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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

CANGAÇO - Cangaceirismo LAMPIÃO E OUTROS CANGACEIROS EM MANAÍRA - TIRO NO PÉ - PARTE V


31 de julho a 3 de agosto de 1924

Existe um detalhe curioso na literatura do cangaço, em que autores narram esses dias com duas versões distintas. Vários deles escreveram que, fugindo do cerco da polícia, Lampião desceu pelo Boqueirão e seguiu em direção ao Pelo Sinal. Após os tiroteios no Boqueirão e Impueira, o mais famoso de todos é conhecido como o Fogo de Areias de Pelo Sinal. Esse confronto deu-se na casa de Manoel Cazuza. O último cidadão vivo, que esteve naquele momento, é um afilhado de Cícero Cazuza (irmão de Manaoel), de nome Cícero Nunes de Amorim (Nego). Ele afirma: “eu tava lá, mas tava na barriga de mãe. Mãe tava grávida, eu não vi, mas ela e pai e meu padrinho (Manoel) me contaram muitas vezes, desde que eu era menino. Eu sei de tudo”.

Quando lhe perguntei como tinha sido o combate e como era Lampião, ele disse com toda segurança: “Lampião num tava não, quem tava era Livino, o irmão dele”. Por mais que eu insistisse, ele e seus familiares garantiram que era somente Livino e os cangaceiros, sem Lampião. Manoel Cazuza conhecia muito bem os irmãos Ferreira e podia assegurar quem realmente esteve em sua casa. “Quem também entrô no cangaço foi Belo Cazuza (Benedito), filho de meu padim Mané Cazuza.”

Em seu livro, O Canto do Acauã, de Marilourdes Ferraz, pág. 230, encontra-se o seguinte: “A casa estava ocupada por Livino Ferreira, que ofereceu pesada resistência.” Também outros escritores descrevem como sendo Livino o comandante dos bandoleiros naqueles momentos. Luís Pedro não é citado como um dos cangaceiros presentes ao ataque. Isso ratifica a tese de que Lampião não estava nesse combate. Mas onde ele estaria, se estava no Pau Ferrado e, de lá, os cangaceiros seguiram em direção ao Pelo Sinal, sem ele?

Lampião ainda não estava curado do ferimento do pé e andava mancando. Não daria para enfrentar uma fuga desenfreada com várias volantes em sua perseguição. Estrategista experiente que era, teria disfarçado seu distanciamento do bando, espalhando cangaceiros em várias direções. Essa tática, já utilizada em outras situações, funcionou perfeitamente. Tiroteios na região de Cachoeira de Minas, no Pau Ferrado, no Boqueirão, na Impueira...

Hipótese levantada pelo autor: Lampião estaria se dirigindo para Triunfo (PE), em companhia do cangaceiro Luís Pedro Cordeiro, que era triunfense e parente do Dr. José Cordeiro. Esse médico, juntamente com o Dr. Severiano Diniz, estava cuidando do ferimento da perna de Lampião, no Saco dos Caçulas, em Patos. Lampião subiu o Pau Ferrado, separou-se dos companheiros que se dirigiram à Alagoa Nova e foi à Triunfo, continuar o tratamento, pois não podia mais fazê-lo na Paraíba.
Em Triunfo foi produzido um pequeno filme intitulado “Tiro no Pé” (disponível no YouTube), que conta a saga de uma semana na qual Lampião ficou oculto em Triunfo, cuidando da saúde do pé, com o Dr. Cordeiro e Luís Pedro. Sabendo desse ocorrido, fomos a Triunfo e procuramos nos inteirar das fontes para a história da filmagem. Nossa surpresa foi grande quando soubemos que aquele período coincidia com a saída de Lampião da região do Pau Ferrado.

No Engenho Triunpho, encontramos com o Dr. Haroldo Paiva Rodrigues, que nos contou muitos fatos de sua vida, mostrou reportagens e fotos em que se apresenta como Gandhi, por conta de sua semelhança física com o líder Indiano Maratma Gandhi. 

Liraucio Rodrigues da Silva

Exibiu também as fotos de seus pais, Liraucio Rodrigues da Silva e Adauta Paiva Rodrigues, dos quais nos permitiu copiar as fotografias.

Adauta Paiva Rodrigues

Conseguiu-nos cópia do filme “Tiro no Pé”, mas ressaltou os fatos reais - diferentes daqueles apresentados no filme -, ocorridos naqueles dias em que seus pais acolheram em casa, por oito dias, Lampião e Luís Pedro. O Dr. Cordeiro ia sempre à noite, para não chamar a atenção da população ou de qualquer curioso. Fazia os curativos e aplicava os medicamentos.

Após o período de repouso e convalescença, o hóspede partiu sem que ninguém se apercebesse de sua permanência ali. Lampião deixou como recordação um livro de História do Brasil e um estojo de barbear, que Dr. Haroldo guarda com bastante carinho.


Reencontrando-se com os demais bandoleiros, Lampião busca uma região mais calma para se reorganizar e recompor armamentos e munições que estavam bastante reduzidos.

CONTINUA...

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