Por Rostand
Medeiros
Recentemente
eu realizei uma viagem de avião ao sul do país com a minha família. Quando
compramos as passagens eu soube que faria uma conexão no Aeroporto
Internacional do Rio de Janeiro, o Aeroporto do Galeão (GIG), onde passaria
umas boas cinco horas aguardando entrar em uma aeronave e retornar a capital
potiguar.
Com tempo de
sobra decidi conhecer um café que existe no Terminal 1 e segundo um amigo do
Rio era um local que eu iria gostar, pois sua decoração era totalmente voltada
para a aviação e a II Guerra Mundial.
O tal point se
chama Air Café Palheta e realmente o amigo carioca estava certo, o local é
muito interessante para quem gosta da história da aviação e da II Guerra.
Não é um muito
grande, mas está em um ponto do Galeão onde é possível ter uma boa visualização
de uma das pistas e no teto do café temos interessantes modelos de aviões em
escala de clássicos da aviação.
Apesar de
estar com fome (nem tinha almoçado), confesso que a comida se tornou um ponto
secundário diante da decoração do local.
Ali vi um
Douglas C-47 da USAAF, o burro de carga do transporte aéreo dos Aliados na II
Guerra, um Beechcraft 18 na versão utilizada pela Força Aérea Brasileira no CAN
– Correio Aéreo Nacional e denominado UC-18. Finalmente contemplei um
North-American T-6D da FAB, com as antigas cores do Esquadrão de Demonstrações
Aéreas, a conhecida Esquadrilha da Fumaça.
Um modelo em
escala de um North-American T-6D nas antigas cores da Esquadrilha da Fumaça.
Um
modelo em escala de um North-American T-6D nas antigas cores da Esquadrilha da
Fumaça.
Esta última
aeronave e sua pintura tradicional me trouxeram maravilhosas lembranças de uma
apresentação da Esquadrilha da Fumaça, em Natal, em plena Praia do Meio. Nem
sei o ano exato, foi lá pela primeira metade da década de 1970, mas nunca me
esqueci do ronco dos motores radiais e das evoluções dos hábeis pilotos da
Fumaça.
Um diorama mostrando um P-47 do 1o Grupo de Aviação de Caça da FAB na Itália
Todas as
aeronaves apresentadas no Air Café Palheta foram habitues dos céus potiguares.
Mas além destas maquetes haviam três interessantes dioramas com cenas típicas
de aeronaves no solo em diferentes cenários da II Guerra. Em tempo, diorama é
uma representação de uma cena ou cenário em maquete, tendo por finalidade
despertar a imaginação do público, fazendo-o visualizar, reviver ou vivenciar
uma experiência única e diferenciada ao apreciar a obra.
Vi ainda
quadros com imagens de aviões clássicos. Também estava lá uma parede toda
recoberta com antigos materiais de propaganda da II Guerra e do período
histórico da aviação. Dois expositores continham vários livros
superinteressantes, peças originais de painéis de aviões, manequins com
capacetes e equipamentos originais utilizados pelos pilotos. Enfim, um local muito
interessante para quem gosta destes temas.
Finalmente
chegou a hora de ir para a sala de embarque e deixei o Air Café Palheta, mas
levando várias lembrancinhas ofertadas pelos atenciosos profissionais que lá
trabalham. Um deles viu a minha camisa com imagens referentes a Parnamirim
Field e deduziu acertadamente que eu gostava do material exposto.
A bordo do
Boeing 737-800, percorrendo o litoral brasileiro em uma noite sem lua fiquei
pensando porque Natal, a cidade mais ativa na época dos antigos “Raids” e a
comunidade mais engajada na II Guerra em toda a América do Sul, não possuía
algo como aquele café do Aeroporto do Galeão.
Confesso que
ando meio desatualizado da noite natalense, mas não me recordo de algo similar
na nossa cidade (se estiver errado corrijo o texto na hora).
Mas algo como
este café só poderia acontecer com a abertura do Museu da Rampa?
E enfim, o
novo governo Robinson vai tocar mesmo o final da obra deste museu tão
importante para Natal?
Não sou
empresário de bares ou similares, mas creio que um local baseado na decoração
do Air Café Palheta não seria tão difícil e nem sequer precisaria esperar o
Museu da Rampa ser aberto. De material fotográfico o nosso próprio blog TOK DE
HISTÓRIA possui várias imagens deste período e está a disposição. Modelos de
aviões em escala e dioramas poderiam ser criados por exímios plastimodelistas
que habitam em Natal.
Mesmo sem ter
o conhecimento deste ramo de atividade comercial vi uma situação muito
interessante neste café temático no Galeão – Havia uma mesa com cerca de dez a
doze pessoas que portavam camisas com desenhos de aviões clássicos e modernos.
Batiam um papo bem animado, acompanhados de um bom chope gelado e muito tira
gosto. Logo descobri que eles eram um grupo de praticantes de Plane
Spotting, ou seja, um grupo de pessoas munidos de câmeras fotográficas que vem
aos grandes aeroportos para fotografar ou registrar a matrícula de uma ou mais
aeronaves.
Este hobby surgiu
na II Guerra quando alguns países que sofriam ataques de bombardeiros alemães
incentivaram seus cidadãos a observação de aeronaves inimigas para lançarem um
alerta no caso de aproximação dos bombardeiros. Hoje este hobby é
praticado em quase todo o mundo e existem sites onde os spotters compartilham
suas fotos e organizam encontros e eventos em aeroportos. Na Europa é
comum ver aeroportos oferecerem áreas dedicadas a observação de aeronaves, caso
o aeroporto não tenha uma, os spotters procuram locais ao redor do
aeroporto onde se tenha uma visão razoável do movimento das aeronaves.
Um dos
expositores existentes no local com vários itens sobre aviação.
Evidentemente
que aqueles spotters estavam no Air Café Palheta depois de um sábado
de observação, debaixo do causticante sol carioca. O local servia para o
encontro, o congraçamento daquele pessoal, o papo sobre as aeronaves e um bom
chopinho.
A camisa
mostrou o entusiasta pela aviação.
Coisa de
maluco?
Pode ser na
opinião de muitos, mas não na minha que sou um entusiasta da história da
aviação e da participação da minha terra na II Guerra.
O C-47
Para finalizar
não posso deixar de comentar que sobre vários aspectos o café temático carioca
me fez recordar com enorme saudade o extinto bar Blackout, na velha Ribeira.
Evidentemente me veio a mente a pessoa maravilhosa de Paulo Ubarana , que
atendia a todos com tanta atenção e que tão tragicamente nós deixou.
Em tempo –
Não estou recebendo nada para comentar e mostrar fotos do Air Café Palheta. Ele
apenas serviu de inspiração.
Fotos –
Algumas foram feitas por mim, por amigos e outras pesquei do site ttps://pt.foursquare.com/v/air-café-palheta/4b6a03ecf964a520e9c12be3
*Rostand Medeiros é historiógrafo, pesquisador do cangaço, sócio da SBEC - Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço, apaixonado pelo tema aviação e administrador do blog:
http://tokdehistoria.com.br/2015/01/20/natal-bem-que-ja-merecia-um-local-tematico-sobre-a-aviacao-e-a-ii-guerra/
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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