Por Rivanildo
Alexandrino
O meu
envolvimento com a obra de Zé Ramalho aconteceu da seguinte maneira:
Em 1989, início da minha juventude, numa noite enluarada, estava com alguns amigos, um deles tocava violão e começou a cantar uma música (canção agalopada) que a princípio, achei muito estranha. Sua letra era de arrepiar, fiquei louco por essa música e perguntei logo de quem era, veio então a resposta:
Em 1989, início da minha juventude, numa noite enluarada, estava com alguns amigos, um deles tocava violão e começou a cantar uma música (canção agalopada) que a princípio, achei muito estranha. Sua letra era de arrepiar, fiquei louco por essa música e perguntei logo de quem era, veio então a resposta:
https://www.youtube.com/watch?v=a4-jdD3i6AI
- De Zé Ramalho.
Como não conhecia, perguntei novamente:
- Mas quem é esse Zé Ramalho?
Eles responderam:
- É aquele que canta a música tal... mas não conhecia nada.
No dia seguinte, ainda com aquela música na cabeça, comecei a procurar discos (pois naquele tempo na minha cidade não existia CDs) do tal Zé Ramalho. Tarefa
difícil, não encontrava em lugar algum, até que uma pessoa me disse:
- Rapaz, acho que "Nêna" tem um LP desse cantor.
Corri até a casa do amigo Nêna, que nessa época tinha um pequeno bar. E para minha satisfação, ele tinha dois discos de Zé Ramalho.
Os discos eram: "Zé Ramalho" de 1978, e "A Peleja do Diabo com o dono do Céu" de 1979.
Cara, quando eu vi a foto do Zé na capa desses discos, achei incrível, o Zé Ramalho parecia um profeta da caatinga. O cara era tão estranho quanto a música que eu tinha escutado na noite anterior.
Levei os LPs pra minha casa e comecei a escutar atentamente, e cada música diferente que começava a tocar, chamava ainda mais minha atenção. Letras longas, palavras esquisitas que nunca tinha escutado, arranjos lindos e a voz do cara era perfeita, voz de trovão.
Daquele dia até hoje não parei, comecei a colecionar tudo que encontrava sobre o Zé. Mas na minha cidade não tinha muita opção, foi quando em 1992 fui morar em São Paulo, lá sim, consegui muito material, discos, matérias de jornais e revistas, pôsteres, compactos, fotos etc.
Descobri o Fã Clube de Brasília presidido pelo amigo Willians, através dele, mandei uma carta pro Zé falando sobre a grande admiração que tinha por ele.
Passaram-se algumas semanas e um dia o porteiro do prédio onde morava me interfonou dizendo:
- Rivanildo, chegou um sedex pra você!
Fiquei admirado, pois não estava esperando nenhuma correspondência. Desci pra receber e grande foi a minha surpresa, pois a encomenda tinha sido mandada pelo próprio Zé Ramalho! Fiquei muito alegre com o que estava vendo, nem estava acreditando que o Zé Ramalho tinha me mandado alguma coisa.
Abri a encomenda e lá estava: CD, fotos, camisetas, pôsteres e todos os seus livros, tudo autografado!!! Quase não acreditei, fiquei muito feliz.
https://www.youtube.com/watch?v=W7ikTcpDYNE
Nessa época, eu tinha um Fã Clube que se chamava Kryptônia (mudei o nome para
Acervo Zé Ramalho da Paraíba), um dia, assistindo um show do Zé no SESC Belenzinho,
fiquei bem próximo a ele, em frente ao palco, e ele me reconheceu, pois já
tinha lhe enviado algumas fotos. Ele ficou tocando e olhando pra mim, fiz sinal
de positivo pra ele e ele riu, quando ele acabou de cantar a música, chamou o
segurança que estava em cima do palco e lhe falou algo ao ouvido apontando pra
mim. O segurança veio em minha direção, pegou no meu braço e disse:
- Cara, sobe aí que o Zé quer falar com você.
Foi outra grande alegria pra mim, era um grande sonho que estava realizando naquela noite, nem acreditava que ia conhecer o Zé pessoalmente. Fiquei esperando atrás do palco com uma ansiedade danada o Zé cantar as últimas músicas do show.
Então lá vem ele, o meu grande ídolo caminhando em minha direção, foi logo estendendo a mão e dizendo:
- E aí cara, tudo bem? e me deu um abraço.
Falei pra ele do meu Fã Clube, ele achou muito bacana e agradeceu bastante pela minha dedicação sobre ele, me disse:
- Cara, logo estarei lançando um CD novo (o CD era "o gosto da criação" de 2002), e não se preocupe que vou lhe mandar um material.
Como de fato, logo depois do lançamento do CD, ele me mandou muita coisa. Nunca esquecerei aquela data.
Depois desse dia, peguei uma certa amizade com o Zé, sempre falava com ele nos camarins, antes ou depois dos shows. O último contato que tive com ele foi em junho de 2014 num show realizado em Mossoró-RN.
Pois é, nação Ramalheana, foi assim que tudo aconteceu... e continuo com a mesma dedicação até hoje, sempre admirando mais esse grande mestre da nossa música!
Forte abraço!
Rivanildo
Alexandrino. Potiguar, nordestino da gema, sertanejo, natural de Frutuoso
Gomes. Admirador incondicional da arte de Zé Ramalho, o grande gênio de Brejo
do Cruz.
Enviado pelo professor, escritor, pesquisador do cangaço e gonzaguiano José Ramalho de Araújo Cardoso.
http://blogdomendesemendes.blogspot.com
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