Por Clerisvaldo B.
Chagas, 16 de junho de 2016. - Crônica Nº
1.533
Nem todos os
fumantes amassavam a carteira para jogá-la fora. A forma do descarte dependia
das manias do viciado. Muitas carteiras eram arremessadas ao chão, praticamente
intactas. Mesmo assim, de uma maneira ou de outra, aproveitávamos aquilo que
chamávamos de nota. Nota referente a dinheiro, claro. Só não gostávamos quando
o papel de cigarro era encontrado rasgado, coisa que o desvalorizava. Nós, os
meninos, saíamos apanhando as carteiras descartadas na rua. Tirávamos o papel
celofane e o jogávamos no lixo. O papel interno, de alumínio, e o papel normal
da propaganda eram desamassados com muito esmero. Após o debrum,
acrescentávamos a nota ao nosso maço de outras notas que carregávamos nos
bolsos.
Essa nova moda
de brinquedo, não nos afastava da ximbra, da bola ou do pinhão. Cada nota de
cigarro anexada ao montante tinha o seu valor. Tudo iria depender da beleza e
da raridade para se determinar a sua valia. Caso fosse hoje, cada uma delas
seria apontada como um real, cinco, dez, cinquenta ou cem. Então, nós saíamos
fazendo o jogo da troca. Logicamente, quem possuía nota de maior valor em
grande quantidade, era rico. Da mesma maneira que fazíamos com as figurinhas de
jogadores que vieram depois, fazíamos com as cédulas de cigarros.
Estamo-nos
lembrando das marcas mais comuns em nosso meio sertanejo: Continental e
Astória. Depois, os mais raros: Urca, Iolanda e Fio de Ouro. O papel interno,
de alumínio, era o menos valorizado e servia quase somente de troco.
Essa foi mais
uma forma de brinquedo da nossa época. Lembrando esse passado a um amigo
contemporâneo, indaguei, displicentemente: “E hoje, com tanto assalto por aí,
será que esse joguinho faria sucesso com a meninada?”.
Ele me respondeu
na hora: “Talvez sim, porém, muito distante do Congresso Nacional”.
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