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sábado, 22 de junho de 2024

 

CANGACEIRO VERSUS ABOLICIONISTA

Polêmica de Jesuíno Brilhante com Almino Affonso

Ao longo dos tempos, descendentes de Almino Álvares Affonso (1840-99) têm mantido esforços para dar visibilidade a uma passagem pouco pesquisada na historiografia do cangaço: O enfrentamento que o abolicionista teve com o cangaceiro Jesuíno Brilhante (1844-79). Em manuscrito datado de 4 de julho de 1913, Moema Affonso (Filha de Almino) relata que seu genitor se graduou no curso jurídico pela Faculdade do Recife, em 1871. Antes, no ano de 1865, esteve no Catolé do Rocha para visitar a família. Em setembro daquele ano, tendo seu irmão Minervino sido perseguido por questões oriundas da advocacia em que trabalhava, pelo Dr. Mendes, rábula Baiano e consequente pelo célebre Jesuíno Brilhante com seu séquito, fora forçado a retirar-se do Catolé, onde fora visitar seu irmão Diocleciano, que foi vítima dessa mesma perseguição, levando-o para o Coroatá (Rio Grande do Norte), donde seguiram (Almino e Diocleciano) para o Ceará, vindo mais tarde, Minervino reunir-se a eles.

Chegando ao Ceará, Almino foi nomeado secretário do presidente da província em 1874 e, depois, juiz municipal de Cascavel e Aquiraz, sendo também um dos comissários das secas de 1877/79, porém acerca do período de seu comissariado nos referidos fenômenos climáticos não foram encontrados registros de saques a comboios de víveres praticados por Jesuíno Brilhante.

Este documento de Moema está contido na Poliantéia (Coletânea de Memórias) “Almino Affonso – Tribuno da Abolição”, organizada por seu neto homônimo, então deputado Amino Affonso, publicada em 1998, pela editora do Senado Federal. Nos solos alencarinos para onde migrou a irmandade Álvares Affonso, Almino publicou uma carta no jornal “O Cearense”, cujo teor dá conta que um irmão foi barbaramente espancado no centro da província do Rio Grande do Norte, onde estava de licença. Sabendo da notícia, ele reuniu 100 homens, armara-os e seguira para o local do fato a fim de tomar uma desforra.

O genealogista Walter Wanderley narra que em 1874, chegou a Mossoró Dr. Almino Álvares Affonso e Diocleciano Ribeiro de Menezes, todos armados e municiados, vindos da Paraíba, a fim de se livrarem de Jesuíno Brilhante, que os quis matar. Diocleciano chegara gravemente ferido. Talvez o episódio mais determinante da desavença do cangaceiro Jesuíno Brilhante com os Álvares Affonso tenha sido quando autoridades de Catolé do Rocha sabendo que Brilhante estava escondido numa residência distante mandaram policiais, oficiais de justiça e o advogado Minervino (irmão de Almino Affonso) intimá-lo a se render. Quando o oficial de justiça fez a intimação, Jesuíno saiu atirando na tropa que correu, e Minervino ficou ferido. vivenciando sérios riscos de morte, o abolicionista migrou definitivamente para outras glebas, onde ocupou diversos cargos. Contraiu uma doença cardíaca em 1998 e no dia 13 de fevereiro de 1899 veio a falecer, em sua residência no Estado do Ceará, onde se encontra sepultado. Jesuíno Brilhante seguiu no cangaço até ser abatido por uma diligência comandada pelo inimigo Preto Limão, no dia 21 de novembro de 1879, na zona rural de São José de Brejo do Cruz, Paraíba.

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