Por: Thomaz Araújo
Cada vez mais
descobrem-se pessoas e fatos que elevam Paripiranga/BA à categoria de palco de uma das páginas mais
estudadas e dolorosas do Brasil contemporâneo: O Cangaço.
Desta vez, a surpresa veio por conta de uma conversa com um amigo que também pesquisa a nossa História e que revelara através de relatos orais de pessoas que viveram nas décadas de 1920 e 1930.
Catando informações aqui e ali, ficou constatado que Paripiranga foi um pequeno celeiro dos cabras de Virgolino
e dos seus subgrupos aqui de passagem, além de ser também referência de
algumas pessoas que davam apoios chamados pelas volantes de "coiteiros".
Uma dessas
personagens foi o natural de Paripiranga, (BA) de nome Benício Alves dos Santos que recebeu a alcunha de
"Saracura".
www.portalfeb.com.br
Em entrevista ao jornalista Joel Silveira em Março de 1944, na Penitenciária de Salvador, Saracura conta como entrou para o bando de Virgolino, grupo de Zé Sereno e depois seguiu com Ângelo Roque, o "Labareda", que assim como Corisco tentaram manter viva a chama do Cangaço após o passamento de Lampião em 1938.
Veja a seguir, um trecho desta conversa interessante com alguns cangaceiros sobreviventes: O próprio
Saracura parece, agora, sair do seu sono triste.
Pede a palavra e conta:
-" Posso
falar do meu caso. Peguei na espingarda quase obrigado, para mim vingar das misérias que fizeram com meu pai. Um dia, no Coité, uma volante invadiu o nosso sítio. Queriam à força que meu pai desse notícia dos cangaceiros, como se ele fosse um coiteiro. O velho não sabia de nada, e então os "macacos" começaram a supliciar o pobre: arrancaram as barbas dele, fio à fio, arrancaram suas unhas com alicate; se o senhor pensar que estou mentindo, vá lá no Coité e procure André Paulo Nascimento, que mora nas redondezas. É o meu pai. Ele dirá ao senhor se estou ou não falando a verdade. Ele mostrará ao senhor o estado em que ficaram seus dedos. E eu próprio, antes de pegar na espingarda, fui um dia violentamente espancado na
Fazenda Curral, perto do Coité. Os "macacos" haviam dito que eu era coiteiro, mas na verdade é que, até então, eu nunca vira um bandido na minha vida".
Saracura me revela mais que é casado e tem três filhos, que de vez em quando o visitam.
Fazenda Curral, perto do Coité. Os "macacos" haviam dito que eu era coiteiro, mas na verdade é que, até então, eu nunca vira um bandido na minha vida".
Saracura me revela mais que é casado e tem três filhos, que de vez em quando o visitam.
Essa imagem do Benício foi feita em Salvador, 1964, onde ele trabalhava no necrotério do Instituto Nina Rodrigues.
http://profellingtonalexandre.blogspot.com.br
Emprego arranjado pelo amigo Dr. e escritor Estácio de Lima. Um cargo que poucos ou quase ninguém aceitaria, mas como se tratava de um ex cangaceiro de Lampião... Só tinha medo dos vivos.
O termo dito pelo cangaceiro Saracura que relaciona Coité como sua terra está correto, pois Paripiranga antes chamava-se de Patrocínio do Coité. Como está contida na seguinte informação tirada no WIKIPÉDIA:
Nos seus primórdios, a povoação de Malhada Vermelha foi premiada pelo cidadão José Antônio de Menezes, que construiu uma capela sob a invocação de Nossa Senhora do Patrocínio, filiada à Freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão. A dita capela foi elevada à categoria de freguesia pela Lei Provincial 1 168, de 22 de maio de 1871, com o nome de Nossa Senhora do Patrocínio do Coité.
Patrocínio do Coité, inicio do século XX.
Acervo:
Marcos Aurélio Carregosa Lima
Material do acervo do pesquisador e colecionador do cangaço Dr. Ivanildo Alves da Silveira.
Veja-o no Orkut
http://www.orkut.com.br/Main#CommMsgs?tid=5872664102770888892&cmm=624939&hl=pt-BR
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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