Material do acervo do pesquisador Raul Meneleu Mascarenhas
Quem poderia chamar Lampião de cabra frouxo, adamado, besta idiota e outros
adjetivos? Pode-se chama-lo de bandido, desalmado, perverso, e outras coisas.
Mas de frouxo não tinha nada, e muito menos afeminado!
O seu
maior inimigo, o Tenente José Lucena, chegou até mesmo a mostrar seu
reconhecimento da bravura desse cabra da peste. O caso se deu na primeira
batalha entre os dois, onde o Tenente José Lucena e Lampião ficaram temendo-se
mutuamente.
De sua parte
José Lucena temendo e receando a sagacidade de Lampião e o temível
cangaceiro, respeitando a força do Tenente pelo poderio.
Frederico
Bezerra Maciel em sua sextologia ‘Lampião, Seu Tempo e Reinado’ no segundo
livro ‘A Guerra de Guerrilhas’ citado e apresentado artigo por mim
escrito com o tema Lampiao, o guerreiro que corria atras do vento onde
transcrevo Ipsis litteris um dos capítulos do livro para que os
leitores sintam o grande estrategista que foi Lampião, onde encontramos esse
testemunho do há época,Tenente José Lucena seu maior inimigo.
Tive a
curiosidade de ler o livro 'Lampião o mata sete', e encontrei-o muito
repetitivo para quem quer escrever algo sobre Lampião. Não procurei puxar
pela memória e nem pela real história, para saber que as palavras contidas no
livro, estão eivadas de impropérios particulares do autor contra o famigerado
bandido. Não estou chamando o autor de mentiroso e longe de mim fazer isso com
um juiz aposentado, que deve ter julgado muitos casos no sertão sergipano,
contra bandidos. E de certo o magistrado deve ter julgado com honra e respeito
até mesmo os piores bandidos que passaram em sua vara criminal, como homem
civilizado que é.
Talvez o autor
do livro tenha enveredado pelo ouvir dizer de pessoas comuns ou por
aqueles que odiavam e ainda odeiam o cangaceiro Virgulino Ferreira. Como
sabemos o ódio pode ser usado contra os inimigos em sua pior forma, o
falso testemunho.
Quanto ao
cerne da questão, se Lampião possuía essa característica de 'homem afeminado'
não encontrei realmente nenhuma base histórica para a acusação que assim se
portava e nenhum indicativo de escritores e pesquisadores do cangaço,
indicados por ele.
Realmente está
mais para o disse me disse. Ele faz referência ao Saturnino inimigo de Lampião
e inimigo é capaz de tudo né mesmo? O autor usa e abusa de linguajar
abusivo quando fala de Lampião, não como historiador, mas como pessoa física
que não aceita a bandidagem de Lampião, e que está no seu direito de não
gostar, assim como nós também não apoiamos bandidos e não pela enaltecemos
a Lampião como herói e quando escrevemos sobre ele, o fazemos simplesmente para
desvendar feitos, estratégias, liderança, carisma, amores por sua mulher e por
outras que por sua vida passaram assim como Ciça e Mailurde que cuidaram dos
ferimentos de Lampião e lhe ofereceram seu amor, que foi bem recebido por seu
bem-amado.
Gostamos de
falar dele, para a história, por sermos sim, admiradores não de sua
perversidade e sim pelas estórias da história da vida desse bandido idolatrado
e temido no sertão nordestino. Por exemplo, quando lemos sobre o caso de seu
ferimento que citei acima, que está no livro ‘Lampião, Seu Tempo e Reinado’ na
página 126 do segundo da trilogia. Em meu artigo O Poder da Fé ali também posto que "durante todo
esse tempo, Lampião era guardado por cangaceiros que, de espaço em espaço e em
pontos estratégicos, montavam incessante e rigorosa sentinela,
demonstrando assim seu apreço e estima ao grande Chefe. Nessa ocasião,
recebeu Lampião, em caráter sigiloso, muitas visitas de "gente
fina": do coronel Zé Pereira e seus correligionários, de autoridades, de
doutores, de coronéis, de fazendeiros e até dos reverendos padres Floro Dinis,
vigário e prefeito de Princesa, Eliseu Dinis e José Leal (vulgo Padre Bezeca), respectivamente
esses dois últimos vigário e prefeito de Triunfo. Todos por solidariedade,
cortesia ou curiosidade.
Como posso
chama-lo de 'mariquinha' ou 'boiola' como se diz hoje, um homem que se
desmanchou em amores físicos por essas duas mulheres, pois ainda não conhecia
Maria Bonita? Durante sua convalescença, essas duas "esbeltas e
despachadas caboclas, rivais em carnagem e beleza, Ciça e Mailurde, cuidavam de
Lampião. A primeira, alta e alva, longos cabelos castanhos claros, lhe
costurava as camisas, serzia a roupa, que também lavava e passava a ferro,
entregando-a sempre perfumada com água de cheiro. A segunda, baixa, olhos
esbugalhados e bunduda, amorena-da, lhe preparava papas, quitutes, o de comer.
Ambas, cada qual por sua vez, lhe penteavam o cabelo, botando brilhantina para
brilhar e cheirar.:. cortavam-lhe as unhas... num desvê-lo minucioso em tudo.
Mormente, emprestavam-lhe todo o carinho e ternura feminina, sem restrição. Certa
vez, houve entre as duas uma cena de coirana, apaziguada pela interferência de
seu bem-amado. Os cangaceiros gostavam de ver que, nessas xumbregações,
sutilezas e doçuras femininas do amor, a recuperação de seu Chefe se
apressava". - escreveu o Padre Maciel.
A meu
ver, o autor desse livro erra quando agride Lampião verbalmente e o chama
de 'perobo'; 'boiola'; 'viadinho' e outros adjetivos. Ele cita o livro
'Lampião, senhor do sertão: vidas e mortes de um cangaceiro' de Élise
Grunspan-Jasmin na página 60 e não encontrei afirmativa nenhuma do Saturnino a
não ser levantar que ele tinha 'coisas de Lampião que não podia dizer'. Isso
dito por um inimigo de Lampião que a história conforme diz Rodrigo de Carvalho,
citado por Élise, dizendo que Saturnino era cruel, ciumento e
obstinado. Quer dizer; poderia ter dito essas palavras para levantar falso a
seu inimigo.
Ponho abaixo
dados da referência da página 60 indicada no livro 'Lampião, o mata sete'
onde se refere ao grande livro dessa francesa que escreveu 'Lampião, senhor do
sertão' e raciocinemos sobre o único indicativo desse livro eivado de
barbaridades não históricas. Pois costurar, e usar uma máquina de costura,
temos o indicativo de alfaiate se for a tarefa feita por mãos de homem, no
caso de Lampião por costurar, não poderia ser um indicativo de ter
sido gay, afinal todos os cangaceiros costuravam suas roupas, quando em
descanso de suas batalhas.
Para que o
leitor possa também verificar ações, posições e atitudes de Virgulino Ferreira,
abaixo tomo a liberdade de indicar a leitura do capítulo 25 do livro do
Padre Maciel, uma das obras mais completas que li sobre o cangaço.
Definitivamente
NÃO! LAMPIÃO não era o que esse livro do 'mata sete' diz.
http://meneleu.blogspot.com.br/2014/10/lampiao-nao-era-nem-frouxo-e-nem.html
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário