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sábado, 2 de maio de 2015

O BATALHÃO PATRIÓTICO


O BATALHÃO PATRIÓTICO do doutor Floro teve sede em Campos Salles, uma cidade próxima. Sua missão, em princípio, era defensiva. Trincheiras foram cavadas pelos soldados legalista do caudilho baiano, na expectativa de um ataque da coluna Prestes.

Chegando a Campos Salles, o rábula José Ferreira, portador da carta de Floro, encontrou o irmão de Virgulino, José Ferreira, a quem fez entrega da missiva, receoso, talvez, de aventurar-se pelas brenhas do alto sertão pernambucano. João estava morando em Campos Salles. Passou, pois, a incumbência a outro portador que, sem perda de tempo, partiu em busca de Lampião. Esse portador era Francisco das Chagas, “tenente comandante da Terceira Companhia do Batalhão Patriótico”, aquele mesmo Chagas que retornou dessa tarefa ao Cariri, na frente do bando, tangido como “isca” por Virgulino.

Não se sabe, até hoje, em que ponto do sertão o “tenente” Chagas encontrou Virgulino. Tudo indica que ele rondava nas proximidades do Cariri, do lado pernambucano. Porque pouco depois do chamado do doutor Floro, às três horas da tarde do dia 3 de março, o bando irrompia em Macapá, hoje Jati, porta de estrada do sertão pernambucano para o Sul cearense. Ali se achava aquartelada uma volante da polícia do Ceará, sob o comando do tenente Veríssimo, recém-chegada de Jardim.

Lampião dormiu e permaneceu algumas horas nessa povoação. Em perfeita harmonia com o destacamento policial e o povo da terra. Comprou grande quantidade de cigarros, fósforos, perfume, bolachas e vinho na bodega de Moisés Bento, cujos estoques foram esgotados e pagos. Tomou algumas garrafas de cerveja e vinho com o tenente Veríssimo, O SARGENTO Antonio Gouveia e outros homens da volante policial, na casa de uma velha, dona Generosa. Requisitou todas as galinhas dos quintais da rua para alimento do bando. Mandou o sanfoneiro do grupo tocar a Mulher Rendeira para divertir a população. De manhã, partiu para Barbalha, entregando antes ao tenente Veríssimo um revólver “Smith and Wess”, lembrança que deixara ao capitão de polícia do Ceará, José Honorato dos Santos. Carneiro, que se achava ausente.

Na Barbalha, Virgulino conheceu, num encontro de rua, o médico Leão Sampaio, a quem fez presente de um rifle, homenagem sua ao dedicado oculista dos sertanejos. Hospedou-se no Hotel do Heliodoro, onde recebeu a visita de gente destacada da terra, entre outros do advogado Duarte Júnior e do fiscal de rendas federais José Soares Gouveia, conhecido por Tio Juca, com os quais palestrou longamente.

Duarte Júnior perguntou-lhe, nessa oportunidade, qual o cangaceiro mais valente que conhecera:

- Sinhô Pereira – respondeu Virgulino, narrando-lhe, então, o combate das Pitombeiras.

No mesmo dia, ladeado por Antonio Ferreira e Sabino Gomes, o Capitão dava entrada na rua do Juazeiro, onde permaneceu três dias, de quinta a domingo.

Ele gostava de dizer:

- Depois do meu padrinho Cícero, neste mundo, só mesmo Lampião!

Fonte: Capitão Virgulino Ferreira LAMPIÃO.
1ª. Edição 1962
2ª. Edição 1968
3ª Edição 1970
Edições o Cruzeiro Rio de Janeiro 1970

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