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segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

História da Ilha Grande


Dois anos após o Descobrimento do Brasil o navegador Gonçalo Coelho que já havia batizado o Rio de Janeiro, descobriu em 06 de Janeiro a Ilha Grande. A princípio eles pensavam que a Ilha fosse um continente e ao seu leste, a desembocadura de um grande rio.

Fonte: maranduba.com.br

O nome surgiu por índios Tamoios que a chamavam de "Ipaum Guaçu", expressão que significa Ilha Grande.

Local preferido pelos navegantes portugueses, espanhóis, ingleses, franceses e holandeses, a Ilha Grande foi palco da história do Brasil desde a época do seu descobrimento. Em 1559, Don Vicente da Fonseca foi designado pelo Reino de Portugal para tomá-la à posse lusitana e administrá-la.

Indios Tamoios - Ilha Grande

Em meados do século XVI, começa uma longa e encarniçada guerra de resistência à colonização européia, a Confederação dos Tamoios (1554 a 1567 - foi a segunda grande luta de resistência social havida na história do mundo, antecedida pela insurreição asteca, em 1520 - tendo sido, no entando, de proporções e duração muito maiores), contra os invasores portugueses; os Tamoios tiveram ajuda dos franceses ("mair", como os chamavam os Tupinambás), enquanto que os portugueses (chamados de "peró") foram ajudados pelos índios Tupiniquins; bateram-se ao longo do litoral brasileiro numa surpreendente extensão que alongou-se do Espírito Santo até São Paulo, tendo sido a região de Angra dos Reis um dos principais redutos da resistência indígena, fato que retardou a sua colonização por mais de meio século.

Em 1803 o povoado obtém uma identidade jurídica: Freguesia de Santana da Ilha Grande de Fora. Tornou-se um famoso entreposto do tráfico ilegal de escravos até a abolição da escravatura em 1888. Somente depois de proclamada a República, em 1891, foram criados os dois primeiros distritos: Abraão e Sítio Forte, hoje Araçatiba.

D. Pedro II na Ilha Grande

No período de 1725 a 1764, com o avanço da cultura da cana-de-açúcar, começa a acontecer a colonização da Ilha Grande, num ciclo que se estenderá até a primeira metade do século XIX. O café, introduzido um pouco mais tarde, perdurou entre 1772 e 1890, chegando, inclusive, a ser exportado para a Europa. Com o término da escravidão, na segunda metade do século XIX, a cultura do café tornou-se inviavél e foi abandonada. A Ilha Grande entrou em um período de decadência. No mesmo período, ocorreu o fim da "Invencível Armada" Lusitana. Desse fato resultou a intensificação do contrabando do Pau-Brasil e muitos outros tipos de contrabando. No século XIX, D. Pedro II visitou a Ilha Grande. Ele ficou encantado pela sua beleza e tranqüilidade.

Resolveu adquirir a Fazenda do Holandês (hoje, Vila do Abraão) e a de Dois Rios. Na Fazenda do Holandês foi construído o Lazareto, que serviu de centro de triagem e quarentena para os passageiros enfermos que chegavam ao Brasil (mais especificamente nos casos de cólera) chegando a atender mais de quatro mil embarcações durante seus 28 anos de funcionamento.

Ipaum Guaçú - Ilha Grande

A água para abastecer o Lazareto foi desviada do Córrego do Abraão, sendo para tanto construída uma barragem e o Aqueduto, um dos monumentos de maior importância histórica da Ilha Grande. Existe, ainda hoje, perto da barragem, o banco de pedra, denominado "Banco de D. Pedro", utilizado pelo Imperador para descanso.

Em 1903 foi criada a Colônia Correcional de Dois Rios. Por outro lado, o Lazareto foi desativado, passando a funcionar como presídio político. No final da Revolução Constitucionalista de 1932, seus internos passaram para a Colônia Correcional de Dois Rios. Posteriormente o Lazareto chegou a ser demolido, perdendo assim, a Ilha Grande, o seu mais importante patrimônio histórico e cultural.

Presídio de Dois Rios - Ilha Grande

Em 1940 foi construído em Dois Rios o Instituto Penal Cândido Mendes, com capacidade para mil presos de alta periculosidade. À convivência dos presos políticos do regime militar com os presos comuns, dentro dos muros do presídio, é atribuida uma das origens do chamado "crime organizado", pontuando com acontecimentos marcantes, tais como, fugas de helicóptero e outros, com ampla cobertura da mídia nacional e internacional; a presença do presídio vem notorizar a Ilha Grande, por aspectos diametralmente opostos à sua beleza natural e importante significação histórica.

Barco Tenente Loretti - Ilha Grande

No ano de 1994, o Governo do Estado do Rio de Janeiro, através do Governador Leonel Brizola, faz a demolição da maior parte das dependências do presídio. Com a decadência da agricultura, inicia-se a regeneração de capoeiras nas áreas abandonadas e etapas superiores de sucessão vegetal.

Hoje a atividade pesqueira veio substituir a agricultura decadente, e teve inicio na década de 30 do século XX, com a salga de peixe. Na década de 50, a pesca chega ao auge, quando chega a vinte o número de "fábricas de sardinha" instaladas na Ilha Grande.

Gonçalo Coelho - descobridor da Ilha Grande

Ultimamente, com o declínio da atividade pesqueira, inicia-se o desenvolvimento do turismo e juntamente com este, vem aumentando a especulação imobiliária, visando a instalação de grandes complexos turísticos e condomínios fechados para veranistas, a Ilha Grande resiste.

*Uma revisão histórica, anunciada pelo almirante Max Justo Guedes na "Conferência dos 500 anos" de Angra dos Reis, promovida pela prefeitura em 2002, trouxe à luz a oficialidade sobre o nome do verdadeiro descobridor: o navegante Gonçalo Coelho

Antes deste tratado o navegante André Gonçalves foi por muitos anos considerado o descobridor da Ilha Grande.
Esta revisão foi feita com base na fonte: "Tratado Descritivo do Brasil", de Gabriel Soares de Souza. 


Bibliografia:
Apontamentos para a história do Rio de Janeiro, Angra dos Reis e Ilha Grande
Carl Egbert  Hansen Vieira de Mello

Fonte: 

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