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sábado, 10 de abril de 2021

SINHÔ PEREIRA E SUA HISTÓRIA.

Por Beto Rueda

...( ) Do país nordestino, de veredas misteriosas, picadas enigmáticas, esquinas imaginárias trançadas pelos cotovelos dos rios e riachos secos, da região ensolarada. Tão diversa do aquém São Francisco, bem mais bárbara que os frios e brumosos cerrados do planalto central, que vão de Minas aos confins de Goiás(MACEDO, 1980).

Sebastião Pereira da Silva (Sinhô Pereira), nascido em Vila Bela - PE.(hoje Serra Talhada), no dia 20 de janeiro de 1896. Filho de Manoel Pereira da Silva e Constância Pereira da Silva. Era oriundo de uma importante família do semiárido, descendente do Barão de Pajeú.

Os Pereira estavam envolvidos com disputas acirradas com outros grupos políticos e econômicos da região, em especial a família Carvalho. Influência política e posse de terras eram os principais pontos de conflito.

Esses atritos desencadearam em uma série de assassinatos e vinganças, o que desestabilizou os clãs. Algumas dessas mortes, em especial a de um patriarca próximo de Sebastião, fizeram com que ele e o primo, Luiz Padre, fossem atrás de vingança contra a impunidade através do cangaço.

Sinhô Pereira formou um bando que costumava atuar principalmente em Pernambuco, rapidamente ganhou destaque na atuação em batalhas, por sua coragem e habilidades de guerrilha.

Mesmo com fama de justiceiro, Sebastião não se sentia bem em estar à margem da lei. Isso o levou a se afastar do cangaço por um tempo e buscar uma vida comum. Porém, logo, retornou às ações de bandoleiro. No início de 1919, estava novamente à frente do seu antigo grupo, no total de 23 homens.

No ano seguinte, após a morte do pai, os Ferreira(Antônio, Levino, Virgolino) e Antônio Rosa, que já andavam com Antônio Matilde e os Porcinos, procuraram Sinhô Pereira e se incorporaram ao bando. Foi um assombro, praticaram muitos crimes juntos.

Em 1922, acossado por todos os lados, decidido a ir embora para Goiás, arquitetou e determinou a execução de uma última empreitada na Paraíba: o ataque ao povoado de Jericó em Catolé do Rocha e o assalto a três coronéis: Valdevino Lobo(fazenda Dois Riachos) Adolfo Maia(Curralinho) e Rochael Maia(Arruda), onde roubaram muito dinheiro e ouro.

Em 08 de agosto 1922, Sinhô Pereira resolve abandonar a vida errante definitivamente. Acompanhado dos cangaceiros Vicente e Lavandeira, deixou o cangaço e partiu para Dianópolis (na época em Goiás, hoje em Tocantins), onde o seu primo Luiz Padre o esperava. O grupo composto por Antônio Ferreira, Levino Ferreira, Gato, Elias, Antônio Rosa, Meia Noite, Coqueiro, Plínio, Bem te Vi, Patrício, Raimundo, Agostinho, João Genoveva, Pedrão, Zé Dedé, José Melão, Laurindo, João Mariano, Antônio Mariano, tinha um novo comandante: Virgolino Ferreira, o Lampião. Apagava-se uma fogueira e acendia-se outra.

Depois de muitas histórias em terras do cerrado e montanhas, Sinhô Pereira retornou ao Pajeú somente em junho de 1971 para visitar os familiares em Serra Talhada.

Faleceu de causas naturais no dia 21 de agosto de 1979, na cidade de Lagoa Grande - MG. aos 83 anos.

Terminava ali a jornada do velho cangaceiro que um dia foi o chefe do rei do cangaço.

REFERÊNCIAS:

MACEDO, Nertan. Sinhô Pereira: o comandante de Lampião. 2.ed. Rio de janeiro: Renes, 1980.

SOUZA, Anildomá Willans de. Nas pegadas de Lampião. Serra Talhada: Esdras Graphic, 2004.

ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de; ARAÚJO, Carlos Elydio Corrêa de. Lampião: herói ou bandido? São Paulo: Claridade, 2009.

ARAÚJO, Antônio Amaury Corrêa de. Lampião: segredos e confidências do tempo do cangaço. 3.ed. São Paulo: Traço, 2011.

OLIVEIRA, Bismarck Martins de. Cangaceiros de Lampião: de A a Z. 2.ed. João Pessoa: Mídia Gráfica e Editora, 2020.

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