A família de Dom Pedro II, Imperador do Brasil – da esquerda
para à direita: Conde d’Eu (marido de Isabella), Dom Pedro II, Teresa (sua
esposa) e Isabella (sua filha).
Continuando a jornada, o vapor Pirajá atraca na povoação de Piranhas, onde Pedro II destaca a aparência pobre do lugarejo: “O aspecto do lugar é tristíssimo e o calor é horrível.” Dali em diante, o trajeto seria feito a cavalo, sob o comando do guia, major Manuel Calaça, proprietário de grande fazenda naquela região, que passava informações curiosas sobre a fauna e a flora do sertão, falando muito, por exemplo, sobre o xiquexique, o mandacaru e a quixabeira. O monarca ficou impressionado com a vegetação da caatinga, bem como destacou os trajes, os costumes e o desembaraço dos nativos sertanejos.
Prestes a comemorar seus 34 anos, Pedro II enfrentou muitas dificuldades durante o trajeto à cachoeira – devido à extensa distância, ao calor insuportável e à escassez de água. Por outro lado, mostrou-se afável, apesar do visível incômodo com o intenso clima do sertão. O jovem monarca traçou, no diário, relevantes esboços dos lugares por onde passava e de seus acidentes geográficos.
DESLUMBRANTE...
Ao amanhecer do dia 20 de outubro de 1859, o imperador chegou à famosa cachoeira de Paulo Afonso. Pôs-se logo a apear e a percorrer vários pontos da cachoeira, examinando tudo o que observava na natureza que, ainda não sabia ele, futuramente seria sacrificada pelos interesses do progresso nacional.
Ao começar a descida pelos rochedos, ele se deparou com a magnífica vista. Não
hesitou diante do risco das quedas e escalou trechos perigosos na ida à furna
dos morcegos, inclusive “dando, contudo, três quedas nesta última exploração” –
devido a essa incidência, escreveu no diário. Em suas anotações, em um misto de
admiração, de espanto e de alegria, registrou: “Tentar descrever a cachoeira em
poucas páginas, e cabalmente, seria impossível, e sinto que o tempo só me
permitisse tirar esboços muito imperfeitos.” O correspondente do Jornal do
Commércio evidenciou o contentamento do monarca diante daquele cenário: “Havia
alguma coisa de solene na contemplação silenciosa do Imperador: a fadiga da
viagem desaparecia de sua fisionomia.” Passou a noite em um barracão erguido
pelo coronel Pedro Vieira, que não poupou esforços a fim de que nada faltasse à
comitiva imperial.
O barão de Jequiá, o barão de Atalaia, o doutor Titara, o doutor Oiticica, o
major Calaça, o tenente Joaquim Siqueira Torres (futuro barão de Água Branca) e
o 2º tenente Augusto Mendonça foram alguns dos que acompanharam a visita
imperial à cachoeira, além de muita gente que lá aguardava – vinda dos diversos
lugares da região. Em face da educação rígida a que fora submetido, d. Pedro II
se revelou nas visitas uma pessoa com inteligência orgulhosa, mas totalmente
despojado da mesquinhez aristocrática.
- Davi Roberto Bandeira da Silva é organizador da coletânea 150 anos da visita imperial: D. Pedro II e a Cachoeira de Paulo Afonso.
Fonte: facebook
Página: Coronel
Delmiro Gouveia
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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