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sábado, 6 de junho de 2015

UM POUCO SOBRE MIM E SOBRE WILSON RIBEIRO DE SOUZA FILHO DOS CANGACEIROS SILA E ZÉ SERENO

Por Susi Ribeiro Campos
Susi Ribeiro nora dos cangaceiros Sila e Zé Sereno

Boa Noite, amigo José Mendes:

Faço aqui um pequeno rascunho de minha vida com meu falecido esposo Wilson, e meus sogros Sila e Zé Sereno. Peço que perdoe meus erros, os corrija por favor, e possa usar o necessário para o Blog!

Muito Obrigada!
Susi Ribeiro Campos

Nasci em São Paulo no dia 30/08/1968, e comecei a me interessar pelo tema Cangaço ainda criança, após um trabalho de Geografia na escola que me levou a me inteirar do assunto. Diante de tanto interesse, meus pais tiveram que me levar a conhecer a família “Ferreira”, que em 1978, ainda não era tão conhecida. Eu vibrava de felicidade. Tinha dez anos de idade, e iria conhecer a família de Lampião. 


Ficamos hospedados na casa de Dona Expedita Ferreira Nunes e Sr. Manoel. Fomos muito bem recebidos, e fiz uma grande amizade com Vera, e principalmente sua irmã Iza, que na época era ainda solteira e brincava comigo.

Como eu era muito "perguntadora" e na época Dona Expedita (Dona Rosa) para os amigos, ainda era uma senhora traumatizada com tudo que havia passado, deu a sugestão à minha mãe, de quem ficou muito amiga, que me levasse conhecer os verdadeiros ex-cangaceiros de Lampião, que moravam em São Paulo.

Tudo começou aí. Fomos.

O cangaceiro Zé Sereno já morando em São Paulo

Seu Zé Sereno já de meia idade, identificou-se muito comigo. Ele trabalhava como vigia numa escola pública em São Paulo, e adorava crianças.

Além de me responder sobre a História, brincava muito comigo, mostrava seus pertences de cangaceiro, como o chapéu e o punhal. Fez muita amizade com meu pai, enfim, eu estava "em casa". Sila também me contava tudo que sabia, sempre muito alegre, nossas conversas eram longas.

A cangaceira Sila

Foi quando avistei Wilson (filho do casal de ex-cangaceiros), ele já tinha 31 anos de idade. No dia achei-o lindo, mas muito triste. Foi me mostrar alguns pertences do Cangaço para meu pai. Tinha bebido bastante, quase não me viu, eu era pequena..., sentou-se na escada da casa, olhou-me e disse: “- Que bonitinha”!

Wilson Ribeiro e Suzi Ribeiro Campos filho e nora dos cangaceiros Sila e Zé Sereno

Apaixonei-me por ele, com a consciência de que ainda teria muito para crescer. Ao voltar para casa, registrei no meu diário que quando eu crescesse iria me casar com ele. Passaram-se muitos anos, mas eu nunca o esqueci. Não queria namorar com ninguém. Durante esse tempo, Wilson casou-se com uma professora, mas durou pouco tempo, divorciaram-se e não tiveram filhos.

Em 1993, eu com ainda 24 anos, tive um sonho em que Sila acendia a Luz de fora de sua casa e me chamava. No dia seguinte pedi ao meu pai, pois ainda não dirigia em estrada, que me levasse visitar Sila, Seu Zé Sereno tinha falecido, foi duro saber, derrame cerebral, em 1981. Foi nessa visita, nas minhas férias de julho de 1993 que reencontrei Wilson. Ele tinha acabado de retornar da Bahia, onde com amigos, viajavam de carro, afim de participar das Festas Juninas do Nordeste.

Susi Ribeiro

Quando eu cheguei, a convite de Sila, ele ainda estava viajando, e como eu estava passando uns dias com ela, estava ocupando o quarto dele que estava vazio. Quando ele voltou, de madrugada, rindo e muito feliz, deu de cara comigo. Acendemos as luzes e ficamos conversando no quarto de Sila, até que ele se lembrou da menininha.

Meus sentimentos por ele se avivaram e eu procurei uma desculpa para voltar para Rio Claro, antes que começasse com ilusões infantis..., nem sabia que ele estava solteiro, um senhor de 45 anos de idade. Mas por surpresa, ele não deixou, e me convidou para conhecer o Instituto Oceanográfico da USP, onde trabalhava como fotógrafo. Era lindo, haviam parques, lanchonetes, e acabamos passando o dia todo juntos.

..., ... e Susi Ribeiro Campos

Foi exatamente neste dia 08 de julho de 1993, que começamos a namorar, a partir daí ele pediu a meu pai se eu poderia ir morar com ele até o casamento. Foi tudo muito rápido. Meu pai conhecendo meus sentimentos verdadeiros por ele, consentiu, e no final de 1993, quando concluí meus estudos em Rio Claro, já estava morando com ele, na casa de fundos do quintal de Sila.

Minha sogra Sila viajava muito ao Nordeste para entrevistas e lançamentos de livros, e ficávamos praticamente só nós dois! Foram anos maravilhosos, até que meu pai veio a falecer em novembro de 1995, também vítima de derrame cerebral, e minha mãe começou a apresentar sintomas de Mal de Alzheimer! Em 02 de dezembro de 1995 nos casamos no civil em São Paulo.

