*Rangel Alves da Costa
Ultimamente - e graças a Deus -, ventos bons vêm soprando sobre a cultura de Poço Redondo. O que se tem visto é um verdadeiro renascimento do senso de pertencimento histórico-cultural do poço-redondense.
Neste aspecto, o que se tem visto é uma afloração do orgulho sertanejo, do senso de valorização do passado e presente, algo bem característico naqueles que reconhecem e valorizam a história, a cultura e as tradições do seu lugar.
Verdadeiramente nunca se teve uma juventude poço-redondense tão engajada na valorização das riquezas de seu berço de nascimento ou de acolhimento. A todo instante se percebe um interesse maior de jovens perante as potencialidades do seu rincão sertanejo.
Como dito, bons ventos sopram. E que venham mais sopros de ânimo, de busca, de procura, de interesse. As escolas parecem que, enfim, descobriram que o patrimônio de Poço Redondo é de riqueza e tamanho imensuráveis.
No passado, de vez em quando surgia uma feira cultural, uma semana cultural, ou eventos pontuais, onde as riquezas históricas e culturais do município eram expostas aos participantes e visitantes. Mas agora tudo isso é feito quase que diariamente.
Mesmo sem qualquer apoio ou patrocínio dos poderes públicos, o Memorial Alcino Alves Costa se tornou quase como uma obrigatoriedade a todos aqueles que desejam conhecer mais das raízes sertanejas e até conhecer um Poço Redondo de outros idos.
Talvez não tenha sido o Memorial Alcino Alves Costa o responsável por esse despertar histórico e cultural do poço-redondense, mas certamente foi através dele que Poço Redondo passou a se reconhecer ainda mais e a se valorizar muito mais.
Só para recordar, no passado não havia sequer um pequeno museu que contasse qualquer coisa da saga sertaneja. Hoje é diferente. O Memorial recebe a visita constante de estudantes universitários, de alunos da rede estadual e municipal, bem como pesquisadores, escritores e muitos outros que logo se encantam com seu acervo.
As escolas e outros centros de ensino também têm cumprido um papel importantíssimo neste despertar histórico e cultural. Toda vez que um professor propõe uma tarefa que envolva algum tipo de conhecimento sobre a própria localidade, certamente estará ativando o senso de pertencimento no filho da terra.
E assim por que, em cada um, passa a surgir um orgulho bom de ter nascido numa terra de tão vastas e imensas riquezas. Quem não gosta de ter nascido na terra de Zé de Julião, de Zefa da Guia, das belezas ribeirinhas, da rica saga cangaceira, de Alcino e Dionizio Cruz e tantos outros ilustres, da estrada percorrida pelo Conselheiro, da Capela de Santo Antônio do Poço de Cima?
Quem não sente orgulho de dizer que é filho da terra onde estão fincadas a Gruta do Angico e a Fazenda Maranduba, onde mora e trabalha o Mestre Tonho, onde se mostra imponente o Casarão de Bonsucesso, onde ainda há Cavalhada, Reisado, São Gonçalo, onde toda uma juventude e mocidade um dia trilharam os passos do Capitão Lampião, berço do Xaxado na Pisada de Lampião? Terra de Adília, de Sila, de João Paulo do Alto.
Só para citar alguns exemplos, outro dia, a Escola Justiniano de Melo e Silva promoveu um maravilhoso evento para homenagear as raízes catingueiras do poço-redondense. Os alunos de Pedagogia do IETC promoveram exposições e debates sobre o patrimônio histórico e cultural do município. Tudo isso é de suma importância.
O tema cangaço, mesmo na dita Capital do Cangaço, sempre foi menosprezado por muitos. Mas agora, de forma até inesperada, o que se tem é uma verdadeira adoração pela saga cangaceira no município. Tanto assim que a caravana de Poço Redondo no Cariri Cangaço Exu (realizado entre 20 e 23 de julho) foi uma das maiores e mais engajadas. Significa dizer que o poço-redondense está chamando para si a responsabilidade pela sua própria história.
E a partir de agora certamente que tudo irá aflorar cada vez mais forte. Em junho de 2018 haverá o Cariri Cangaço Poço Redondo e não há dúvidas de que a própria comunidade poço-redondense chamará para si a responsabilidade de promover o maior evento cangaceiro de todos os tempos.
Então, que os bons ventos continuem soprando.
Escritor
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