CANGACEIRO
VERSUS ABOLICIONISTA
Polêmica de
Jesuíno Brilhante com Almino Affonso
Ao longo dos
tempos, descendentes de Almino Álvares Affonso (1840-99) têm mantido esforços
para dar visibilidade a uma passagem pouco pesquisada na historiografia do
cangaço: O enfrentamento que o abolicionista teve com o cangaceiro Jesuíno
Brilhante (1844-79). Em manuscrito datado de 4 de julho de 1913, Moema Affonso
(Filha de Almino) relata que seu genitor se graduou no curso jurídico pela
Faculdade do Recife, em 1871. Antes, no ano de 1865, esteve no Catolé do Rocha
para visitar a família. Em setembro daquele ano, tendo seu irmão Minervino sido
perseguido por questões oriundas da advocacia em que trabalhava, pelo Dr.
Mendes, rábula Baiano e consequente pelo célebre Jesuíno Brilhante com seu
séquito, fora forçado a retirar-se do Catolé, onde fora visitar seu irmão
Diocleciano, que foi vítima dessa mesma perseguição, levando-o para o Coroatá
(Rio Grande do Norte), donde seguiram (Almino e Diocleciano) para o Ceará,
vindo mais tarde, Minervino reunir-se a eles.
Chegando ao
Ceará, Almino foi nomeado secretário do presidente da província em 1874 e,
depois, juiz municipal de Cascavel e Aquiraz, sendo também um dos comissários
das secas de 1877/79, porém acerca do período de seu comissariado nos referidos
fenômenos climáticos não foram encontrados registros de saques a comboios de
víveres praticados por Jesuíno Brilhante.
Este documento
de Moema está contido na Poliantéia (Coletânea de Memórias) “Almino Affonso –
Tribuno da Abolição”, organizada por seu neto homônimo, então deputado Amino
Affonso, publicada em 1998, pela editora do Senado Federal. Nos solos
alencarinos para onde migrou a irmandade Álvares Affonso, Almino publicou uma
carta no jornal “O Cearense”, cujo teor dá conta que um irmão foi barbaramente
espancado no centro da província do Rio Grande do Norte, onde estava de
licença. Sabendo da notícia, ele reuniu 100 homens, armara-os e seguira para o
local do fato a fim de tomar uma desforra.
O genealogista
Walter Wanderley narra que em 1874, chegou a Mossoró Dr. Almino Álvares Affonso
e Diocleciano Ribeiro de Menezes, todos armados e municiados, vindos da
Paraíba, a fim de se livrarem de Jesuíno Brilhante, que os quis matar.
Diocleciano chegara gravemente ferido. Talvez o episódio mais determinante da
desavença do cangaceiro Jesuíno Brilhante com os Álvares Affonso tenha sido
quando autoridades de Catolé do Rocha sabendo que Brilhante estava escondido
numa residência distante mandaram policiais, oficiais de justiça e o advogado
Minervino (irmão de Almino Affonso) intimá-lo a se render. Quando o oficial de
justiça fez a intimação, Jesuíno saiu atirando na tropa que correu, e Minervino
ficou ferido. vivenciando sérios riscos de morte, o abolicionista migrou
definitivamente para outras glebas, onde ocupou diversos cargos. Contraiu uma
doença cardíaca em 1998 e no dia 13 de fevereiro de 1899 veio a falecer, em sua
residência no Estado do Ceará, onde se encontra sepultado. Jesuíno Brilhante
seguiu no cangaço até ser abatido por uma diligência comandada pelo inimigo
Preto Limão, no dia 21 de novembro de 1879, na zona rural de São José de Brejo
do Cruz, Paraíba.
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