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terça-feira, 6 de setembro de 2016

NÃO SE SUSTENTA A TESE DE SE COLOCAR LAMPIÃO ENTRE HERÓIS PELA PRÓPRIA DEFINIÇÃO.

Por Verluce Ferraz

Não se sustenta a tese de se colocar Lampião entre heróis pela própria definição. Herói: “ - ser humano que executa ações excepcionais com o intuito de solucionar algum problema para trazer bem-estar ou segurança para terceiros”. Não se vislumbra tais ações e qualidades que se possam ser atribuídas a Virgulino, o Lampião, e, ainda acrescento: - logo que Lampião foi morto, nenhum de seus companheiros cangaceiros, seguiu seu modelo, pelo contrário, se debandaram todos. 

Foragidos, esconderam-se em outras cidades e/ou Estados do Brasil, sequer mencionarem o nome de Lampião; todos, indiscriminadamente, ocultaram-se por anos seguidos, adotando outros nomes (nem usavam os nomes de batismo dados pelos pais, tampouco as alcunhas recebidas no bando); outros entregaram-se às polícias, ou morreram nem se sabe de que,.. Nenhum, nenhum mesmo, tinha coragem de falar para os próprios filhos, familiares ou amigos (se é que os tinham), que fizeram parte do grupo de cangaceiros. Muitos morreram na clandestinidade; alguns conseguiram trabalhar até, mas sem identificarem-se com o cangaço. 

Expedita Ferreira Nunes filha de Lampião e Maria Bonita

A própria filha de Lampião, a Expedita, em entrevista concedida a uma rede de TV (e eu assisti), afirmou que tinha medo e vergonha de ser filha de cangaceiros. Disse que não só tinha medo dos pais, como também vergonha deles – que só os viu por umas três vezes, no máximo -, e que só aceitou falar sobre cangaço muito tempo depois – e depois de ter sabido de uma pesquisadora que seria proveitoso para ela, explorar o nome dos pais ... 


Quanto aos homens que andavam no bando - naturalmente é sabido de todos que, Lampião já contava com seus 34 anos de idade quando permitiu a uma mulher entrar para o seu bando - pelo que se sabe a única mulher chamava-se Maria de Déia, - fala-se que ele, Lampião, teria sido apaixonado pela prima (amor platônico) e que tal prima quando estava para contrair matrimônio , o cangaceiro quis impedir o casamento “sem sucesso” – esse é um dos insucesso de Lampião na vida amorosa... 

Foto colorida pelo professor e pesquisador do cangaço Rubens Antonio

Houve outros insucessos na vida de Lampião, por exemplo, não conseguiu enfrentar Manoel Neto e nem aproximar-se da cidade de Nazaré do Pico – portanto, Lampião nem sempre foi vencedor, foi vencido também. Quanto aos homens no seu grupo, no meu entendimento, eram verdadeiros “escudos lampiônicos” – serviam vigiar, abrir caminhos (fala-se em rastejador, coisa que foge muito ao raciocínio mais apurado – explico: naqueles terrenos rachados pela estiagem, onde pedras e terra se misturam com as ações dos ventos, fica difícil a compreensão de se fixarem marcas de pés nos terrenos e pedras; entretanto, o que se pode presumir é que os bandos ao passarem, deixavam pistas outras, tais como, galhos de matos quebrados “e queimados”, restos de comidas, sandálias, animais e pessoas mortas... nisso eu acredito... Homens vigilantes que serviam para manusear armas, levar recados, ajudar nos assaltos, cuidar de tarefas, tais como, cozinhar, lavar, pegar água, carregar algumas bagagens (e nem eram tantas, pois mais das vezes, tinham que abandonar tudo, ou quase tudo, em lutas e correrias... As mulheres que entraram para o cangaço, eram quase todas de irmãs, primas, umas das outras. E sequer tinham idade, e nem tiveram tempo de se profissionalizar em quaisquer profissões. Ademais o período foi curtíssimo entre os cangaceiros – não passou de 6 (seis anos) – só durou o tempo mesmo em que Lampião estava vivo, depois acabou cangaço... Nem os próprios filhos essas mulheres criaram. 

Quanto ao meu conceito de herói - já mencionei acima (esse conceito é geral) – Portanto, na minha relação de heróis entram: Malala, Chico Mendes, Zumbi dos Palmares, Duque de Caxias, Madre Teresa de Calcutá, Irmã Dulce, Nelson Mandela, Ana Neri, e outras, que somos capazes de seguir seus feitos, sem medo e constrangimentos. Assim, Lampião, com toda sua periculosidade, não é um herói, mas um “cangaceiro”...

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