Suzi e Wilson no dia do casamento

Wilson então, que gostava muito de meus pais, começou a pedir sua transferência da USP de São Paulo para Piracicaba, cidade próxima de Rio Claro, pois minha mãe estava doente, e eu como filha única, não poderia abandoná-la, e ela não aceitava voltar a morar em São Paulo.

Tive que, por meses, deixar meu lar em São Paulo para cuidar de minha mãe. Foi durante essa época que Wilson teve o primeiro derrame cerebral, em 1996, e graças a Deus foi socorrido por vizinhos a tempo, e levado para o Hospital da USP, não teve sequelas. Parou com a cerveja e o cigarro imediatamente, Graças a Deus!

Susi e Wilson

Conseguiu sua transferência em setembro de 1996 para ESALQ - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, onde passou a trabalhar como fotógrafo e cinegrafista dos eventos da Faculdade, fazia parte do Departamento de Assessoria de Comunicação. Sempre me levava junto e minha mãe quando ela aceitava ir. Todos em seu trabalho sempre admiravam o amor e abnegação do Wilson para com a saúde de minha mãezinha. Infelizmente após muito sofrimento, ela foi internada e veio a falecer.

Wilson era tudo para mim. Estávamos sempre unidos e felizes. Tentamos muitas vezes ter filhos, várias e caríssimas tentativas de Fertilização in Vitro (Bebê de Proveta), tive três abortos espontâneos e uma Gravidez que seguiu seu curso normal até o parto. Nosso único filho nasceu e morreu em segundos, está enterrado no Jazigo da minha Família.

Casamento da Susi e Wilson

Esquecemos o assunto, nos afastamos de Gilaene pois ela insistia em me culpar por Wilson não ter tido filhos. Nesse caso, o médico havia constatado problemas em nós dois, mas como Gilaene preferia não entender, preferimos nos afastar.

Após o falecimento de nosso único filho, seis meses após em, 12/02/2003 quando estávamos cheios de planos de uma vida nova, incluindo a adoção de uma menina, Wilson faleceu.

Wilson Ribeiro de Souza nasceu no Bairro Penha de França em São Paulo no dia 04 de junho de 1947 e faleceu aos 55 anos de idade. Neste dia trabalhou normalmente, estava bem, me lembro que até saímos à noite, mas na volta, caiu em cima de mim, em nossa casa (que foi de meus pais) e não teve tempo de falar nada!

Casamento da Susi e Wilson

Estávamos eu e ele somente na casa, além de nossos muitos cachorros e gatos. Senti que lutei com a morte, pedi para que ele respirasse, mas seus olhos sem vida me fixaram e ele caiu sobre mim!

Não sei como, juntei forças, em pânico, joguei o corpo que pesava sobre mim para o outro lado da cama e me vestindo saí correndo, desci as escadas e comecei a telefonar para bombeiro, ambulância, polícia não queria acreditar que Wilson tinha morrido.

Susi, Wilson e...

Liguei para um número de um professor de academia amigo nosso, quase vizinho, ele veio, trouxe a família inteira! Fui levada ao pronto socorro também, estava em estado de choque! Família? Eu não tinha mais parentes, apenas muito distantes e idosos! Levaram-me para o velório, eu não via, não ouvia, não falava, não comia, nem bebia nada.

A família do Professor de Academia que eu não conhecia chamou os parentes do Wilson, a Gila veio, ficou até o enterro acabar e levou tudo que era do Wilson, objetos e livros do Cangaço.

... e Wilson

Sila já estava em cadeira de rodas e logo a internaram numa casa de repouso.

Eu tive que ser internada ou iria morrer de inanição, enquanto isso amigo, a família Evangélica "limpou a minha casa inteira" roubaram tudo que puderam, fiquei sem nada.
Susi e Wilson

Quando saí do Hospital não acreditei, tinha que recomeçar, fui à polícia, mas o delegado exigia nota fiscal dos móveis... de família? Antigos, dos meus avós! Então que eu apresentasse uma testemunha... Quem???

Eu não tinha mais ninguém, mas Deus viu o que aconteceu, invadiram minha casa, morei por um ano no meio do mato, numa chácara que Wilson tinha comprado, e íamos reformar, não tinha nem porta.

Susi e Wilson

Olha amigo, desculpe pela extensão do relato, acredito ser mais um desabafo mesmo. Se quiser saber alguma coisa específica por favor me pergunte. Se eu souber, responderei.

Wilson foi minha vida.

Após cinco anos sozinha tornei a me casar, com Ivan, um policial aposentado e que considero como um grande companheiro/amigo/pai? Tutor, sei lá... Deus sabe todas as coisas.

Agradeço pela oportunidade e peço desculpas por ter escrito tanta coisa.

Se quiser enviar alguma pergunta específica sobre Sila, Wilson ou Zé Sereno, (conheci por pouco tempo) por favor pergunte.

Muito obrigada pela oportunidade!
No e-mail seguinte enviarei algumas fotos
Deus abençoe muito!

Abraços!
Susi Ribeiro Campos

Enviado por Susi Ribeiro Campos nora dos cangaceiros Zé Sereno e Sila

http://blogdomendesemendes.blogspot.com

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