Por Isabel
Cristina Mauad
"AMIGOS,
o intuito desta postagem, é saber quem de vocês assistiu, tomou conhecimento ou
tem informações a respeito da peça teatral “LAMPIÃO”, do diretor cearense,
Aderbal Freire Filho, trazida a lume nas páginas do jornal “O Globo”, edição de
07/04/1991.
Antonio Correia Sobrinho"
Personagem
controvertido, misto de justiceiro e assassino, bendito e maldito, Virgulino
Ferreira, ou Lampião, pisará em breve com mais força nos palcos do teatro
brasileiro. Concedido por um diretor teatral também nordestino, o cearense
Aderbal Freire Filho – mais conhecido como Aderbal Júnior – o pernambucano
Lampião, que em junho estreará no espaço BNDES não esconderá nenhuma de suas
faces. Da romântica à fantástica, todas serão reveladas por Aderbal que
pretende tudo com Virgulino. Menos julgá-lo.
- A compreensão de Lampião no exterior é bem maior. Aqui, quem dele se aproxima logo escolhe um ponto de vista: a favor ou contra. Quero fugir disto e vê-lo com isenção. Aí está a particularidade de meu projeto: levá-lo ao teatro com o maior número possível de informações; não só sobre ele, como também em relação ao Brasil de hoje – ambiciona Aderbal, diretor responsável pelo Teatro Gláucio Gill, em Copacabana, onde fundou o Centro de Demolição e Construção do Espetáculo, um grupo voltado para “o laboratório do teatro contemporâneo”, como ele define.
Quais as relações, por exemplo, entre o banditismo sertanejo e o banditismo urbano atual? A penetração de Lampião em suas comunidades sertanejas iluminaria a relação do cangaço da cidade com as suas comunidades? Mergulhado em dezenas de livros, ao mesmo tempo em que começa os ensaios de “Lampião” – que ficará três dias no BNDES e seguirá temporada pelo País, começando no Gláucio Gill – com o grupo que encena a festejada peça “Mulher carioca aos 22 anos”, Aderbal ainda se encontra “no arcabouço do texto”, como ele diz.
Figura por vezes confundida com a do diabo – os sinos das igrejas tocavam quando ele e seu bando entravam para pilhar uma cidade – Lampião, porém, não nasceu cangaceiro. Integrante de uma pacata família, Virgulino Ferreira, aos 23 anos de idade, entra para o bando de Sinhô Pereira em 1920 e, em 1922, assume seu comando sendo chamado, além de Lampião, de Capitão Virgulino. Aderbal impressiona-se com a frase de Sinhô Pereira: “Na pontaria e na coragem ele é igual a mim. Mas em cangaceirismo e na arte de guerrear, não tem igual”.
São 30 atores trabalhando em “Lampião”. À medida que os ensaios avançarem, no entanto, Aderbal selecionará os definitivos. E ele ainda nem sabe quem será o personagem-título; nem Maria Bonita, o seu lado romântico. Pode ser um ou todos os atores, em diferentes momentos. No caso de Lampião, arrisca Aderbal, talvez se delineie entre os atores Cândido Damm, Marcelo Scorel e Gillray Coutinho.
Nascido em 1940, dois anos após o massacre que decepou as cabeças dos cangaceiros, Aderbal lembra da infância marcada pelas histórias da mitológica figura que agora ele leva para o teatro. O diretor tinha vários outros projetos para encenar depois de “Mulher carioca”, mas optou por este depois de passar o mês de janeiro no Ceará montando o espetáculo de estreia do Teatro José de Alencar. Enquanto fazia outras pesquisas, voltou à sua memória o cangaceiro Lampião – personagem tão rico e tão pouco visto nas artes cênicas. Uma, em montagem de Rachel de Queiroz, em 1953, no Ceará, com nome de “Lampião”. Outra, nos anos 70, realizada por Luiz Mendonça, “Lampião no inferno”. Na TV, Virgulino virou minissérie de sucesso na Globo e, no cinema, ganhou uma Palma de Ouro, em Cannes, com o “O Cangaceiro”, de Lima Barreto, nos anos 50.
Fonte: facebook
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