Por Analucia Gomes
Fora o cangaço, dois outros elementos que surgiram nos sertões nordestinos
constituíram o fanatismo religioso e o messianismo, a exemplo de Canudos (na Bahia)
com Antonio Conselheiro; de Caldeirão (na chapada do Araripe, município do
Crato, no Ceará) com o Beato Lourenço; e dos seus remanescentes em Pau de
Colher, na Bahia.
O cangaço, o fanatismo religioso e o messianismo são
episódios marcantes da guerra civil nordestina: representaram alternativas através
das quais a população regional pode retaliar os danos sofridos, garantir um
lugar no céu, alimentar o seu espírito de aventura e/ou conseguir um dinheiro
fácil. Nesse contexto, surge a figura do Padre Cícero Romão Batista, apelidado
pelos fanáticos de Santo de Juazeiro, que nele viam o poder de realizar
milagres e, sobretudo, uma figura divina.
Endeusado nas zonas rurais
nordestinas, o Padre Cícero conciliava interesses antagônicos e abrandava os
conflitos entre as classes sociais. Em meio a crendices e superstições, os
milagres muitas vezes, resumidos a simples conselhos de higiene ou
procedimentos diante da subnutrição, atraiam grandes romarias para Juazeiro,
ainda mais porque os seus conselhos eram gratuitos.
O Santo de Juazeiro,
contudo, a despeito de ser um bom conciliador e uma figura querida entre os
cangaceiros, utilizava a sua influência religiosa para agir em favor dos
"coronéis", desculpando-os pelas violências e injustiças cometidas (João
Cândido da Silva Neto).
https://www.facebook.com/photo.php?fbid=10209347900448217&set=gm.1304857926193989&type=3&theater
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
Nenhum comentário:
Postar um comentário