Manoel Belarmino
Eu soube, há pouco, que no início da noite desta quinta-feira, 19, o Mestre Peleca veio a falecer. O Mestre Peleco, vaqueiro e Mestre de Folguedo de São Gonçalo, já estava enfermo.
O Mestre Peleca criou-se na família dos Teobaldo. Família numerosa que ocupou e ainda ocupa este Sertão de Poço Redondo e Canindé de São Francisco. Da Risada Velha à Botija era o mundão caatingueiro dos Teobaldo. Homens como Martin Teobaldo, João Teobaldo, Manoel Teobaldo, Emídio Teobaldo e tantos outros Teobaldo. Todos caatingueiros e vaqueiros.
Peleca é filho criado de Emídio Teobaldo, grande Mestre de Cavaquinho e de Folguedo de São Gonçalo. Peleca aprendeu tudo de seu pai. Há um tempo, eu ainda jovem, tive o privilégio de ver e acompanhar uma Roda de São Gonçalo de Promessa completa, coordenada pelo Mestre Peleca na Fazenda Malhada Bonita, em Serra Negra.
Peleca era casado com Dona Judite (ainda viva), filha da cangaceira Adília.
A história dos Teobaldo do Sertão de Sergipe precisa ser recuperada e contada. Os Teobaldo são grandes mestres vaqueiros, cantadores, dançadores de Coco de Roda, rezadores de novenas, devotos de santos, e tudo mais da cultura do povo caatingueiro deste sertão. Os Teobaldo, de origem negra, representam as danças tradicionais, as rezas, os folguedos, a lida do gado como cultura e a religiosidade popular do povo caatingueiro.
Falar nos Teobaldo não há como não lembrar de Avelino Teobaldo (grande vaqueiro do Quilombo Botija), Martim Teobaldo, Angelina, Marizete, Emídio e Mestre Peleca.
O Mestre Peleca representa a grandiosidade da nossa cultura sertaneja e caatingueira deste nosso sertão.
Mais um mestre da cultura popular que se vai. Meus sentimentos aos familiares e amigos.
Hoje a cultura sertaneja ficou mais pobre e triste. O cavaquinho tradicional dos folguedos se calou aqui no sertão. Mas, sem dúvida, lá nas alturas, o Mestre Peleca foi recebido ao som dos cavaquinhos e com uma animada Roda de São Gonçalo.
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