Por Antônio Corrêa
Sobrinho
Amigos,
Ouso dizer que
o jornalista sergipano, Zózimo Lima, foi um dos poucos homens de imprensa a estar
pessoalmente com Lampião, e, talvez, o único que esteve com o cangaceiro,
este em efetiva atividade laboral de delinquência.
O artigo
abaixo Zózimo publicou poucos meses antes de falecer, em janeiro de 1974, aos
85 anos de idade, quando recebeu a visita do colega paulista, Paulo Goginga,
que o procurou em busca de informações a respeito da visita de Lampião à cidade
de Capela, em Novembro de 1929, para reportagem futura.
Zózimo, no dia
em que esteve à mercê de Lampião, tinha 40 anos de idade, era jornalista,
correspondente do extinto "Correio de Aracaju", mas concomitantemente
telegrafista desta cidade. Uma história, portanto, que ele nunca esqueceu e que
sempre confirmou, nos seus escritos, durante todos os seus dias de vida
restantes, ou seja, por 45 anos.
permitam-me dizer, neste momento, da honra e satisfação que sinto em ser parente de dois netos deste inesquecível jornalista, os meus queridos primos Isis Lima e Roberto Lima, filhos do meu tio por afinidade, um dos cinco rebentos do telegrafista, o saudoso George Lima, além de ser grande amigo do filho remanescente, o qual herdou também o nome do pai - Zózimo Lima filho.
permitam-me dizer, neste momento, da honra e satisfação que sinto em ser parente de dois netos deste inesquecível jornalista, os meus queridos primos Isis Lima e Roberto Lima, filhos do meu tio por afinidade, um dos cinco rebentos do telegrafista, o saudoso George Lima, além de ser grande amigo do filho remanescente, o qual herdou também o nome do pai - Zózimo Lima filho.
"GAZETA
DE SERGIPE" – 30/09/73 - REPORTAGEM
SOBRE LAMPIÃO
Eu estava no
meu expediente da Associação Sergipana de Imprensa (ASI), às 15 horas, quando
sou procurado pelo repórter paulista Paulo Goginga, que desejava ouvir-me, como
testemunha pessoal, sobre a entrada de Lampião na Capela, ao anoitecer de 25 de
novembro de 1929.
O repórter me declarara ser sobrinho de Roquete Pinto, ter passado 14 anos em Paris, e regressara com o objetivo de reatar a sua vida como jornalista na pauliceia.
E vai logo batendo a minha fotografia e pondo a funcionar o gravador para apanhar as minhas informações, bastante longas, na entrevista.
Terminado o apanhado das minhas declarações, aconselho-o ir à Capela ouvir Antão Corrêa, na época chefe político da cidade, e Mano Rocha e mais o Jackson Carvalho, negociante, que, com eles, testemunhou a ocorrência.
Recebo, agora, jornais de São Paulo, com as nossas fotografias, ângulos da cidade, inclusive o busto do finado Padre Juca, vista do Cinema e do prédio, já em pedaços, da estação da Leste Brasileiro, o croqui do centro, inclusive o bordel da mundana Enedina.
A reportagem é longa, com informes inéditos nos livros que se publicaram na saga lampiônica. Virgulino não me deixou um instante, das 7 da noite às 3 da madrugada, com a ameaça de que se eu lhe desobedecesse me sangraria com aquele punhal de 75 centímetros.
Lampião receava que eu escapulisse das suas vistas e fosse transmitir, pelo telégrafo, notícias da sua entrada, com o seu bando, na Capela.
Ele entrou na Capela, procedente de Dores, com os cangaceiros Zé Baiano, Volta Seca, Moderno, Azulão, Beleza, Nevoeiro, Corisco, Pancada, Ponto Fino, Arvoredo, Gavião e Fortaleza.
Alcançou-me no Cinema, quando eu, calmamente, com o juiz Otávio Teles de Almeida, que tremia como vara verde, assistia ao filme de Janet Gaynor.
Os quatro soldados do destacamento deram o fora, receosos de um ataque ao quartel. E Lampião, com seu grupo, entrou cantando:
“Ó muié
rendeira”, e dizendo, bem alto, “É Lampião que vai chegando. Amando, gozando, e querendo bem. Manso é como arroz doce; mais zangado, é salamanta.”
Estou, agora, com esta reportagem, junta a outras publicadas no Jornal da Tarde e no O Estado de S. Paulo. Fora eu testemunha desses trágicos acontecimentos sem ganhar um vintém, um insignificante elogio dos chefes da minha classe funcional, enquanto outros, sem perigo, como eu, de ser assassinado, iam ganhando medalhas do governo de então.
Tenho sido, na vida, principalmente como jornalista a serviço da política, miseravelmente explorado.
Fonte: facebook
Página: Antônio
Corrêa SobrinhoO
Cangaço
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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