dos gestores municipais fosse prestar serviços para o povo, poderiam ser feitas parcerias entre prefeitura e o poder público estadual, outro omisso de rinchar como diz o jargão popular. Mas, infelizmente nada é feito. Até dentro de casa os munícipes são assassinados. Já ocorreram assassinatos no MCJ, e hoje não mais vimos este tipo de crime lá, mas apenas uns 100 (cem) assaltos e furtos; só isso ironicamente falando.

Geração de emprego não deveria ser viabilizar a um ambulante, sem perspectiva na vida de arrumar um trabalho decente, ter que trabalhar quase 24 horas varando madrugada a dentro no MCJ para vender latas de cerveja ou água mineral, e ganhar uns míseros trocados. Geração de emprego aqui é dar mais de meio milhão antecipado a cantores fúteis e bandas ridículas, que sequer cantam canções tradicionais das festas juninas, mas imundícies que doem no ouvido menos refinado.

Outra forma de se gerar emprego aqui tem sido doar terrenos e doar tudo mais o que se pode imaginar para grandes empreendimentos em troca de algumas dezenas de empregos de um salário mínimo, para depois os empreendimentos desviarem os seus lucros para a região de sua matriz; e ficamos calados e passivos sem cobrar aquilo que cabe a prefeitura para fomentar sua economia.

Meio ambiente, outro caos. O rio Mossoró não agoniza, está morto. Um cadáver que fede no centro da cidade. O lixo toma conta da cidade porque a estrutura está bem aquém da demanda. Recentemente o Aterro Sanitário exalou um fedor insuportável que era sentido em mais da metade da cidade. Quem minimamente entende de meio ambiente sabe que aterro sanitário não emite fedor. Em nossa cidade descuidada sim, chegou a emitir. Eu, Auris Martins de Oliveira, com mais algumas pessoas, tive que formalizar denúncia por escrito deste fedor insuportável na Promotoria do Meio Ambiente, no Ministério Público do RN, e imediatamente cessou este desrespeito, esta agressão ambiental, de proporções macro.

Noutro aspecto, admiro os festejos juninos, sinceramente. Acho bonito as danças tradicionais, gosto da comida de nosso povo, acho bonita nossa cultura. Sou nordestino e me orgulho disto. A peça teatral Chuva de Balas é de um profissionalismo magistral, só que poderia ser no Teatro Municipal Dix-Huit Rosado, que custou milhões e milhões aos cofres públicos e fica lá, sub-utilizado. Mas, a megalomania de alguns colocou a peça no "palco" onde aconteceu efetivamente/realmente o embate com Lampião. Quanta asneira às custas do dinheiro público. Se não tivesse o Teatro Municipal Dix-Huit Rosado diriam, "uma peça bonita como esta, é feita no meio do tempo, porque Mossoró não tem apoio da Petrobras para fazer um Teatro". A luta pela construção deste belo e grande teatro municipal vem desde o início do século passado, vou repetir, vem desde o século passado. A Petrobras bancou a construção do teatro com seus recursos. Mas, hoje, a maior peça teatral do município é feita ao ar livre, e contam isto como uma vantagem. Vá entender...

O fato, para concluir para um ou dois leitores pacientes, ano que vem tem mais gastança, tem mais festa e políticos desta vez inclusive pedindo votos. O MCJ acabou e a farra com o dinheiro do contribuinte também, pelo menos por enquanto. O dinheiro que foi gasto vai faltar para dar insulina aos filhos dos mossoroenses com diabetes, comprar as lâmpadas para acabar com o breu em 70% da cidade, dar um salário digno aos servidores públicos municipais, pagar seus salários em dia (mas sem se gabar disto, pelo amor de Deus!).

"O pai de família foi pro bar gastar com cachaça enquanto esposa e filhos estão sem comida na mesa, e ano que vai vai continuar gastando dinheiro com aquilo que não é prioridade"... .

Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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