Por Érico de
Almeida
Passarinho preso em 24 de dezembro de 1923, foi recolhido à cadeia de Princeza
sendo condemnado pelo jury dalli a 29 annos e 9 mezes de prisão. Assassinara no
dia 17 de dezembro daquelle anno, no logar Caracol, do município de Conceição
do Piancó, o infeliz Raymundo Nogueira, de quem roubara 4$000 e as vestes,
deixando o cadáver em ceroulas.
Seis dias depois o boiadeiro Amara Nogueira, irmão da victima,
surprehende o bandido acompanhado do famigerado Jurity, nas adjacencias da
povoação de Patos, município de Princeza.
Passarinho que estava vestido com as roupas que havia roubado a Raymundo,
bota-se a punhal ao infeliz acima referido.
Aquelle sacando de uma pistola Mauser, criva por três vezes o corpo do bandido,
quando traiçoeiramente recebe uma bordoada de Jurity, cahindo por terra
com um dos pés preso ao estribo da sella de sua montada, recebendo então 36
punhaladas!...
Consummado o barbaro assassinato trataram os faccínoras de perseguir uma pessoa
que acompanhava Nogueira, chegando o Passarinho, sedento de sangue, a penetrar
na povoação, gritando:
Pegue este bandido qui acaba de matá um home, ferindo eu
também!
Já o fugitivo penetrava nos aposentos da residência do sub-delegado local,
quando Passarinho, banhado em sangue, dos ferimentos que recebera, acceita voz
de prisão, não por obediencia à lei, mas pelo terror que lhe impunha um
respeitável 44, cuja bocca parecia localizar-lhe o coração, há poucos minutos
tão empedernido.
O bandido tem uma das vistas perdida, orçando actualmente a sua idade pelos 21
annos.
FONTE: ALMEIDA,
Érico de. Lampeão, sua história. João Pessoa: Editora Universitária, 1996. 128
p. Edição fac-similar de 1926. P. 73-75.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Romero de Araújo Cardoso
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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