Por José Romero de Araújo Cardoso
Virgulino Ferreira, o Lampião, assumiu em agosto de 1922 a chefia do bando de
Sebastião Pereira da Silva (Sinhô Pereira), e quatro anos após ascender ao grau
máximo do banditismo rural, sertanejo, teve sua vida parcialmente biografada no
Estado da Paraíba. Antes, a literatura popular, através dos inúmeros
cordelistas já o havia imortalizado.
Escrita por encomenda do então presidente do Estado. Dr. João Suassuna e
subsidiado pelo então deputado e chefe político de Princesa, “coronel” José
Pereira Lima, a primeira biografia erudita de Lampião é de autoria do
jornalista Érico Gomes de Almeida, que militou por oito anos seguidos no
matutino paraibano “O Norte”.
Deixando a redação do referido veículo de comunicação, Almeida foi incorporado
ao funcionalismo público, engajando-se na campanha de combate à lagarta rosada.
O Ministério da Agricultura mantinha escritório no município de princesa,
visando debelar a praga que ameaçava o principal produto na pauta de
exportações da Paraíba à época. Com o término do governo Epitácio Pessoa na
presidência da república, a gestão sucessora desestruturou diversas políticas
fomentadas por sua administração. Desempregado, Érico de Almeida aceitou a
subvenção do governo da Paraíba e do “coronel” José Pereira para sua importante
contribuição à história regional.
Devido ao caráter apologético definido na obra, Almeida foi confundido por
Mário de Andrade como sendo um pseudônimo utilizado por Suassuna, o que não era
verdade.
A importância da primeira biografia erudita de Lampião reside justamente em seu
pioneirismo e nos dados colhidos in loco. Reeditá-la significa, antes de tudo,
resgatar uma preciosidade da nossa historiografia esquecida nas brumas do
tempo.
JOSÉ ROMERO DE
ARAÚJO
Membro da
Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço
FONTE: ALMEIDA,
Érico de. Lampeão, sua história. João Pessoa: Editora Universitária, 1996. 128
p. Edição fac-similar de 1926.
Enviado pelo autor
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